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Pâncreas artificial reduz hipoglicemia mas não mantém média da glicemia em crianças

Postado em 27 de maio de 2016 | Autor: Alweyd Tesser

Resultados de um estudo recém-publicado na revista Diabetes care aponta um aumento da média da glicemia de crianças que usavam o pâncreas artificial de 147 mg/dl para 169 mg/dl. Contudo, os autores enfatizam que houve redução de três vezes no tempo total de vigência da hipoglicemia e, durante a noite, a mediana do tempo em hipoglicemia, que era de 2,2%, passou para 0%.
 
Um total de 30 crianças, de 5 a 9 anos de idade e com diabetes tipo 1 participaram de um estudo ambulatorial, randomizado, crossover, no qual passaram três dias em terapia de bomba de insulina associada ao sensor contínuo de glicose (SAP) e depois mais 3 dias usando um pâncreas artificial (PA).
 
Os desfechos primários foram tempo-em-hipo, que consiste na porcentagem de tempo que a criança estava em hipoglicemia (<70 mg/dL) e tempo-no-alvo, que consiste na porcentagem de tempo em que a criança estava no intervalo alvo de glicemia (70 – 180 mg/dL). Os desfechos secundários incluíram baixo índice de glicose no sangue (LBGI), porcentagem de tempo em que as crianças estavam com a glicemia abaixo de 50 mg/dL (tempo <50) para avaliação da segurança, porcentagem de tempo em que as crianças estavam com a glicemia entre 80 e 140 mg/dL para avaliação da eficácia, quantidade de carboidratos administrados e o número de tratamentos para hipoglicemia.
 
Os resultados foram baseados na monitorização contínua da glicose, e avaliados dia e noite (24h), durante a noite (das 00h às 07h30) apenas, e ao acordar (entre 06h30 e 07h30).
 
Durante a noite, o tempo-em-hipo foi reduzido de 2,2% com SAP e para 0% com PA (p=0,002). Da mesma forma, o PA reduziu outras métricas de segurança, tais como o tempo <50, LBGI, e número de tratamentos para hipoglicemia: 43% das crianças tratadas com SAP exigiram pelo menos um tratamento para hipoglicemia nas três noites do estudo, e 23% das crianças exigiram dois ou mais (0,2 g/kg ou mais de CHO de resgate ingeridos por noite), enquanto das crianças tratadas com PA, o tratamento para hipoglicemia foi necessário para apenas 16%.
 
Tempo-no-alvo e o tempo em que as crianças estavam com a glicemia entre 80 e 140 mg/dL não diferiram significativamente entre os dois tratamentos. 
 
A média de glicose sérica aumentou de 150 mg/dL com a SAP para 173 mg/dL com a PA (p= 0,002).
 
Os autores ressaltam que existem diferentes projetos de PA no mundo e que os resultados podem ser bastante diferentes dependendo do algoritmo usado, da inclusão ou não de glucagon no sistema, entre outros fatores. “De qualquer forma, o que se destaca neste estudo é o fato de o equipamento ter passado por um teste bastante difícil, visto que as crianças submetidas ao estudo, quando não usavam o PA, estavam em terapia de bomba de insulina associada ao sensor contínuo de glicose. Além disso, devido à idade, tinham seus pais por perto na maior parte do tempo, muito atentos e fazendo ajustes à glicemia”, afirmam os autores.
 
“Ser comparado com pais cuidadosos de crianças em uso dos recursos mais atuais para o controle do diabetes foi uma prova dura para o pâncreas artificial. Ainda assim, este se mostrou superior em termos de prevenção de hipoglicemias, mas não conseguiu manter a média da glicemia atingida com o auxílio dos pais (ou até reduzi-la, o que muitos esperariam)”, concluem os autores.
Referência (s)

Del Favero S, Boscari F, Messori M, Rabbone I, Bonfanti R, Sabbion A, et al. Randomized Summer Camp Crossover Trial in 5- to 9-Year-Old Children: Outpatient Wearable Artificial Pancreas Is Feasible and Safe. Diabetes Care. 2016 [Epub ahead of print].

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