A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, caracterizada por placas vermelhas e escamosas, que podem ser acompanhadas de coceira, dor e comprometimento das unhas. Sua etiologia é multifatorial, envolvendo interações desreguladas entre o sistema imunológico, componentes genéticos e gatilhos ambientais.
Nos últimos anos, o papel da nutrição no tratamento da psoríase ganhou atenção. Pesquisas mostraram uma associação entre a ferramenta “Composite Dietary Antioxidant Index” – CDAI (que quantifica a ingestão total de antioxidantes dietéticos), com mediadores pró-inflamatórios, conhecidos por terem envolvimento em condições inflamatórias como a psoríase.
Entretanto, uma associação direta entre o CDAI e a psoríase ainda permanece obscura. Sendo assim, um estudo recente buscou investigar essa relação, bem como componentes nutricionais individuais e o risco da doença. A seguir, confira os detalhes deste estudo.
Mais de 23 mil participantes
O estudo em questão teve um desenho de pesquisa transversal, e obteve dados da investigação National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES).
A amostra analítica final incluiu adultos com 18 anos ou mais, que participaram do NHANES entre 2005 e 2016. O estado da psoríase foi determinado com base no diagnóstico autorrelatado pelos participantes por um profissional de saúde. Um total de 23.311 participantes foram incluídos, dos quais 621 possuíam diagnóstico de psoríase.
Os dados de ingestão alimentar foram coletados por meio de recordatórios alimentares de 24 horas, fornecendo informações sobre o consumo de alimentos e bebidas. Os participantes foram categorizados em três grupos com base em seus tercis de pontuação do Composite Dietary Antioxidant Index (CDAI).
Vale ressaltar que o CDAI compreende seis nutrientes padronizados: carotenoides, selênio, zinco e vitaminas A, C e E.
Por fim, os autores empregaram regressão logística multivariável e splines cúbicas restritas para analisar a associação entre as pontuação do CDAI e a prevalência de psoríase.
Quanto maior o consumo de antioxidantes, menor a chance de psoríase
Após a análise dos dados, os pesquisadores encontraram uma associação significativa entre CDAI e psoríase. Os indivíduos no tercil 3, com pontuações mais altas de dieta antioxidante, apresentaram uma menor razão de chances (OR) de ocorrência de psoríase, quando comparados àqueles no tercil 1.
Em relação aos componentes antioxidantes, a ingestão de vitamina E também exibiu uma correlação inversa com o risco de psoríase. No entanto, outros componentes de CDAI não mostraram associações significativas com a psoríase.
Essas descobertas sugerem que a capacidade antioxidante total da dieta pode ter um impacto mais alto na prevenção de psoríase do que antioxidantes individuais sozinhos.
Segundo os autores, os achados sugerem um provável envolvimento do estresse oxidativo e da inflamação nessa relação.
O estresse oxidativo pode levar a um desequilíbrio de espécies reativas de oxigênio e disfunção endotelial, enquanto a inflamação pode desencadear a liberação de neutrófilos e elevar os níveis de espécies reativas de oxigênio.
Esses mecanismos contribuem não apenas para a psoríase, mas também para outras condições, como aterosclerose e doença renal crônica.
O que podemos concluir?
Em resumo, uma dieta rica em componentes antioxidantes, como vitamina E, pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de psoríase. Além disso, essas descobertas têm implicações para o desenvolvimento de prováveis intervenções dietéticas no tratamento dessa doença inflamatória crônica.
Mais pesquisas são necessárias para elucidar os mecanismos subjacentes e explorar intervenções alimentares direcionadas.
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Referência:
Song, B., Liu, W., Du, L. et al. The association of psoriasis with composite dietary antioxidant index and its components: a cross-sectional study from the National Health and Nutrition Examination Survey. Nutr Metab (Lond) 21, 76 (2024). https://doi.org/10.1186/s12986-024-00850-8
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