Coloridas e com diferentes formas, as flores não são atrativas só para as abelhas e beija-flores. As versões comestíveis conferem aos pratos uma atração única que, além de aparência e sabor, podem também oferecer vários nutrientes.
Até o momento, estudos apresentam que nas flores comestíveis é possível encontrar vitaminas, óleos essenciais e antioxidantes, principalmente quando é consumida a flor fresca. Tais características permitem que as flores sejam observadas como alimentos capazes de prevenir doenças como diabetes e doenças cardiovasculares, além de alguns tipos de cânceres.
Mas, o que ainda faltava na ciência era uma avaliação do perfil nutricional, em especial fibras e proteínas, das flores comestíveis não frescas, como as congeladas que podem ter um uso versátil como, por exemplo, na elaboração de alimentos funcionais. Pensando nisso, pesquisadores de propuseram a avaliar o teor de fibras dietéticas (fibra total e suas frações solúveis e insolúveis) e proteína total em flores comestíveis selecionadas.
Métodos de análise
Para a análise, os pesquisadores liofilizaram e moeram as pétalas de magnólias, calêndulas, violetas, chicória, margarida, dente-de-leão, entre outras flores cultivadas e silvestres. Para o teor de fibras solúveis e insolúveis, utilizaram o método enzimático-gravimétrico.
Para o teor de proteínas brutas usaram o método Kjeldahl que determina a quantidade de nitrogênio através de destilação e titulação. Ambas as análises foram realizadas no mínimo 3 vezes para que pudessem obter os valores médios.
Muito além de beleza
As flores apresentaram um alto teor de fibras, variando de 13,22 a 62,33 g/100 g de flor. As calêndulas foram as que apresentaram o maior teor de fibras dietéticas, enquanto as magnólias apresentaram o menor.
Nas margaridas foram encontradas 38,25 g de fibras/100g de flor e no dente-de-leão ≈ 26,97 g. As fibras insolúveis ficaram entre 8,69 (magnólia) e 57,54 g/100 g (calêndula), enquanto o menor teor de fibras dietéticas solúveis foi observado em pétalas de violetas brancas (1,35 g/100 g) e o mais alto em pétalas de botão de solteiro ou marianinha como é chamada no sul do Brasil (7,46 g/100 g).
O teor proteico variou de 8,70 g/100 g a 21,61 g/100 g de flores congeladas. Nas flores do sabugueiro e da acácia-bastarda foram observadas, respectivamente, 19,7 g e 17,83 g de proteína. O menor teor de proteína foi encontrado nas calêndulas e o mais alto nas magnólias, mostrando como existe uma relação inversa entre esses dois fatores.
Percebeu-se também que o conteúdo nutricional das flores comestíveis varia entre as famílias, a Asteraceae apresenta um teor significativamente maior de fibras totais, enquanto a Oleaceae apresenta maior teor de proteínas.
Conclusão
Mais um estudo que comprova como a ampliação do cardápio, incluindo PANCs (plantas alimentícias não convencionais), como as flores, pode oferecer um aporte nutricional importante para os indivíduos, além de trazer maior prazer às refeições por dar cor aos pratos.
O teor de fibras encontrado nessa pesquisa valida o uso das flores comestíveis na nutrição, inclusive no manejo dietético para o emagrecimento por contribuírem com a saciedade e melhor funcionamento intestinal. A quantidade de proteínas observadas nas flores desse estudo, também pode ser importante para a variação do cardápio de vegetarianos, veganos e para a redução do consumo de carne vermelha, reconhecidamente prejudicial à saúde cardiovascular quando consumida em excesso.
Mas, vale ressaltar que é imprescindível que o profissional de nutrição busque por informações e aplique recomendações com embasamento científico para promover a saúde dos pacientes sem riscos de toxicidade e contaminação por consumo de flores cultivas em ambiente inapropriado.
Referência
Jakubczyk, K.; Koprowska, K.; Gottschling, A.; Janda-Milczarek, K. Edible Flowers as a Source of Dietary Fibre (Total, Insoluble and Soluble) as a Potential Athlete’s Dietary Supplement. Nutrients 2022, 14, 2470. https://doi.org/10.3390/nu14122470