Natalia Lopes* é nutricionista
Os idosos são, por natureza, um grupo frágil, quando comparados a outras faixas etárias da população. São mais susceptíveis a doenças crônicas como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, câncer, doenças neurodegenerativas, assim como apresentam maior risco para desnutrição e alterações psicológicas decorrentes do isolamento social, já presente entre os idosos, independente da pandemia.
O Covid-19 é particularmente mais perigoso para os idosos, muito em razão dessa maior fragilidade e presença de outras doenças. Por esse motivo, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia se posicionou a favor de medidas de restrição de contato social e recomendou que idosos portadores de doenças crônicas, com mais de 80 anos ou portadores de síndrome de fragilidade evitassem aglomerações ou viagens, contato com pessoas que retornaram recentemente de viagens internacionais e contato com crianças.
Sabe-se que o isolamento provoca o aumento de sintomas de ansiedade e depressão na população geral de idosos e, dentro da minha prática, muitos idosos relatam que não sentem prazer em cozinhar e comer quando estão sozinhos. Assim, ou deixam de comer ou passam a realizar refeições com baixo valor nutricional, como à base de pães com manteiga ou margarina.
Como resultado, observamos importantes deficiências de proteínas, vitaminas e minerais, relacionadas a maior fragilidade e menor eficiência do sistema imunológico desse idoso. E apesar de sabermos muito pouco sobre o Covid-19, uma certeza é de que o sistema imunológico precisa estar em pleno funcionamento para que consiga combater o vírus.
Devemos, então, adotar alguns cuidados com a alimentação dos idosos, que listo a seguir:
7 cuidados com a alimentação do idoso em tempos de isolamento social
– Assegure que o idoso tenha acesso à alimentação básica. Como é recomendado que o idoso não vá ao supermercado, oferecer ajuda para realização das compras é fundamental;
– Assegure também o acesso a refeições. Caso o idoso não saiba ou não queira cozinhar, ofereça refeições prontas para ele;
– Para manter o consumo adequado de proteínas, o idoso deve consumir diariamente leite e derivados, ovos, carnes magras e leguminosas, como feijões, lentilha, ervilha e grão-de-bico;
– Peixes, como atum, salmão e sardinha, também são recomendados, pois além do aporte proteico, contribuem para o consumo adequado de ômega-3, nutriente importante para manutenção de muitos processos do nosso corpo;
– Entre os nutrientes importantes para o sistema imunológico, podemos destacar vitamina A, vitamina C, vitamina E, zinco e selênio. O consumo de uma alimentação variada com frutas, legumes, verduras, carne magra e castanhas garante que todos esses nutrientes sejam consumidos;
– Alimentos ricos em vitamina D, como óleo de fígado de bacalhau, salmão, sardinha, ovo e leite integral, assim como exposição ao sol também é imprescindível para manter a saúde durante o isolamento;
– Neste momento, em hipótese nenhuma, o idoso deve fazer qualquer tipo de dieta restritiva com o intuito de emagrecimento, pois essa restrição pode aumentar ainda mais a fragilidade e comprometer o sistema imunológico.
Por mais que o contato físico esteja inviável no momento, é importante que o idoso se sinta acolhido e cuidado, por isso, procure alternativas para se manter presente, mesmo que à distância.
*Natalia Lopes é nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Pós-graduada em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela Unifesp. Mestranda em Ciências pelo departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP. Tutora no Ganep Educação. @nutrinatalialopes
Referências bibliográficas:
Butler, M; Barrientos, R M. The Impact of Nutrition on COVID-19 Susceptibility and Long-Term Consequences. Brain Behav Immun., 2020.
Liu, K et al. Clinical features of COVID-19 in elderly patients: A comparison with young and middle-aged patients. J. Infect., 2020.
Santini, Z I et al. Social disconnectedness, perceived isolation, and symptoms of depression and anxiety among older Americans (NSHAP): a longitudinal mediation analysis. The Lancet, 2020.
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2020
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