A vacina para Covid-19 finalmente chegou ao Brasil e as campanhas já estão começando pelo país. Contudo, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre a procedência do imunizante e seus efeitos. Na coluna de hoje, irei responder algumas dessas perguntas. Aproveite e envie sua dúvida pelo nosso Instagram, na semana que vem irei esclarecer mais questionamentos.
5 dúvidas sobre a vacina para Covid-19 respondidas
Aproveite e assista minha coluna em vídeo sobre a minha experiência com o coronavírus.
1. As vacinas disponíveis no Brasil são diferentes das de outros países? São menos eficientes?
Todas as vacinas que estão disponíveis e em uso no mundo são eficientes e seguras. Não apresentaram até agora nenhum efeito colateral importante. As que estamos usando no Brasil são as mais clássicas, com tecnologia muito conhecida, que estimulam anticorpos neutralizantes e resposta imune celular. E a melhor notícia é que vão ser produzidas aqui. Mais uma característica positiva é que elas são armazenadas em geladeira comum (2 a 8 °C). Veja mais detalhes:
Tipos de vacina para Covid-19 disponíveis no Brasil
A vacina Covid-19 Recombinante (Oxford-AstraZeneca) é uma vacina com um vetor viral inofensivo, um adenovírus de chimpanzé, deficiente para replicação, e que expressa a glicoproteína spike do SARS-CoV-2. É produzida em células renais embrionárias humanas geneticamente modificadas.
Já a vacina Covid-19 Inativada (Coronavac) é uma vacina com vírus inativado. Nesse caso o vírus (SARS-CoV-2) está morto ou inativado, o que o impede de se replicar e causar infeção, mas induz uma resposta imunológica de memória. Além disso, se combina com sal de alumínio, que também ajuda a estimular a resposta imunológica.
No mundo
As mais usadas no mundo são a Moderna e a Pfizer-BioNtec, que são vacinas gênicas, muito modernas e parecidas. São produzidas mais rapidamente e baseadas na tecnologia do RNA-mensageiro (é produzido um trecho do RNA da proteína spike, que desencadeia a resposta do sistema imunológico). Elas já vinham sendo estudadas para outros vírus, como o Influenza, o que contribuiu para a produção em tempo recorde, junto ao grande aporte financeiro.
O maior problema da Pfizer-BioNtec, contudo, é a necessidade de ser mantida a -70 °C. A Moderna dura 30 dias em refrigeração (2 a 8 °C) e seis meses em -20 °C.
Outros exemplos de vacinas recombinantes, como a da Oxford, são a da Johnson & Johnson e a Gamaleya (esta desenvolvida na Rússia). A da Johnson provou ser muito eficiente com uma dose apenas, o que é um grande diferencial.
Todas essas vacinas são eficientes, e exceto a da Johnson (uma dose), necessitam de duas doses, que devem ser aplicadas em um intervalo de três a quatro semanas. Quem tomar a Oxford-AstraZeneca pode receber a segunda dose de quatro a 12 semanas depois da primeira.
2. Posso tomar a vacina?
Pessoas saudáveis com mais de 18 anos e que não estejam grávidas podem se vacinar. E mesmo aquelas com condições de saúde específicas também estão aptas a receber o imunizante. Veja cada caso:
A resposta é sim, posso me vacinar, se:
- Já tive Covid.
- Sou idoso.
- Tenho HIV, asma, DPOC, cirrose, diabetes, cardiopatia, câncer tratado ou em tratamento, pressão alta, epilepsia, doença autoimune.
- Tenho alergia alimentar.
- Tenho alergia forte ao ovo.
- Tenho alergia a outras vacinas.
- Estou tomando corticoide, imunossupressor, imunobiológico, imunoglobulina, antibiótico.
- Tive febre há mais de 24h.
- Tomei vacina para outras doenças.
Nos casos a seguir, a resposta provavelmente é sim, mas discuta primeiro com seu médico:
- Fiz transplante de órgãos sólidos ou de medula óssea.
- Estou amamentando.
- Tomo anticoagulante ou tenho distúrbio de coagulação (nesse caso, tenha cuidado no local da aplicação: faça compressão e use gelox, ou converse com o seu médico sobre as melhores precauções).
A resposta é não, não posso me vacinar, se:
- Estou grávida.
- Tenho menos de 18 anos.
- Tive febre nas últimas 24h ou estou com febre (> 37,5 °C).
3. Posso ter alergia à vacina?
Nenhuma dessas vacinas induz reações alérgicas importantes. Todas são muito seguras. Raríssimos casos de anafilaxia (reação caracterizada por sintomas como irritação na pele e náuseas) com a vacina da Pfizer-BioNtec foram relatados, mas todos contornados com medicação.
Entre seus componentes, a Coronavac usa como excipiente o hidróxido de alumínio, hidrogenofosfato dissódico, di-hidrogenofosfato de sódio, cloreto de sódio, água para injetáveis e hidróxido de sódio para ajuste de pH – mas não há registro de alergia a nenhum deles.
Já a vacina da Oxford-Astra-Zeneca usa com excipiente L-Histidina, cloridrato de L-histidina monoidratado, cloreto de magnésio hexaidratado, polissorbato 80, etanol, sacarose, cloreto de sódio, edetato dissódico di-hidratado (EDTA) e água para injetáveis – também sem registro de alergias.
4. Quais são os efeitos colaterais após a vacinação?
Separei conforme a vacina para Covid-19:
Muito comuns (≥ 10%):
- Coronavac: dor no local, cansaço, fadiga, dor de cabeça.
- Oxford: dor de cabeça, náusea, dor muscular, dor nas articulações, alteração no local da injeção, febre, calafrios, fadiga, mal-estar.
Comuns (> 1% e < 10%):
- Coronavac: edema (inchaço na pele), prurido (irritação na pele), enduração no local da injeção, náusea, diarreia, dor muscular, tosse, coceira na pele, nariz escorrendo, dor de garganta, congestão nasal.
- Oxford: vômito, endurecimento no local da injeção, febre ≥ 38 °C.
Incomuns (< 1%):
- Coronavac: hematoma no local da injeção, vômitos, febre, exantema (lesão avermelhada na pele), dor de garganta, espirros, tontura, dor abdominal, sonolência, mal-estar, rubor (vermelhidão no rosto), dor ou desconforto nas extremidades, dor nas costas, vertigem, edema, dispneia (dificuldade respiratória), diminuição do apetite.
- Oxford: tontura, dor abdominal, prurido, erupção cutânea, transpiração excessiva, diminuição do apetite, linfadenopatia.
5. Posso pegar Covid-19 após tomar as duas doses da vacina?
Pode sim. Não existe vacina que dê 100% de proteção. Além disso, depende também da quantidade do vírus circulando. Mas, se você for contaminado depois de vacinado, a chance de desenvolver uma forma moderada ou grave da doença é mínima. E lembre-se: mesmo depois de receber a vacina para Covid-19, para se proteger, os cuidados contra o vírus continuam, como fazer uso de máscara, manter o distanciamento social e evitar ambientes fechados e aglomeração.
Leia também
Dra. Maria de Lourdes Teixeira da Silva é médica, mestre em Gastroenterologia , Especialista em Nutrição Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral – SBNPE, Coordenadora das EMTNs do Hospital BP e Mirante e Diretora do Ganep Educação.