Ao analisarem a fundo a cafeína, cientistas descobriram fatores de proteção e inibição das células cancerígenas
Embora muitos ainda acreditem que o café seja cancerígeno, um estudo divulgado no International Journal of Cancer defende exatamente o contrário: segundo os pesquisadores, a ingestão do café italiano está associada a uma redução na incidência de alguns tipos de câncer, incluindo o de próstata.
Os cientistas chegaram à conclusão que os efeitos protetores de um alto consumo de café de estilo italiano (ou café expresso, como denominamos no Brasil), ou seja, mais do que três xícaras ao dia, pode ter importância na prevenção do câncer de próstata por meio de hábitos saudáveis na saúde pública. Apesar da análise animadora, ainda é preciso aprofundar as pesquisas e descobrir mais evidências dessa descoberta.
Observou-se também que o consumo de 0 a 2 xícaras de café expresso por dia não obteve os mesmos efeitos do que um consumo entre 3 ou mais xícaras, cujo resultado foi uma redução de até 53% nas possibilidades de risco da doença.
O professor associado do departamento de Gastroenterologia da FMUSP, Dan Waitzberg, no entanto, faz uma importante ressalva lembrando que, por vezes, o consumo de café vem acompanhado de hábitos como fumar um cigarro ou consumir uma dose de álcool.
“Para prevenir o câncer, é preciso abolir o hábito de fumar e beber pouco álcool, junto à ingestão de uma dieta equilibrada, mantendo um peso corpóreo adequado e praticando atividades físicas”, Dan Waitzberg, médico gastroenterologista
O poder da cafeína
O estudo ponderou ainda que os resultados foram possíveis graças à presença da cafeína, um composto presente no café que pode apresentar propriedades antioxidantes, prevenir danos oxidativos no DNA e desencadear reações químicas no metabolismo. Uma análise feita a nível celular, apresentada no artigo, mostrou que a cafeína foi capaz de inibir a proliferação das células cancerígenas.
Dan Waitzberg diz que de fato tomar café pode reduzir a incidência de alguns tipos de câncer e isso tem sido atribuído a centenas de compostos bioativos que, além da cafeína, incluem os flavonoides, lignanas e outros polifenóis. “No entanto, café contém acrilamida, produto químico potencialmente carcinogênico, usado em alguns processos industriais e também achado em alimentos como batata frita, torradas e snacks. Mas, em 2014 um estudo resumiu as evidências e inocentou a acrilamida da dieta de risco de câncer”, ressalta.
Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
Referências bibliográficas:
Consultoria do Dr. Dan Waitzberg, professor associado do Departamento de Gastroenterologia da FMUSP e diretor do GANEP Nutrição Humana.
Pounis G. et al. Reduction by coffee consumption of prostate cancer risk: Evidence from the Moli-sani cohort and cellular models. International Journal of Cancer, 2017.