Recomendações AMA sobre uso do IMC na prática clínica

Postado em 23 de agosto de 2023

Apesar das desvantagens, o IMC ainda é útil na prática clínica, mas deve ser usado associado a outras medidas.

Recentemente, a Associação Médica Americana (AMA) trouxe novas recomendações e alterou suas políticas para o uso de IMC na prática clínica. Em novo relatório, os especialistas AMA recordam o histórico do IMC até os dias atuais, bem como suas vantagens e desvantagens. Confira a seguir as principais considerações presentes neste material. 

IMC na prática clínica

Fonte: Shutterstock.com

O que é o IMC é o que significa?

O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida que avalia a relação entre o peso e a altura de uma pessoa, a fim de estimar se o seu peso está dentro de uma faixa considerada saudável. Para isso, é utilizada a fórmula:

IMC =  Peso (kg)
Altura² (m)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define as seguintes categorias para o IMC:

IMC (kg/m²)Categoria
< 18.5Abaixo do peso
18.5 a 24.9Peso normal
25 a 29.9Sobrepeso
30 a 34.9Obesidade grau I
35 a 39.9Obesidade grau II
≥ 40Obesidade grau III (obesidade mórbida)

Quais os benefícios do IMC?

O IMC é uma medida fácil, de baixo custo, prontamente disponível e facilmente compreendida pelos pacientes. Além disso, está fortemente correlacionado com o padrão ouro para medir a gordura corporal, o DXA, em populações gerais.

Em adição, o IMC conta com extensos dados para rastreamento de problemas de saúde devido ao peso, facilitando a triagem nutricional por parte dos profissionais da saúde. 

Quais as desvantagens do IMC?

Apesar dos benefícios, os especialistas AMA reiteram que o IMC não é uma medida perfeita, apresentando uma série de desvantagens que podem atrapalhar seu uso exclusivo na prática clínica. Mas quais são essas desvantagens?

Massa magra vs massa gorda

Diferente de outros métodos, o IMC não diferencia o peso corporal entre massa magra e massa gorda. Assim, duas pessoas podem ter o mesmo IMC, mas com diferentes níveis de gordura corporal. É o caso dos atletas, que costumam ter um alto IMC devido à maior massa muscular, mas com uma baixa porcentagem de gordura corporal.

Localização da gordura

O IMC não captura informações sobre a localização da gordura corporal, variável importante para avaliar as consequências metabólicas e de mortalidade. Neste sentido, sabe-se que o acúmulo de gordura abdominal é um forte indício para o desenvolvimento de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doença coronariana.

Diferenças entre idade e sexo

A partir da puberdade, meninas acumulam gordura nas regiões peripélvica e da coxa, enquanto meninos acumulam massa magra nos ossos e músculos. Em ambos os sexos, essas mudanças geram aumento do IMC. Da mesma forma, pessoas mais velhas tendem a perder massa óssea e muscular. Assim, IMC’s semelhantes em idades/sexos diferentes não indicam composições corporais semelhantes.

Minorias raciais 

O IMC não representa adequadamente as minorias étnicas, pois tem suas origens baseadas em populações brancas e europeias. Segundo as pesquisas, os asiáticos estão em maior risco de doenças relacionadas ao peso mesmo em IMC’s mais baixos. Enquanto isso, negros com o mesmo IMC que brancos apresentam menor risco para estas enfermidades.

Distúrbios alimentares

O IMC é comumente utilizado para diagnosticar anorexia nervosa. Entretanto, nem todos os pacientes com distúrbios alimentares se encontram necessariamente abaixo do peso, como é o caso da bulimia nervosa e da anorexia nervosa atípica. Assim, usar apenas o IMC para identificar tais transtornos pode ocasionar um tratamento abaixo do padrão.

IMC na prática clínica: recomendações AMA

Apesar de todas suas desvantagens, o uso do IMC na prática clínica continua sendo uma medida fácil, rápida, gratuita e acessível. Porém, à luz das atuais evidências, a Associação Médica Americana sugere que seu uso seja associado à outras ferramentas de avaliação corporal, sendo elas:

  • Gordura visceral;
  • Índice de adiposidade corporal;
  • Composição corporal;
  • Massa gorda relativa;
  • Circunferência de cintura;
  • Fatores genéticos e metabólicos.

Em edição, os profissionais AMA apoiam uma maior ênfase em programas educacionais para profissionais de saúde, sobre diferenças de risco entre grupos demográficos. Ademais, reforçam o incentivo para reconhecer comportamentos alimentares anormais.

O que podemos concluir?

O uso do IMC na prática clínica possui algumas desvantagens significativas. Porém, sua facilidade de uso e entendimento não permitem que este índice seja totalmente abandonado. Assim, recomenda-se que o IMC seja utilizado em conjunto com outras ferramentas adicionais, a fim de atingir uma avaliação de saúde mais abrangente. 

Clique aqui para ler a resolução completa.

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Referência:

REPORT 07 OF THE COUNCIL ON SCIENCE AND PUBLIC HEALTH (A-23). Support Removal of BMI as a Standard Measure in Medicine and Recognizing Culturally-Diverse and Varied Presentations of Eating Disorders and Indications for Metabolic and Bariatric Surgery (Reference Committee D). American Medical Association, 2023.

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