Considerando que deficiências nutricionais são comuns no pós-operatório de cirurgia bariátrica, Gesquiere e colaboradores realizaram estudo prospectivo com objetivo de avaliar a associação entre ingestão (alimentar e suplementar) e deficiências de micronutrientes após a realização de Bypass Gástrico em Y de Roux (BGYR).
42 pacientes obesos candidatos ao procedimento foram avaliados no pré-operatório e em 1,3,6, e 12 meses do pós operatório. Os participantes foram orientados a preencher registro alimentar de 2 dias não consecutivos referentes ao período de avaliação, e a ingestão de ferro, vitamina B12, vitamina C, cobre e zinco foram estimadas e comparadas com valores de referência para cálculo da prevalência de inadequações. Valores plasmáticos de hemoglobina, Volume Corpuscular Médio (VCM), ferritina, saturação de transferrina, vitamina B12, zinco, proteína C reativa (PCR) e hepcidina foram mensurados no pré e pós procedimento.
Observou-se redução de ingestão significativa para todos os micronutrientes estudados em um mês pós-BGYR, sendo que essa ingestão aumentou gradualmente até os 12 meses após a cirurgia. Em comparação aos valores ideais de ingestão (IDR), mais de 80% dos participantes tiveram ingestão inadequada de ferro e vitamina B12 nos primeiros 6 meses pós-cirurgia, e em 12 meses esse percentual caiu para 48% e 69%, respectivamente. Em relação à vitamina C, mais de 90% dos participantes tiveram uma ingestão abaixo da RDA após o BGYR. A ingestão de zinco e cobre também ficou abaixo das recomendações, com mais de 50% e 35% de inadequação aos 6 meses pós-cirurgia, respectivamente, e diminuição para 12% e 19% no marco de um ano da operação.
As análises laboratoriais mostraram que antes da cirurgia, 9,2% dos pacientes já sofriam de anemia, e esse número aumentou após a cirurgia para 22% e 28,3% em 6 e 12 meses. Deficiência de ferro foi encontrada em 49,1% dos pacientes pré-BGYR e em 6 e 12 meses pós-BGYR este percentual foi de 38,0% e 34,0%, respectivamente. Já a deficiência de Vitamina B12 foi observada em 3,8% dos pacientes antes da cirurgia e 24,0% e 23,4% em 6 e 12 meses pós-BGYR, respectivamente. Também foram constatadas diminuições das concentrações de PCR e hepicidina.
Ao analisar as potenciais correlações entre a ingestão total de micronutrientes e os parâmetros clínicos, uma correlação significativa foi observada entre ingestão e concentração plasmática de vitamina B12 (P <0,01).
Os resultados sugerem que deve haver tratamento e acompanhamento médico e nutricional específico. A terapia deve incluir orientações nutricionais baseadas em consumo de alimentos nutricionalmente ricos, e uso de suplementos de vitaminas e minerais específicos para a finalidade como forma de otimizar estado nutricional, prevenir deficiências, e evitar suplementação excessiva.
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