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Nutrição e saúde ocular: entenda essa relação

nutrição e saúde ocular

Fonte: Canva.com

Mundialmente, cerca de 250 milhões de pessoas sofrem com algum grau de perda de visão, principalmente os mais velhos. Em contrapartida, numerosos estudos estão mostrando o efeito protetor de uma dieta adequada para a saúde dos olhos. Neste artigo, iremos explorar a intrínseca relação entre nutrição e saúde ocular. Confira!

nutrição e saúde ocular

Fonte: Canva.com

Doenças oculares e estresse oxidativo

O sistema ocular consiste em vários componentes estrutural e funcionalmente ligados, incluindo córnea, conjuntiva, glândulas lacrimais e meibomianas, ducto nasolacrimal e pálpebras. 

Fatores que perturbam o funcionamento deste sistema podem acarretar em condições oculares importantes. Segundo o Ministério da Saúde, as principais doenças oculares são:

  • Catarata;
  • Glaucoma;
  • Conjuntivite;
  • Retinopatia diabética;
  • Degeneração macular relacionada à idade (DMRI);
  • Erros de refração (miopia, astigmatismo, etc).

Embora a etiologia das doenças oculares seja complexa e multifatorial, o estresse oxidativo tem sido apontado como uma etiologia comum. Isso porque a superfície ocular está quase sempre exposta à luz solar ultravioleta, um causador bem conhecido do estresse oxidativo. O uso crônico de telas também favorece este processo.

Em condições normais, as espécies reativas de oxigênio (EROs) são neutralizadas por enzimas antioxidantes. Entretanto, vários fatores podem perturbar esse equilíbrio, incluindo o envelhecimento e a presença de citocinas inflamatórias.

Nesse cenário, há um crescente interesse da ciência em entender o papel dos nutrientes antioxidantes, obtidos por alimentos ou suplementos, para prevenir e tratar condições oculares. 

Quais são os principais nutrientes dos olhos?

Para garantir uma boa saúde ocular, alguns nutrientes são especialmente importantes. Confira-os a seguir.

Luteína e zeaxantina

A luteína e a zeaxantina são carotenóides com benefícios comprovados para a saúde ocular. Estas substâncias se acumulam em uma parte específica da retina, a mácula, responsável pela visão central nítida, permitindo que vejamos detalhes finos e cores. 

Na mácula, estes carotenóides exercem ações antioxidantes e funcionam como um filtro para a luz azul, tal qual um “óculos de sol interno”. Além disso, possuem efeitos anti-inflamatórios

Estudos científicos têm associado seu consumo adequado à redução do risco e atraso na progressão de doenças oculares, como DMRI, catarata e retinopatia diabética. Só para exemplificar, níveis mais elevados de luteína e zeaxantina podem reduzir o risco de DMRI em até 57%.

Alimentos fontes destas substâncias incluem ovos, espinafre, couve, brócolis, pimentão amarelo e açafrão, com melhor absorção quando ingeridos junto à gordura. Entretanto, para se conseguir os níveis mínimos de luteína (10 mg/d) e zeaxantina (2 mg/d), a suplementação é a forma mais fácil de obtenção.

Em uma meta-análise com 9 ensaios clínicos, envolvendo mais de 900 olhos, a suplementação de 10 a 20 mg/dia de luteína por 6 meses se associou ao aumento da densidade óptica do pigmento macular, da acuidade visual e da sensibilidade ao contraste.

Vitamina A

Quando falamos em nutrição e saúde ocular, a cenoura é o primeiro alimento que nos vem à mente, por conta do seu teor de vitamina A

De fato, este nutriente está envolvido na manutenção da cobertura externa do olho, a córnea, além de participar do desenvolvimento da retina. Sendo assim, o consumo adequado de vitamina A é crucial para a visão no escuro, adaptação à mudanças de luz, prevenção da secura e das infecções oculares.

A deficiência de vitamina A é uma das principais causas evitáveis da cegueira. Além da ingestão inadequada, ela pode ser causada por condições de má absorção, incluindo alcoolismo, fibrose cística e cirurgia bariátrica

Para obter-se vitamina A em níveis adequados (>700 µg/dia), indica-se uma alimentação rica em vegetais ou frutas alaranjadas (cenoura, batata doce, abóbora, manga), além de folhas verdes escuras, fígado e laticínios. Outra boa opção são os suplementos nutricionais.

Estudos que investigaram a suplementação da vitamina A na saúde ocular já relataram melhorias no dano ocular em várias doenças, como na disfunção do olho seco e na ceratoconjuntivite. 

Vitamina C

A vitamina C é um antioxidante altamente concentrado no humor aquoso do olho, diretamente ligado à ingestão alimentar. Ao aumentar o consumo de vitamina C, aumenta-se sua concentração nos olhos.

Nesse sentido, o filme lacrimal contém altos níveis de vitamina C, refletindo a alta demanda da superfície ocular por defesa antioxidante. Além disso, ela parece desempenhar um papel importante nos processos de cicatrização de feridas na córnea.

A vitamina C está presente principalmente nos pimentões e nas frutas (goiaba, kiwi, morango, laranjas, abacaxi). Quando associada a outros nutrientes essenciais, a ingestão de 500 mg/d de vitamina C pode retardar a progressão da DMRI e a perda da visão

Em pesquisas científicas, a suplementação de vitamina C reduziu o risco de catarata, aumentou a função da glândula lacrimal e diminuiu o dano epitelial ocular.

Zinco

O zinco é um mineral altamente concentrado nos olhos, mais especificamente na retina e na camada de tecido vascular sob a retina (coróide). 

Na saúde ocular, a principal função do zinco é levar a vitamina A do fígado para a retina para permitir a produção de melanina – pigmento que protege os olhos da luz prejudicial. Outros papeis importantes do zinco incluem a proteção antioxidante, e a manutenção da estrutura ocular. 

Assim como a  vitamina A, a deficiência de zinco pode causar cegueira noturna. A suplementação de zinco oral (80 mg/d), além de evitar essa condição, pode reduzir o risco de DMRI.

Diversos alimentos também são fontes de zinco, incluindo as carnes vermelhas, aves e frutos do mar; e os feijões, nozes, laticínios e sementes de abóbora.

Vitamina E

A vitamina E é um poderoso antioxidante solúvel em gordura, que protege os ácidos graxos da retina contra os radicais livres

Ao proteger a retina do dano oxidativo, a vitamina E contribui para a preservação da acuidade visual

Enquanto a deficiência de vitamina E pode causar degeneração da retina e cegueira, seu consumo adequado previne cataratas e DMRI. Para isso, uma ingestão de 400 UI/d parece ser o ideal. 

Boas fontes alimentares de vitamina E incluem óleos vegetais, nozes, sementes, abacates e vegetais de folhas verdes.

Demais nutrientes

Além dos nutrientes descritos acima, outras substâncias também protegem a saúde ocular. São elas:

  • Ômega-3: atividade anti-inflamatória na córnea; prevenção da secura ocular;
  • Vitamina B12: síntese da mielina; prevenção da secura ocular;
  • Vitamina D: melhora das funções de barreira epitelial da córnea; prevenção da secura ocular; melhora coloração da córnea;
  • Selênio: atividade antioxidante;
  • Curcumina: atividades antiinflamatórias, antioxidantes, e anti microbiana.

Em relação aos padrões alimentares, a dieta mediterrânea e a dieta de baixo índice glicêmico já demonstraram benefícios na prevenção das doenças oculares. Enquanto isso, o padrão alimentar ocidental pode agravá-las.

Conclusão

Em resumo, embora a relação entre a nutrição e a saúde ocular seja pouco discutida, ela está mais presente do que muitos imaginam. 

De modo geral, nutrientes com propriedades antioxidantes, como luteína, zeaxantina e vitamina C, podem contribuir como uma estratégia preventiva ou terapêutica das condições oculares.

A ingestão suficiente destas substâncias, a partir da alimentação e de suplementos nutricionais, garante um futuro com uma visão mais clara, nítida e duradoura ao longo da vida.

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Referências:

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