As doenças cardiovasculares (DCVs) são consideradas umas das principais causas de morbimortalidade e incapacidade na população. A China concentra o maior número de mortes, relatando anualmente que 40% das causas de morte relacionam-se com doenças cardiovasculares.
As DCVs integram um grupo de doenças que podem acometer tanto o coração quanto os vasos sanguíneos, podendo desencadear enfermidades como AVC, infarto, arritmias, insuficiência cardíaca e problemas de circulação sanguínea, havendo uma necessidade em fortalecer as medidas de prevenção e tratamento.
Uma revisão sistemática com ensaios clínicos randomizados, controlados e em adultos, constatou que houve uma melhora significativa nos aspectos alimentares, controle de peso e de glicemia em indivíduos que realizaram consulta dietética na atenção primária, pressupondo que benefícios igualmente satisfatórios podem ser adquiridos em pacientes que apresentem alto risco de DCVs.
Pensando nisso, no dia 6 de abril é celebrado o Dia Nacional de Mobilização pela Promoção da Saúde e Qualidade de Vida e, no dia 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde, que têm como objetivo diminuir a parcela de pessoas em situações de risco devido a maus hábitos na rotina e conscientizar sobre a importância da preservação da saúde para se obter uma melhor qualidade de vida.
Para compreendermos melhor os aspectos relacionados a DCV, separamos alguns tópicos que podem te auxiliar no diagnóstico precoce do seu paciente, além de avaliar os riscos de se desenvolver essa doença.
Vamos entender melhor?
Como identificar e avaliar o risco para DCV?
Estudos mostram que indivíduos com mais de 50 anos são mais propensos a desenvolverem doenças cardiovasculares, assim como pessoas com baixa renda e com privação social.
Além disso, foi identificado que pacientes com colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) elevado, IMC classificado em obesidade grave e pacientes com diabetes, também se enquadram no perfil de risco para DCVs.
De uma forma geral, para identificar e avaliar os riscos, alguns fatores devem ser levados em consideração:
–Fatores não-modificáveis: idade, sexo, histórico familiar de DCV prematura, etnia;
–Fatores modificáveis: tabagismo, pressão arterial elevada, IMC superior a 40kg/m², colesterol (LDL-C) elevado, diabetes, hábitos alimentares.
Quais os principais sintomas da DCV?
Os sintomas mais comuns da DCV incluem:
– Dor ou desconforto central no peito, formigamento geralmente em um dos lados do corpo, fraqueza nas pernas ou nos braços, certa dificuldade de locomoção, prejuízo na coordenação dos movimentos, perda do equilíbrio e fortes dores de cabeça, característicos de um ataque cardíaco ou de um acidente vascular cerebral (AVC).
Alguns sintomas são menos comuns, porém, são característicos de um ataque cardíaco. São eles:
– Dores no pescoço ou estômago, no braço, náuseas, falta de ar, sudorese e vômitos, característicos de um ataque cardíaco.
Quais os impactos da DCV na qualidade de vida?
Um estudo realizado no FHCGV, com pacientes que receberam o diagnóstico de DCV, constatou um comprometimento significativo ligado à limitação por aspectos emocionais, seguido por limitações por aspectos físicos e aspectos sociais.
Ainda com relação ao estudo, foi observado que pacientes com menos de dois anos de diagnóstico da doença cardiovascular, apresentaram melhor qualidade de vida se comparado aos pacientes que receberam este diagnóstico há mais de três anos.
Quais são as recomendações para tratamento de DCV?
Como profissionais de saúde, antes de mais nada, recomenda-se o uso de linguagem habitual no atendimento, a fim de destacar todas informações pertinentes aos riscos, de forma clara, explicando termos técnicos e esclarecendo possíveis dúvidas.
Outro fator que deve ser levado em consideração é a predisposição do paciente em realizar mudanças no seu estilo de vida, sendo este um ponto crucial para o êxito no tratamento.
Principais mudanças na Dieta:
– Reduzir a ingestão de alimentos com alto teor de colesterol, gordura saturada (não exceder 10% da ingestão calórica diária) e gordura trans (se possível eliminar da alimentação), açúcares refinados e ingestão excessiva de sal;
– Priorizar alimentos integrais, alimentos fontes de gordura monoinsaturada (azeite de oliva), frutas e vegetais (no mínimo 400g por dia), legumes, nozes, sementes, peixes e carnes magras.
Principais mudanças no nível de atividade física:
– Praticar de 75 a 150 minutos de exercícios físicos por semana;
– Realizar exercícios de fortalecimento muscular.
É fundamental aconselhar, instruir e oferecer apoio para que o paciente busque reduzir o consumo de álcool e principalmente, suspender o uso do tabaco.
Qual a conclusão?
A prevenção de DCVs na atenção primária é fundamental para evitar possíveis distúrbios a longo prazo. Uma mudança nos hábitos alimentares e prática de atividades físicas, reduz drasticamente a probabilidade de se desenvolver estas doenças.
Leia também:
- Consumo de alimentos ultraprocessados aumenta mortalidade por DCV
- Estudo PURE: Consumo de cereais refinados aumenta mortalidade por DCV
Este conteúdo não substitui a orientação com o especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
Referências:
ANAD. Prevendo o risco de DCV em pacientes com diabetes. Disponível em: https://www.anad.org.br/prevendo-o-risco-de-dcv-em-pacientes-com-diabetes/. Acesso em: 30/03/2023.
DZIOPA, K., ASSELBERGS, F.W., GRATTON, J.; et al. Cardiovascular risk prediction in type 2 diabetes: a comparison of 22 risk scores in primary care settings. Diabetologia 65, 644–656, 2022.
LI, J. J.; DOU, K. F.; ZHOU, Z. G.; et al. Role of omega-3 fatty acids in the prevention
and treatment of cardiovascular Diseases: A consensus statement from the Experts’ Committee Of National Society Of Cardiometabolic Medicine. Pharmacol, 2022.
NICE, Cardiovascular disease: risk assessment and reduction, including lipid modification. National Institute for Health and Care Excellence, Clinical guideline, 2023.
VASSILIOU, Vassilios, S.; TSAMPASIAN, Vasiliki,; ABREU, Ana; et al. Promotion of healthy nutrition in primary and secondary cardiovascular disease prevention: A Clinical Consensus Statement from the European Association of Preventive Cardiology. Oxford University Press, 2023.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.