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Diretriz ESPEN sobre nutrição enteral domiciliar

nutrição enteral domiciliar

Fonte: Canva.com

A nutrição enteral domiciliar (NED) é uma prática introduzida na década de 1970, em que a terapia nutricional de longo prazo é estabelecida nos cuidados do lar. Essa prática permanece até os dias de hoje, protegendo o estado nutricional dos pacientes que a utilizam.

Fonte: Canva.com

Entretanto, alguns cuidados específicos devem ser empregados para que a NED seja segura, confiável e eficaz. Sabendo disso, a Sociedade Europeia de Nutrição Enteral e Parenteral (ESPEN) atualizou sua diretriz sobre nutrição enteral domiciliar, com 61 recomendações que visam amparar profissionais de saúde.

A seguir, confira os pontos chaves deste material. 

Quando indicar a nutrição enteral domiciliar?

Os especialistas indicam a nutrição enteral domiciliar para pacientes com os seguintes critérios:

Ao indicar a NED, todas as informações devem ser fornecidas de forma verbal, escrita e visual. 

Além disso, a terapia deve ser coordenada por uma Equipe de Suporte Nutricional (ESN) multidisciplinar, com médico, enfermeiro, nutricionista e farmacêutico. Outros profissionais de saúde, como fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, também são bem-vindos.

Contraindicações

Infelizmente, nem todos os pacientes podem receber a nutrição enteral em casa. De modo geral, três situações impossibilitam a NED:

  1. Quando a expectativa de vida for inferior a um mês;
  2. Pacientes com graves alterações funcionais intestinais, obstrução gastrointestinal, hemorragia no trato gastrointestinal, má absorção grave ou graves alterações metabólicas;
  3. Quando o paciente e/ou seus representantes legais não concordarem com o programa de NED ou for improvável que o cumpram, e/ou se houver problemas organizacionais/logísticos que não possam ser resolvidos.

Dispositivos de acesso e administração da NED

Caso a previsão para a administração da NED seja por um curto período (4 a 6 semanas), os profissionais indicam o uso de uma sonda nasogástrica

Por outro lado, se a NED será de longa duração (>6 semanas), indica-se a gastrostomia ou jejunostomia endoscópica percutânea (PEG ou JEG). A gastrostomia percutânea assistida por laparoscopia (GPAL) pode ser uma alternativa segura, mas a PEG ainda é preferível por conta da menor taxa de complicações.

O método de administração deve ser uma decisão da ESN multidisciplinar. A nutrição pode ser administrada por meio de uma bomba, seja em bolus, infusão contínua ou intermitente, de acordo com a necessidade clínica, segurança e precisão necessária.

Em casos de ruptura, obstrução, perda ou degradação da sonda, indica-se a sua substituição. A lavagem com água antes e após a nutrição previne a obstrução e deve fazer parte da educação do paciente e do cuidador.

Nutrição enteral domiciliar: qual fórmula usar?

Em relação às fórmulas nutricionais na nutrição enteral domiciliar, orienta-se o uso de fórmulas comerciais padrão para pacientes sem diarréia, constipação ou diabetes. 

O uso de preparações naturais pode ocasionar maior risco de contaminação microbiana. Porém, caso opte-se por fórmulas naturais, os profissionais devem orientar a administração em uma sonda grande (14 de diâmetro) ou uma jejunostomia endoscópica percutânea, evitando a obstrução.

No caso de pacientes com diarréia ou constipação, indica-se as fórmulas com fibras. Já para pessoas com diabetes, pode-se utilizar uma fórmula enteral modificada com menor teor de açúcar, que contenha carboidratos de digestão lenta e enriquecida com ácidos graxos monoinsaturados.

Monitoramento e finalização

O monitoramento de pacientes com NED deve incluir duas instâncias:

Para isso, uma comunicação adequada entre profissionais, cuidadores e pacientes é a chave. 

Finalmente, o encerramento da NED deve ocorrer quando o peso desejado for alcançado e a ingestão oral do paciente atender às suas necessidades de manutenção.

Além destas recomendações, a diretriz ainda fornece informações quanto à manipulação dos dispositivos, resolução de complicações específicas, administração de fármacos, dentre outros. 

Para ler a diretriz completa, clique aqui

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Referência:

Bischoff, S. C., Austin, P., Boeykens, K., Chourdakis, M., Cuerda, C., Jonkers-Schuitema, C., … & Cantón, A. (2023). Guía Práctica ESPEN: nutrición enteral domiciliaria. Nutrición Hospitalaria, 40(4), 858-885.

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