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Psyllium: o que é e para que serve?

psyllium

Nos últimos tempos, o psyllium vem ganhando espaço no mundo da saúde. Comercializado em forma de pó, farinha ou cápsulas, ele é conhecido pelo seu alto teor de fibras solúveis, capaz de promover benefícios para o organismo humano. Neste artigo, você irá entender o que é e pra quê serve o psyllium.

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O que é psyllium?

“Psyllium” é o nome popular das sementes da planta Plantago ovata Forssk, nativa da Ásia, África e região mediterrânea. Mais especificamente, é a casca da semente da P. ovata que apresenta os maiores benefícios, atrelados à sua composição rica em fibras solúveis viscosas.

Na culinária, a maior capacidade de retenção de água do psyllium é uma de suas características mais importantes. Quando em contato com fluídos, a fibra é capaz de engrossar as preparações. Essa característica também serve para reduzir o teor de gordura e o índice glicêmico dos preparos. Atualmente, o psyllium tem sido muito usado em produtos de panificação, incluindo pães sem glúten.

Qual a composição de psyllium?

De modo geral, o psyllium apresenta os seguintes nutrientes:

  • Fibras: 55%
  • Carboidratos: 20%
  • Proteínas: 15%
  • Lipídios: 5%
  • Minerais: 3%

A maior parte da fibra solúvel presente no psyllium é um arabinoxilano, composto majoritariamente por diferentes monossacarídeos (como xilose, arabinose, galactose, ramnose, glicose e manose).

Em relação aos aminoácidos encontrados, a maior parte corresponde à albumina (35.8%), seguido por globulina (23.9%), prolamina (11.7%) e lisina (6.8%).

Seu teor lipídico, por fim, é majoritariamente composto por ácido linoléico (40.6%), oléico (39.1%) e linolênico (6.9%).

Quais os benefícios do psyllium para a saúde?

De modo geral, os benefícios do psyllium são:

  • Redução do colesterol sérico;
  • Redução da glicemia;
  • Laxante natural;
  • Diminuição da fome.

Tais benefícios estão altamente correlacionados com a viscosidade das fibras do psyllium. A seguir, entenda as evidências e os mecanismos que levam a estas vantagens.

Redução do colesterol sérico

Tem sido demonstrado que o psyllium desempenha um papel fundamental na redução do colesterol sérico, principalmente o colesterol total e o LDL. Por isso, o psyllium está sendo considerado um potencial agente de suporte no tratamento da hiperlipidemia.

Em um estudo multicêntrico com 209 pacientes com hipercolesterolemia e ao menos um fator de risco para doença cardiovascular, o consumo de 14 g/dia de psyllium reduziu significativamente os níveis de colesterol total e LDL, além de ApoB-100 e triglicérides.

Diversos mecanismos são propostos para explicar este efeito sobre o perfil lipídico. Primeiramente, as fibras podem prevenir a reabsorção de sais biliares no intestino delgado, o que poderia culminar no catabolismo do colesterol nos hepatócitos. Além disso, por reduzirem a resposta glicêmica, o psyllium pode diminuir a estimulação da síntese de colesterol pela insulina. Por fim, a liberação de produtos de fermentação reduziria a atividade da HMG-CoA e acetil-CoA redutase, inibindo novamente a síntese de colesterol.

Redução da glicemia

Estudos demonstram que o psyllium poderia reduzir a glicemia de pacientes diabéticos ou não diabéticos, incluindo a glicemia global e pós-prandial. Este efeito é mais evidente quando o psyllium é ingerido juntamente a outros alimentos, e não isoladamente.

Três mecanismos de ação são propostos para esta atividade:

  • A formação de um gel viscoso em meio aquoso pode limitar a absorção de glicose;
  • A fibra pode desacelerar o esvaziamento gástrico, levando a uma captação mais lenta de carboidratos;
  • Capacidade de sequestrar carboidratos, retardando o acesso destes à enzimas digestivas.

Todavia, os resultados na literatura científica ainda são divergentes, e mais estudos precisam ser conduzidos para confirmar ou contestar este provável benefício.

Laxante natural

Devido ao processo de fermentação e produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) no intestino, o psyllium tem sido caracterizado pela propriedade laxativa e função protetora da mucosa intestinal.

Seu efeito laxativo é também promovido pela alta capacidade de retenção de água da fibra solúvel formadora de gel, que produz um aumento do teor de água nas fezes, resultando em fezes volumosas, moles e fáceis de passar.

Sendo assim, a prevenção e o tratamento de diversas condições de saúde relacionados ao funcionamento do TGI podem ser beneficiados pelo consumo de psyllium. São exemplos:

Especificamente para a constipação e a SII, a ANVISA indica o uso do psyllium como coadjuvante no tratamento. A fibra é especialmente recomendada por gerar pouco gás e, consequentemente, não causar os sintomas relacionados à produção excessiva de gás.

O psyllium também pode ser indicado nas situações em que fezes amolecidas são desejáveis, como no caso de hemorróidas, cirurgias anorretais e gravidez.

Diminuição da fome

A ingestão de psyllium é capaz de diminuir a sensação de fome e a ingestão energética, o que foi relacionado a um aumento no tempo permitido para absorção intestinal. Portanto, a inclusão da fibra em dietas para perda de peso pode ser favorável, principalmente para pacientes com obesidade controlarem a saciedade.

Qual a maneira correta de tomar o psyllium?

Segundo o Ministério da Saúde, o uso oral do psyllium para tratar condições de saúde deve se dar em doses de 3 a 30 g/dia, com frequência de 1 a 3 vezes ao dia. Além disso,  sugere-se o uso por, pelo menos, 14 dias. Por fim, seu consumo deve ser combinado à uma ingestão de líquidos adequada.

Qual o efeito colateral do psyllium?

Apesar dos benefícios potenciais, deve-se tomar cuidado com o uso exagerado do psyllium, para não gerar efeitos colaterais. Efeitos adversos já relatados incluem flatulência e dores abdominais. Além disso, caso as sementes sejam consumidas sem hidratação, podem causar irritação gástrica, inflamação, obstrução mecânica e constipação.

As contraindicações incluem pacientes que tenham hipersensibilidade à P. ovata ou constrições no trato gastrointestinal.

Por fim, há de se ter cautela com as interações medicamentosas. Por seu efeito laxativo e hipocolesterolêmico, há risco de interação potencial com medicamentos pertencentes a estas classes. A absorção de lítio e carbamazepina podem ser diminuídas. Sendo assim, os medicamentos devem ser consumidos de 30 a 120 min antes ou após o consumo de psyllium.

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Referências

BELORIO, Mayara; GÓMEZ, Manuel. Psyllium: A useful functional ingredient in food systems. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 62, n. 2, p. 527-538, 2021.

Ministério da Saúde. Informações Sistematizadas da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS. Plantaga Ovata Forssk. Plantaginaceae – Psyllium. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília – DF, 2020.

Solà R, Bruckert E, Valls RM, Narejos S, Luque X, Castro-Cabezas M, et al. Soluble fibre (Plantago ovata husk) reduces plasma low-density lipoprotein (LDL) cholesterol, triglycerides, insulin, oxidised LDL and systolic blood pressure in hypercholesterolaemic patients: A randomised trial. Atherosclerosis. 2010;211(2):630-7.

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