A busca por estratégias contra o envelhecimento vai além da estética. Sobretudo, a procura por métodos de prevenção de doenças causadas pela idade avançada é uma pauta que vale a pena ser aprofundada. Recentemente, uma pesquisa brasileira buscou investigar os efeitos anti envelhecimento da taurina, um aminoácido conhecido por sua atividade antioxidante. Será que a suplementação dessa substância foi eficaz? Continue lendo para descobrir os resultados.
Taurina e envelhecimento: o que já se sabe?
Uma das hipóteses para explicar o envelhecimento, ou seja, o aparecimento de distúrbios relacionados à idade, é o acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROs).
Normalmente, as EROs exercem funções essenciais de sinalização celular no nosso corpo. Quando produzidas em excesso, porém, geram um desequilíbrio celular denominado “estresse oxidativo”.
É nesse momento que a taurina pode trazer benefícios. Sendo um aminoácido semi-essencial com efeito antioxidante, estudos anteriores sugeriram que a taurina pode combater o estresse oxidativo decorrente do envelhecimento. Isso acontece a partir dos seguintes mecanismos:
- Inibição de oxidantes pró-inflamatórios, como o ânion superóxido e o ácido hipocloroso;
- Aumento da atividade de enzimas antioxidantes;
- Prevenção de reações de peroxidação lipídica;
- Redução da disfunção mitocondrial.
Como o envelhecimento se relaciona à menor defesa antioxidante e diminuição dos níveis de taurina, a suplementação dessa substância poderia ter uma aplicabilidade clínica importante em idosos. Contudo, pesquisas sobre os benefícios da taurina em mulheres em idades mais avançadas ainda não haviam sido realizadas até o momento.
24 mulheres participaram do estudo
Considerando os efeitos da taurina descritos até aqui, foi elaborado um ensaio clínico randomizado e duplo-cego para investigar os efeitos da suplementação de taurina sobre biomarcadores de estresse oxidativo.
Sendo assim, 24 mulheres sedentárias, entre 55 a 70 anos e com IMC médio de 31,4 kg/m², foram divididas em dois grupos: o grupo controle (n = 11, recebendo amido de milho como placebo), e o grupo da suplementação (n = 13, recebendo 1,5 g de taurina em pó por dia). A intervenção durou 16 semanas.
Além dos marcadores de estresse oxidativo, alguns outros fatores foram investigados como desfechos secundários, sendo eles: antropometria, teste de capacidade funcional, e níveis de minerais plasmáticos.
A suplementação de taurina trouxe benefícios significativos
Como visto, um dos mecanismos pelo qual a taurina exerce seus efeitos anti envelhecimento é o aumento da atividade de enzimas antioxidantes. Neste sentido, o presente estudo trouxe resultados animadores: nas mulheres suplementadas com taurina, foi observado um aumento da concentração plasmática da enzima SOD. A SOD é responsável pela dismutação do superóxido, que acaba sendo reduzido a água, incapaz de exercer seus efeitos deletérios no organismo.
Uma outra maneira de avaliar a eficácia do sistema antioxidante é a quantificação de marcadores de peroxidação lipídica, como o MDA. No estudo, os níveis de MDA nas participantes do grupo placebo aumentaram, mas esse aumento não ocorreu nas participantes suplementadas com taurina. Isso indica que a taurina preveniu a peroxidação lipídica nestas mulheres.
Outros resultados
Não foram observadas alterações no peso corporal, IMC e circunferência do quadril para nenhum dos grupos. A circunferência de cintura aumentou apenas no grupo placebo, o que já era esperado pois nenhuma intervenção física ou nutricional foi realizada.
Também não foram observadas alterações nos testes de capacidade funcional em nenhum dos grupos. Porém, as mulheres suplementadas com taurina apresentaram maior força de preensão palmar da mão esquerda.
Apesar dos benefícios descritos até aqui, alguns parâmetros não tiveram resultados positivos. Os níveis de magnésio, por exemplo, sofreram reduções em ambos os grupos após a intervenção. Baixos níveis deste mineral estão associados ao aumento do estresse oxidativo.
Afinal, a taurina auxiliou o anti envelhecimento?
De modo geral, o estudo indicou um possível efeito protetor da taurina, por meio da elevação dos níveis de SOD (enzima antioxidante) e redução dos níveis de MDA (marcador de peroxidação lipídica).
Portanto, os autores acreditam que a suplementação de taurina pode ser uma estratégia nutricional viável para prevenir danos oxidativos induzidos pelo processo de envelhecimento. Contudo, novos estudos com doses maiores são indicados.
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Referência:
ABUD, Gabriela Ferreira et al. Taurine as a possible antiaging therapy: A controlled clinical trial on taurine antioxidant activity in women ages 55 to 70. Nutrition, v. 101, p. 111706, 2022.
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