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As dietas de substituição total, como a dieta de muito baixa caloria (VLCD – <800 kcal/dia), vêm ganhando destaque no manejo da obesidade, pois induzem uma perda de peso rápida e segura.
No entanto, quando comparada com as dietas de baixa caloria (LCD – 800-1800 kcal/dia), ocorre uma redução significativa de massa muscular (MM) e da taxa metabólica de repouso (TMR), se tornando um fator de risco para o reganho de peso.
Sendo assim, é importante ter um planejamento da estratégia dietética adequada, considerando não apenas a perda peso, mas também a preservação da massa muscular e TMR.
Nesse cenário, uma dieta rica em proteína combinada com menor aporte calórico, promoveria a perda de peso com a preservação da MM. Porém, estudos têm demonstrado esse efeito benéfico em dietas de baixa caloria e não em dietas com muito baixa caloria, sendo necessários mais estudos para entender essa correlação entre as dietas com menor teor calórico.
E para entender melhor essa relação, um estudo dinamarquês, a partir da nova recomendação da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) sobre o aumento do teor de proteína em dieta de substituição total (50 para 75 g/dia), realizou em ensaio clínico randomizado, para avaliar a contribuição da suplementação de proteína na preservação da MM durante a perda de peso provocada pela dieta de muito baixa caloria.
Estudo
Os pesquisadores recrutaram 108 adultos, classificados com sobrepeso ou obesidade (IMC >28 kg/m 2) em idade entre 18 e 65 anos, durante um período de 10 meses, que realizaram a dieta de muito baixa caloria com alteração do teor de proteína entre elas.
Os participantes foram separados em dois grupos: um recebeu a VLCD com alto teor de proteína (700 kcal/dia-77g/dia) e o outro teve a ingestão de proteína padrão (600 kcal/dia-52 g/dia) em conjunto com a dieta.
O estudo teve três períodos, sendo eles o período inicial de 8 semanas para perda de peso, seguido do período de reintrodução de alimentos padrões durante 1 semana, e último período com duração de 15 semanas nomeado de manutenção de peso, em que os participantes ingeriram uma dieta livre (ingestão constante de quantidade de energia) com alternância no consumo de carne bovina.
Além disso, foram coletados dados de peso, altura e circunferência de cintura e quadril a cada visita no laboratório. Já a massa muscular foi determinada a partir do absorciometria de raios X de dupla energia (DXA) e a TMR avaliada pela calorimetria indireta.
Resultados
Os pesquisadores observaram que em ambos os grupos houve redução de peso e IMC, sem grandes diferenças observadas entre ingestão de proteína e preservação de MM.
No entanto, o grupo que recebeu a quantidade padrão do nutriente apresentou perda de peso mais acentuada, quando comparada com o outro grupo.
O teor de proteínas e redução de massa muscular
Assim concluiu-se que o consumo de proteína seja ele aumentada ou não, não influência na preservação de MM de indivíduos obesos em tratamento com dieta de muito baixo valor calórico, entretanto, o aumento de teor de proteína na dieta pode levar a reduções menores de peso, devido ao valor calórico presente no nutriente. Os pesquisadores reforçam a necessidade de mais pesquisa sobre o tema.
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Referência
MAGKOR, Faidon et al. A protein-supplemented very-low-calorie diet does not mitigate reductions in lean mass and resting metabolic rate in subjects with overweight or obesity: a randomized controlled trial. Clinical Nutrition, Europa, v. 40, n. 12, p. 5726-5733, dez. 2021.
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal