Pacientes com câncer apresentam um alto risco de desnutrição. Baixa ingestão alimentar, aumento das demandas energéticas, catabolismo e inflamação são algumas das causas para a depleção de energia e nutrientes na oncologia.
Estudos anteriores apontam que a desnutrição está particularmente presente em pacientes oncológicos cirúrgicos, normalmente associada a desfechos clínicos negativos.
Em uma nova pesquisa, estudiosos buscaram avaliar a prevalência e o impacto da desnutrição energético proteica em pacientes oncológicos submetidos à cirurgia. Continue lendo para descobrir os resultados.
Metodologia: mais de 1 milhão pacientes participaram do estudo
Os autores utilizaram o banco de dados “Nationwide Inpatient Sample” (NIS), selecionando dados de 1.335.681 pacientes oncológicos entre 18 a 90 anos.
O NIS forneceu informações sociodemográficas e clínicas, incluindo diagnósticos primários e secundários, procedimentos de internação, cirurgias realizadas, custos hospitalares, dentre outras.
Para a seleção dos participantes da pesquisa, os autores incluíram aqueles que haviam realizado cirurgias oncológicas de grande porte, sendo estas:
- Colectomia;
- Cistectomia;
- Esofagectomia;
- Gastrectomia;
- Histerectomia;
- Ressecção pulmonar;
- Pancreatectomia;
Os desfechos primários foram os desfechos perioperatórios: mortalidade, custos totais, tempo de internação, e complicações.
O câncer gastrointestinal foi o mais associado à desnutrição
Dentre os pacientes analisados, 7,1% apresentavam desnutrição. Os pacientes mais propensos eram aqueles mais velhos, do sexo feminino, negros e com renda mais baixa. Os autores destacam a importância de oferecer suporte nutricional a estes grupos de risco.
Pacientes com câncer gastrointestinal tiveram a maior prevalência de desnutrição, com destaque para o câncer de esôfago (24%), câncer gástrico (22%), câncer de pâncreas (19%) e câncer de cólon (15%). Por outro lado, pacientes com câncer de útero e câncer de próstata apresentam as menores taxas de desnutrição.
É razoável que a desnutrição tenha sido mais comum em pacientes com câncer gastrointestinal, considerando seus efeitos colaterais típicos (náusea, vômito, anorexia, diarréia, disfagia e má absorção).
O procedimento cirúrgico com maior risco de desnutrição foi a colectomia (51%), seguido de pancreatectomia (13%), ressecção pulmonar (12%) e gastrectomia (9%). Além disso, a ressecção pulmonar e a colectomia foram associadas a maiores taxas mortalidade (10% e 8%, respectivamente).
Quais os riscos da desnutrição em pacientes oncológicos?
Diversos foram os riscos associados à desnutrição em pacientes oncológicos:
- Piores resultados perioperatórios após a cirurgia;
- Maior necessidade de ventilação mecânica;
- Maior risco de complicações;
- Maior taxa de mortalidade (7.7%. vs 1.2% em pacientes sem desnutrição);
- Custo total mais alto (R$ 185 vs R$ 87);
- Maior tempo de internação (14 dias vs 4 dias).
As complicações mais prevalentes nos pacientes oncológicos desnutridos foram: insuficiência renal (23%), pneumonia (21%), síndrome do desconforto respiratório do adulto (14%) e choque séptico (10%).
Por fim, também houve maior risco de problemas cardíacos (como AVC e infarto), o que pode resultar dos altos níveis de inflamação, progressão da aterosclerose, alterações estruturais cardíacas e ocorrência de insuficiência cardíaca.
Conclusão
Os autores constacaram que a desnutrição energético proteica teve um impacto severo na mortalidade, nas complicações, no custo total e na permanência hospitalar de pacientes oncológicos submetidos a cirurgias.
Sendo assim, é crucial a identificação precoce e tratamento médico adequado da desnutrição em oncologia, principalmente para os grupos de risco. Deste modo, melhores resultados pós-operatórios serão possíveis.
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Referência
JIN, Jiewen et al. Protein-energy malnutrition and worse outcomes after major cancer surgery: A nationwide analysis. Frontiers in Oncology, v. 13, 2023.
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