A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) acabam de publicar Diretrizes de manejo dos transtornos alimentares em pacientes com diabetes.
Os transtornos alimentares (TA), principalmente anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN), transtorno de compulsão alimentar (TCA) e transtornos alimentar não-especificado (TANE), são caracterizados por alterações severas no hábito ou comportamento alimentar e estão descritos no DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) e no CID-10 (Classificação Internacional de Doenças).
Transtornos alimentares e diabetes
A relação entre TA e diabetes se dá pela natureza crônica do diabetes, a presença pensamentos obsessivos sobre comida, insatisfação com a imagem corporal e a crença de que o diabetes seja um desafio diário para o seu autocontrole, também contribuem para o surgimento da doença.
De maneira geral, as consequências dos TA já são severas, quando consideramos pessoas com diabetes, há risco de mau controle glicêmico e surgimento de complicações precoces.
Na presente diretriz, a SBD, além de apresentar as definições dos transtornos alimentares mais comuns, aborda questões como:
- Características clínicas dos TA presentes no diabetes mellitus;
- Quando suspeitar de transtornos alimentares em pessoas com diabetes;
- Fatores que agravam os TA, e
- Tratamento
Características clínicas dos TA presentes no diabetes mellitus
Entre os pacientes com diabetes, algumas características clínicas dos TA podem ser diferentes daquelas observadas em outras populações ou se sobreporem as características já esperadas para aa doença. Veja alguns exemplos a seguir.
- Anorexia nervosa: apresenta maior mortalidade entre pessoas com diabetes mellitus tipo 1; pode resultar em hipoglicemias graves, retardo do crescimento puberal, alterações hormonais e osteopenia.
- Bulimia nervosa: paciente pode manifestar episódios repetidos de cetoacidose ou hipoglicemia e internações de repetição, hemoglobina glicada (HbA1c) sempre elevada, normalmente recusa a monitorização das glicemias capilares.
- Transtorno da compulsão alimentar: Mais frequente em diabetes mellitus tipo 2, episódios de compulsão promovem sobrepeso, obesidade e hiperglicemia, sendo essa de difícil controle.
Sinais que indicam a presença de TA e fatores de agravamento
Omissão de doses de insulina, episódios recorrentes de cetoacidose diabética ou hipoglicemia, níveis sempre elevados de HbA1c, atraso de crescimento, queixas de menstruação irregular, flutuações de peso e pedidos frequentes para mudar o plano alimentar são alguns dos sinais que podem servir de alerta para os profissionais de saúde que acompanham pessoas com diabetes.
Além disso, devemos ficar alerta aos fatores que agravam os TA:
- Insulinoterapia: o melhor controle glicêmico pode levar ao ganho de peso
- Manejo nutricional: dietas usadas no tratamento do diabetes podem ser percebidas como uma forma de restrição
- Automonitoramento: a necessidade de monitorização constante dos níveis de glicose pode gerar ansiedade
Tratamento dos transtornos alimentares para o paciente com diabetes
Em sua diretriz, a SBD recomenda que o diagnóstico e tratamento dos TA devem ser precoces para melhorar o prognóstico. Este deve incluir uma equipe multiprofissional e o atendimento psicológico à família do paciente.
Acesse a diretriz na íntegra e conheça as 6 recomendações para o manejo das pessoas diabetes e transtornos alimentares.
Referência:
Pieper C, Campos T, Bertoluci M. Transtornos alimentares na pessoa com diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022). DOI: 10.29327/557753.2022-24, ISBN: 978-65-5941-622-6.