A cirurgia bariátrica e metabólica é atualmente o tratamento mais eficaz para obesidade graus 2 e 3 e para as complicações metabólicas associadas. Mas, durante o pós-operatório, os pacientes devem estar preparados para adotar mudanças no estilo de vida, garantindo o sucesso do tratamento a longo prazo e prevenindo complicações, como a temida queda de cabelo.
De forma geral, as recomendações dietéticas no pós-operatório são inicialmente restritivas: baseiam-se na progressão gradual da consistência, da quantidade e da textura dos alimentos. Ou seja, aos poucos o paciente vai introduzindo alimentos em seu cardápio, começando com receitas de líquidos ralos, depois alimentos liquidificados, pastosos e, por fim, evolui até conseguir comer alimentos em consistência normal. Após esta fase, segue-se com reeducação alimentar e ajuste das escolhas alimentares, visando atender as necessidades individuais.
Por que o cabelo cai após a cirurgia bariátrica
A queda de cabelo ocorre em 30% a 50% dos pacientes que passam por cirurgia bariátrica. É inicialmente decorrente do eflúvio telógeno, uma condição caracterizada por aumento da queda diária dos fios de cabelo que chega a somar a perda de 200-300 fios por dia.
Essa condição clínica aguda também é observada em outras situações, como no pós-parto, nas pneumonias e em pessoas com estresse elevado, e se inicia aproximadamente 3 a 4 meses após o evento, durando aproximadamente 2 meses.
Embora essa queda de cabelo seja comum, e de certo modo, esperada após a cirurgia bariátrica, o paciente deve buscar ajuda especializada assim que notar o início da perda de muitos fios, porque pode existir outra causa associada que agrave a situação. A mais frequente é a deficiência de nutrientes.
Queda de cabelo por falta de nutrientes
A presença de deficiências de micronutrientes e de proteína é um dos problemas mais comuns após a cirurgia bariátrica, principalmente quando são realizados procedimentos disabsortivos (que têm como objetivo reduzir a capacidade de absorção do intestino) e em indivíduos desassistidos por equipe multiprofissional.
A queda de cabelo pode ser uma manifestação clínica de insuficiência isolada ou combinada de proteína, zinco, biotina, cobre e ferro. Outras alterações dermatológicas também podem ocorrer resultantes dessas deficiências nutricionais.
Nesse caso, o tratamento exige suplementação de micronutrientes (como biotina, sulfato ferroso e zinco) em doses maiores que as usadas para prevenir o problema, e o nutricionista pode ajustar a dose de acordo com as suas necessidades. A correção da ingestão de proteína também deve ser feita de maneira adequada.
A cirurgia bariátrica é, em geral, segura e eficaz, mas pode causar novos problemas clínicos e está associada a necessidades diagnósticas, preventivas e terapêuticas específicas.
Além da adoção de alimentação saudável e equilibrada (que inclui consumo adequado de proteínas), é recomendado o uso contínuo de polivitamínico e polimineral. Também é indispensável a realização de vigilância periódica das deficiências nutricionais e suas correções.
*Juliana Pastore é nutricionista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestre em Nutrição pela mesma entidade. Doutora em Ciências, na área de Oncologia, pela Unifesp e A.C. Camargo Cancer Center. Cursou especialização em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional no Ganep Educação e fez Curso de Formação em Chef de Cozinha pela Escola Wilma Kovesi. É membro de Equipe de Cirurgia Bariátrica e Metabólica da Ultralitho Gastro e membro do International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders. Atualmente, trabalha em Florianópolis na Clinica Medica Viver e Centro Catarinense de Endocrinologia e Metabologia.