Ícone do site Nutritotal PRO

Dieta mediterrânea preserva função renal em pacientes com DAC

dieta mediterrânea

A função renal é altamente influenciada pelos hábitos alimentares, que desempenham um importante papel na prevenção de doenças dos rins. Pensando nisso, um novo estudo europeu buscou investigar a eficácia de diferentes dietas, incluindo a mediterrânea, na preservação da função renal em pacientes com Doença Arterial Coronariana (DAC).

Em primeiro lugar, sabe-se que a Doença Arterial Coronariana faz parte do grupo das doenças cardiovasculares, que se relacionam intrinsecamente com a Doença Renal Crônica (DRC). Por sua vez, a DRC é caracterizada por um declínio da função renal relacionado à idade, e acelerada pela diabetes tipo 2.

Ultimamente, o estilo de vida e os hábitos alimentares têm demonstrado influenciar a função renal, devido à redução dos fatores de risco cardiovasculares associados à DRC. Neste contexto, a dieta mediterrânea vem sendo reconhecida pela sua capacidade de reduzir tais fatores de risco.

dieta mediterrânea

Fonte: Shutterstock

 

Duas dietas foram aplicadas

Considerando o contexto descrito até aqui, este estudo prospectivo realizado na Espanha teve por objetivo avaliar a eficácia de duas dietas distintas, de modo a retardar o comprometimento da função renal em pacientes com doença coronariana.

Do total de 1.002 participantes coronarianos com idade de 20 a 75 anos, 853 permaneceram até o final dos 5 anos do estudo. Os voluntários foram estratificados aleatoriamente nos dois grupos de dieta, com diferentes consumos percentuais de macronutrientes, tais como descritos na tabela abaixo.

 

Dieta mediterrânea

(n = 447)

Dieta recomendada pelo “National Cholesterol Education Program”

(n = 416)

Carboidratos ≦ 50% 55%
Gorduras ≧ 35% ≦ 30%
Proteínas 15% 15%

 

Embora ambas as dietas compartilhem de algumas características (<300 mg de colesterol por dia, alta ingestão de vegetais, frutas, legumes e grãos integrais), os pacientes em dieta mediterrânea também apresentaram uma alta ingestão de peixe, nozes e azeite, juntamente a uma baixa ingestão de doces, produtos de panificação comercial, carnes vermelhas e processadas.

Por fim, a função renal dos participantes foi avaliada no início e após 5 anos de intervenção dietética, através da taxa de filtração glomerular, estimada com base na creatinina sérica (eGFR), sendo classificada em:

  • eGFR normal: 90 mL/min/1,73 m²;
  • eGFR levemente prejudicada: 60 a <90 mL/min/1,73 m²;
  • eGFR gravemente comprometida: < 60 mL/min/1,73 m².

 

Dieta mediterrânea trouxe benefícios para a função renal

Geralmente, o declínio progressivo da função renal é um processo natural do envelhecimento, sendo que as doenças crônicas (como a doença coronariana) agravam ainda mais esse declínio.

No entanto, no grupo de pacientes coronarianos sob dieta mediterrânea, a taxa média anual de declínio de eGFR permaneceu abaixo do comum. Além disso, quando comparada a dieta de baixo teor de gordura, a dieta mediterrânea obteve uma taxa de declínio de 1,58 mL/min/1,73 m² menor.

Em outras palavras, esses resultados apoiam a ideia de que a dieta mediterrânea preservou a função renal em pacientes com a doença coronariana.

Esses efeitos positivos foram ainda maiores em pacientes com taxa de filtração glomerular levemente prejudicada. Neste grupo, a dieta mediterrânea teve a capacidade de retardar o declínio de eGFR, enquanto a dieta com baixo teor de gordura não teve o mesmo resultado.

 

Em pacientes diabéticos, os resultados também foram positivos

Dada a maior taxa de desenvolvimento de disfunção renal em populações diabéticas, os dados também apontaram que, dentre os pacientes com doença coronariana, aqueles que também apresentavam DM2 eram mais propensos a se beneficiarem com a dieta mediterrânea. Novamente, houve um menor declínio da eGFR, portanto, preservação da função renal.

Esse efeito pode ser explicado pelo impacto positivo da dieta mediterrânea nos fatores de risco cardiometabólicos e, diferente do que sugeriram outros estudos, também na redução da resistência à insulina. Além disso, a dieta também possui a capacidade de reduzir os níveis de compostos com ação oxidante e pró-inflamatória encontrados em concentrações aumentadas nos diabéticos, e intimamente envolvidos com a doença renal.

 

Intervenções dietéticas são importantes

Como visto, a dieta mediterrânea gerou benefícios na preservação da função renal de pacientes com doença coronariana.

Esses achados comprovam os benefícios clínicos desta dieta no contexto da prevenção secundária de doenças cardiovasculares, além de reforçarem a importância de intervenções dietéticas saudáveis ​​para minimizar o comprometimento renal.

 

Leia também:

Consumo de Frutas e Vegetais e Risco de Doença Coronariana

Estilo de vida pode alterar risco genético de doença coronariana

Dieta mediterrânea e risco de mortalidade: efeitos sobre pessoas obesas

 

Referência:

PODADERA-HERREROS, Alicia, et al. Long-term consumption of a Mediterranean diet or a low-fat diet on kidney function in coronary heart disease patients: the CORDIOPREV randomized controlled trial. Clinical Nutrition, 2022.

 

 

Sair da versão mobile