Nesta coluna vamos falar a respeito das raízes da Panax ginseng, uma planta muito estudada e utilizada no mundo inteiro, sendo conhecida popularmente como ginseng-coreano ou ginseng-coreano-vermelho.
Originária da China, tornou-se popular na Coreia do Sul pois apresentou melhores condições de cultivo, fornecendo assim uma produção de excelente qualidade na região.
Curiosamente, a palavra Panax deriva do grego e significa “cura total”. E a principal parte da planta usada medicinalmente é a raiz, mas outras partes têm sido estudadas, como a folha, a flor e o rizoma.
Usos fitoterápicos
O ginseng é conhecido como um adaptogênico e imunomodular, auxilia o organismo a se adaptar a situações estressantes e a se reajustar, protegendo-o contra diversas doenças, não apenas infecciosas.
Mas em tempos de pandemia por coronavírus, é importante destacar que não há nenhum estudo científico que comprove proteção específica do ginseng contra Covid-19.
A raiz também pode ajudar a regular o eixo HPA (hipotálamo/pituitária/adrenal), famoso em situações de estresse e fadiga. Nessas condições, o eixo fica desequilibrado e há liberação excessiva do hormônio cortisol que, se muito elevado, pode prejudicar a imunidade.
Daí vale lembrar dos conselhos de mães e avós que devemos controlar o estresse, senão a chance de adoecer é maior, e isso procede!
Benefícios do ginseng: auxílio cerebral
Sendo assim, para garantir uma boa saúde devemos nos preocupar com corpo, mente e espírito. E o ginseng pode dar uma forcinha nos dois primeiros!
Em boa parte dos casos, alguns benefícios do consumo de ginseng são associados a maior disposição para a vida, melhor qualidade do sono, maior capacidade de memorização e aprendizado. Esses últimos, inclusive, são impulsionados pela melhora da circulação cerebral.
E falando em cérebro, alguns estudos em animais mostram que o ginseng pode apresentar uma atividade neuroprotetora, especialmente em distúrbios relacionados ao envelhecimento como doença de Alzheimer e Parkinson.
Outros usos
Ainda em estudos animais, a planta parece proteger o fígado contra agressões (hepatoproteção) e controlar a inflamação em doenças intestinais e em artrite reumatoide.
Estudos em humanos têm investigado seu potencial no tratamento da depressão, na alopecia areata e androgenética, com resultados promissores na melhora dos sintomas depressivos, no aumento de densidade e na espessura dos fios, respectivamente. Mas as pesquisas precisam avançar.
No diabetes, regula melhor os níveis de glicemia e secreção de insulina e controle do estresse oxidativo. Na obesidade, tem sido estudada e foram identificadas propriedades lipolítica e termogênica. Mas é preciso ter calma, pois ainda não sabemos se em seres humanos há contribuição no emagrecimento!
Sob alerta
O consumo não é recomendado para mulheres grávidas, que estão amamentando, nem para quem faz uso de medicações ou tem alguma doença. E as doses e forma de apresentação do ginseng devem ser individualizadas e analisadas conforme o objetivo terapêutico.
É válido reforçar que não é porque é planta e que tem origem vegetal que o consumo é isento de riscos. E, se possível, procure um nutricionista para lhe dar as melhores orientações conforme suas necessidades e condições de saúde.
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*Sula de Camargo é nutricionista, docente e palestrante. Consultora técnica da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran). @suladecamargo.
Referências bibliográficas:
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Sula é nutricionista, docente em cursos de pós-graduação em Instituições de ensino em todo o Brasil e palestrante. Participa do Nutritotal Público Geral como colunista convidada e aborda principalmente questões relacionadas a fitoterapia. Área esta que entende ser uma ferramenta sensacional para complementar a prescrição dietética, quando necessária, e auxiliar o paciente a alcançar melhores resultados!
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