Quando se fala em alimentação para quem está com Covid-19, um dos caminhos pesquisados pelos cientistas é optar pela chamada dieta mediterrânea. Nela, os alimentos são simples e frescos, à base de plantas, e a maior parte das refeições conta com frutas e vegetais, grãos integrais, feijões e sementes, algumas nozes e azeite de oliva extravirgem.
Trata-se de uma dieta rica em fibras, vitaminas, minerais, ômega 3 e polifenóis. No cardápio mediterrâneo, o peixe é fundamental, além de ovos, laticínios e aves em porções menores, e carne vermelha muito espaçadamente. Açúcar refinado e farinha são encontrados raramente.
E no universo da Covid-19, temos que analisar dois cenários diferentes: o das doenças crônicas que favorecem casos mais graves em pacientes contaminados e o cenário das consequências do confinamento. Desde o início da pandemia já ficou evidente que a alta prevalência da infecção atingia pessoas com desordem nutricional, incluindo obesidade, diabetes tipo 2, doença cardiovascular e hipertensão arterial, sugerindo que uma dieta saudável poderia mitigar os resultados quanto a infecção pelo SARS-CoV-2.
Por isso, uma aderência à dieta mediterrânea tem um impacto favorável nas doenças cardiovasculares e outras desordens. Assim, a nutrição tem um papel fundamental na função imune, e é bem documentada a relação entre a dieta mediterrânea e a redução do risco de doenças crônicas.
Alguns autores verificaram que a aderência à dieta mediterrânea tinha associação negativa com casos de Covid e morte relacionada com a doença em regiões da Espanha e outros 23 países.
A dieta mediterrânea, considerada uma das dietas mais saudáveis do mundo, tem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e antitrombóticas. O alto conteúdo de polifenóis, particularmente flavonoides e seus metabólitos, pode ser a base biológica para explicar esses resultados.
A pandemia trouxe também a necessidade de mudança no estilo de vida com distanciamento social, restrição de viagens, menos atividade física e maior tempo em casa. Dessa forma, há um risco mais prolongado à saúde e com maior ganho de peso, sarcopenia, resistência à insulina, dietas menos saudáveis, dentre outros.
Muitos transformaram suas residências em estações de trabalho. Do ponto de vista físico, houve menor exposição ao sol, perda de massa muscular e mudança aguda na composição corporal.
Esse novo estilo de vida trouxe mudanças importantes nos hábitos e costumes. Uma grande pesquisa italiana feita na primeira onda já mostrou que houve ganho de peso em 48% e de consumo de dieta pouco saudável em 36%, mais apetite em 34%.
Dessa forma, a aderência à dieta mediterrânea pode representar uma estratégia terapêutica potencial para curto e longo prazo associado a infecção, gravidade e redução da mortalidade na população com Covid-19.
Em resumo, a dieta mediterrânea, por ter alta quantidade de antioxidantes, anti-inflamatórios e potencial propriedade imunomodulatória, é um método promissor e relativamente fácil para atenuar a infecção pelo SARS-CoV-2 e Covid-19.
Entretanto, novos estudos controlados devem ser realizados, e se positivos como esperado, devem ter seus resultados disseminados e quem sabe tornar-se parte da política de saúde pública.
Referência bibliográfica:
Angeliki M. et al. Mediterranean diet as a nutritional approach for COVID-19. Metabolim, 2020.