Indicação e vias de acesso da nutrição enteral

Postado em 6 de junho de 2022 | Autor: Redação Nutritotal

Entenda os critérios para indicação da nutrição enteral, as principais condições clínicas que necessitam da terapia, suas vias de acesso e muito mais.

A nutrição enteral é a base da alimentação para pacientes que não conseguem suprir suas necessidades nutricionais por via oral, mas ainda possuem um trato gastrointestinal funcionante. Contudo, muitas dúvidas ainda surgem quando essa terapia nutricional é abordada, principalmente em termos de indicações e vias de acesso. Por isso, o Nutritotal PRO preparou este conteúdo para esclarecer todas as suas dúvidas acerca desses tópicos. Você vai aprender:

nutrição enteral indicações

Fonte: Shutterstock

  1. Quais são as indicações para uso da Terapia Nutricional Enteral?
  2. Quais as enfermidades associadas à Nutrição Enteral?
  3. Quando iniciar a TNE?
  4. Existem contraindicações?
  5. Quais são as vias de acesso da Nutrição Enteral?

Confira a seguir.

1. Quais são as indicações para uso da Terapia Nutricional Enteral (TNE)? 

Segundo a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN), a nutrição enteral é indicada na presença de trato gastrointestinal funcionante e impossibilidade de alimentação pela via oral, sendo obrigatória a presença de estabilidade hemodinâmica para início da terapia.

Desse modo, a nutrição enteral é adotada quando a ingestão dietética não for suficiente para suprir 60% das necessidades nutricionais diárias, e/ou quando o paciente estiver desnutrido ou em risco nutricional, com disfagia ou risco iminente de broncoaspiração.

 

2. Quais as enfermidades associadas à Nutrição Enteral?

Na prática clínica, o uso desta terapia é observado em diversas condições de saúde, dentre elas: quadros de coma, anorexia nervosa, depressão, doenças neurológicas, AVC, traumas, neoplasias, atresia do esôfago, doenças inflamatórias intestinais, fístulas digestivas, pré e pós operatório de cirurgias de grande porte, queimaduras, íleo paralítico, síndrome do intestino curto, pancreatite, e diversos tipos de câncer. No entanto, é preciso avaliar as particularidades de cada paciente.

 

3. Quando iniciar a TNE?

Há algumas particularidades a Nutrição Enteral, dependendo do nível de gravidade de cada indivíduo:

Para o paciente crítico, o início deve ser precoce, nas primeiras 24 a 48 horas. O objetivo é reduzir as complicações infecciosas e o tempo de permanência na UTI.

Para o paciente em enfermaria, a TNE também deve ser precoce nos pacientes de alto risco nutricional (NRS-2002 >5 ou NUTRIC score ≥ 5). Já para pacientes com baixo risco nutricional (NRS-2002 ≤ 3 or NUTRIC score ≤ 5), a terapia nutricional deve ser iniciada em período máximo de 5 a 7 dias.

Em relação aos pacientes em acompanhamento ambulatorial, a nutrição enteral é indicada por um período de 1 a 2 semanas.

 

4. Existem contraindicações?

Sim. As contraindicações para a nutrição enteral são:

  • Quadro de choque;
  • Hipoxemia e acidose persistente;
  • Sangramento do trato gastrointestinal;
  • Conteúdo gástrico maior 500 ml em período de 6 horas;
  • Isquemia ou obstrução intestinal;
  • Síndrome compartimental abdominal;
  • Fístula de alto débito, sem possibilidade de nutrição enteral distal à fístula.

 

5. Quais são as vias de acesso da Nutrição Enteral?

A escolha da via de acesso da Nutrição Enteral deve considerar a previsão de uso da dieta, condições clínicas, tolerância e riscos de broncoaspiração.

As vias de acesso mais comuns da Nutrição Enteral, em adultos, são: nasoenteral, nasoduodenal, nasojejunal, gastrostomia e jejunostomia. Confira as características de cada uma delas a seguir.

a) Sonda nasogástrica (ou nasoenteral)

A comunicação se dá entre o nariz e o estômago, e a sua inserção se dá manualmente. São recomendados para uso de curto prazo, de 3 até 4 semanas.  Suas vantagens incluem o fácil posicionamento da sonda, a progressão mais rápida e a boa tolerância de fórmulas hiperosmóticas. Dentre as desvantagens, está o maior risco de aspiração pulmonar em pacientes com gastroparesia, doença neurológica e decúbito a zero grau.

b) Sonda nasoduodenal e nasojejunal

Nas sondas nasoduodenal, a comunicação ocorre entre o nariz e a porção duodenal do intestino delgado. Enquanto isso, na sonda nasojejunal, a comunicação se dá entre nariz e jejuno. Também são recomendadas para curto prazo. Suas vantagens incluem o menor risco de saída acidental e de aspiração pulmonar, além de permitir a nutrição precoce no paciente com pancreatite aguda grave. Contudo, pode requerer via endoscópica e atrasar o início da terapia nutricional. Além disso, requerem dietas hipoosmolares e pode ser necessária a infusão contínua.

c) Gastrostomia 

O principal acesso para a infusão da nutrição enteral a longo prazo (> 4 semanas) é a gastrostomia, realizada por meio de um procedimento cirúrgico ou por via endoscópica, sendo também possível por fluoroscopia. O tubo de alimentação é inserido diretamente no estômago.

A indicação para realização da gastrostomia deve ser precoce, antes que o estado nutricional do paciente seja agravado. Pacientes com este dispositivo possuem uma melhor sobrevida e menor taxa de aspiração em comparação a indivíduos com sonda nasoenteral por longo período.

d) Jejunostomia

Quando há risco de aspiração e a duração da nutrição enteral excederá 4 semanas, a jejunostomia é indicada. Aqui, o tubo de alimentação é inserido diretamente na porção jejunal do intestino delgado. Sua inserção se dá por via endoscópica ou cirúrgica. Uma das vantagens da jejunostomia é que esta terapia permite nutrição precoce no pós-operatório ou pós traumatismo.

Vale salientar que, conforme evolução do paciente, a via de acesso pode ser alterada para melhor atender o quadro atual.

 

Leia também:

Dieta enteral artesanal ou industrializada: qual é a melhor? (nutritotal.com.br)
Quais exames devem acompanhar de pacientes com nutrição enteral e parenteral? (nutritotal.com.br)

Referências:

DELEGGE, Mark H. Enteral access and associated complications. Gastroenterology Clinics, v. 47, n. 1, p. 23-37, 2018.
Guia de nutrição enteral ambulatorial e domiciliar [recurso eletrônico] / Lúcia Leite Lais e Sancha Helena de Lima Vale (organizadoras). – Natal: Edição do Autor, 2018.
Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN). Diretriz BRASPEN de Enfermagem em Terapia Nutricional Oral, Enteral e Parenteral. BRASPEN Journal, v.36, n. 3, 2021.

Leia também



Cadastre-se e receba nossa newsletter