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Pré-diabetes: atividade física moderada reduz risco de Diabetes tipo 2

pré-diabetes

Fonte: Canva

Atualmente, 762 milhões de adultos entre 20 a 79 anos sofrem com pré-diabetes ao redor do mundo. Até 2045, sugere-se que esse número deva aumentar para 1 bilhão de indivíduos.

O pré-diabetes é um estágio anterior ao diabetes, e é caracterizado por níveis moderadamente elevados de glicose no sangue. Sem intervenção, aproximadamente 70% dos pré-diabéticos progridem para o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). 

Felizmente, o estágio pré-diabético é controlável, e a modificação do estilo de vida, incluindo atividade física, pode retardar essa progressão. Contudo, as evidências sobre os diferentes níveis ou intensidades de atividade física e o risco de DM2 ainda são limitadas. 

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Fonte: Canva

Recentemente, uma nova pesquisa científica buscou preencher essa lacuna. A seguir, confira os detalhes do estudo e seus resultados.

3 níveis de atividade física: baixo, moderado e alto

A pesquisa em questão tratou-se de estudo de coorte prospectivo, incluindo 12.424 participantes com idade média de 52,8 anos com pré-diabetes. 

A atividade física e outras variáveis ​​dos participantes foram coletadas de uma investigação anterior, o Estudo de Kailuan. Os participantes incluídos nas análises atuais foram acompanhados até dezembro de 2018, com tempo médio de acompanhamento de 3,6 anos. 

As informações de atividade física foram coletadas uma vez durante 2006 a 2009, por meio do Questionário Internacional de Atividade Física – Formulário Curto. 

Nesse sentido, os participantes foram questionados sobre quantos dias por semana eles faziam exercícios; que tipo de atividade física eles realizavam; e quanto tempo cada sessão de exercícios durava. Em seguida, foram classificados por múltiplos de equivalente metabólico (MET) em três grupos:

  • MET baixo (< 600 MET-minutos por semana)
  • MET moderado (600 a 3000 MET-minutos por semana) 
  • MET alto (≥ 3000 MET-minutos por semana)

Para avaliação de pré-diabetes e DM2, os valores de glicemia de jejum foram coletados duas vezes, em 2014 e no final do período de acompanhamento. O desfecho primário foi a incidência de DM2. As definições incluíram:

  • Pré-diabetes: glicemia de jejum entre 5,6 e 6,9 ​​mmol/L
  • Diabetes mellitus tipo 2: glicemia de jejum ≥ 7,0 mmol/L; ou um diagnóstico médico autorrelatado; ou uso autorrelatado de medicação antidiabética

O desfecho secundário foi a mudança nos níveis de glicemia de jejum entre a linha de base (2014) e os testes finais (2016 ou 2018) entre participantes de diferentes grupos de atividade física.

Finalmente, modelos de regressão de Cox foram construídos para estimar taxas de risco e intervalos de confiança para associações entre níveis de atividade física e incidência de DM2. 

Exercícios físicos moderados diminuíram o risco de DM2 em 43%

Após a análise dos resultados, os pesquisadores encontraram que, entre os 12.424 participantes, 2.207 (17,8%) desenvolveram DM2. Ao mesmo tempo, 5.638 (45,37%) permaneceram pré-diabéticos, enquanto 4.579 (36,86%) retornaram a um estado normoglicêmico.

Todos os grupos tiveram um nível médio de glicemia de jejum basal semelhante. Já durante o período de acompanhamento, o aumento ou diminuição na glicemia de jejum foram os seguintes:

  • Baixa atividade física: +0,20 mmol/L
  • Atividade física moderada: -0,27 mmol/L
  • Atividade física alta: -0,18 mmol/L

Participantes com níveis moderados e altos de atividade física tiveram um menor risco de desenvolver DM2 em comparação àqueles com baixo nível de atividade física. Os grupos de atividade física moderada e alta tiveram um risco 43% e 24% menor de DM2, respectivamente. Surpreendentemente, o grupo com níveis moderados de atividade exibiu o menor risco de DM2.

Nas análises de sensibilidade excluindo participantes com doenças, tais associações permaneceram significativas. Já na análise estratificada, a relação entre diferentes níveis de atividade física e o risco de DM2 permaneceu consistente em diferentes estratos, incluindo sexo, IMC, tabagismo, álcool, etc. 

No entanto, a associação entre alto nível de atividade física e DM2 foi observada principalmente em participantes sem síndrome metabólica. Além disso, no grupo estratificado por idade, a associação entre nível de atividade física e risco de DM2 foi mais forte em participantes jovens.

Por que a atividade física moderada é a mais indicada para pré-diabéticos?

Como exposto pela pesquisa, o nível ideal de atividade física para prevenir DM2 em pré-diabéticos foi a atividade física moderada, entre 600 a 3000 MET-minutos por semana. Acima disso, os efeitos protetores da atividade física parecem diminuir.

De fato, em uma revisão sistemática recente de 126 estudos, incluindo 8 com foco em pré-diabéticos, o nível ideal de atividade física foi encontrado em 1.100 MET-minutos por semana, alcançando uma redução na HbA1c de -0,38% a -0,24%.

A explicação para esse fenômeno ainda não é totalmente compreendida. Contudo, exercícios aeróbicos e de resistência, como principais formas de atividade física moderada, demonstraram aumentar a sensibilidade à insulina nos músculos esqueléticos e melhorar o transporte de glicose, demonstrando eficácia no controle da glicemia.

Já a atividade física prolongada de alta intensidade pode aumentar a produção de citocinas pró-inflamatórias, levando ao estresse oxidativo muscular elevado, o que pode criar um ciclo vicioso que aumenta ainda mais a inflamação, aumentando também o risco de DM2. 

Por outro lado, atividades moderadas podem ser mais sustentáveis ​​para adesão a longo prazo e menos propensas a causar hipoglicemia ou outras respostas de estresse no corpo.

Embora mais evidências sejam necessárias para o nível ideal de atividade física para melhorar o controle glicêmico em pré-diabéticos, o American College of Sports Medicine frequentemente recomenda um nível moderado de atividade física para indivíduos com doenças crônicas.

O que podemos concluir?

Em resumo, o engajamento em atividade física moderada tem um papel fundamental na mitigação da diabetes entre indivíduos com pré-diabetes. Esses resultados ressaltam a importância de integrar a atividade física nas estratégias de gerenciamento para pré-diabéticos.

Para ler o artigo científico completo, clique aqui.

Referência:

Yang, W., Wu, Y., Chen, Y. et al. Different levels of physical activity and risk of developing type 2 diabetes among adults with prediabetes: a population-based cohort study. Nutr J 23, 107 (2024). https://doi.org/10.1186/s12937-024-01013-4

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