Dieta mediterrânea ou hiperproteica: resultados sobre a resistência à insulina

Postado em 24 de fevereiro de 2022

Microbioma intestinal afeta de maneira diferente a variabilidade glicêmica em cada dieta

dieta resistência à insulina

Fonte: Shutterstock

A resistência à insulina é um distúrbio metabólico comumente causado pelos hábitos alimentares não saudáveis e estilo de vida sedentário. Por isso, mudanças alimentares podem impactar positivamente no controle glicêmico e na perda de peso, prevenindo essa resistência e seu possível avanço para o diabetes.

Dois padrões dietéticos amplamente conhecidos por seus efeitos na perda de peso e prevenção de doenças crônicas são a dieta mediterrânea que tem como base um alto consumo de frutas, verduras e legumes, carnes magras e azeite e a dieta hiperproteica que oferece, como o nome sugere, um alto teor de proteínas, além de gorduras e baixa quantidade de carboidratos.

Considerando os benefícios dessas dietas apresentados em outros estudos, uma nova pesquisa decidiu investigar a ação metabólica desses padrões alimentares em mulheres obesas com resistência à insulina.

Como o estudo se desenvolveu

Nesse ensaio dietético controlado por crossover randomizado, 16 mulheres com idade entre 20 e 57 anos, IMC de 35 a 64 kg/m², resistentes à insulina (HOMA-IR* ≥ 3) e capazes de realizar atividade física receberam por 21 dias duas intervenções dietéticas: hipocalórica mediterrânea ou hiperproteica, sendo que na metade desse período havia a troca da dieta para que todas as participantes passassem por ambas.

No primeiro dia da intervenção, foram obtidos de cada paciente a altura, o peso, as circunferências da cintura e do quadril, a pressão arterial, a frequência cardíaca e a composição corporal. Também foi calculado o gasto energético de repouso e o gasto total de energia. A adesão à dieta foi observada pelas enfermeiras.

Foram realizadas coletas de amostras de sangue em jejum para insulina, colesterol total, LDL, HDL e triglicérides e amostras de fezes para análise da microbiota intestinal. As medições e coletas foram repetidas quatro vezes durante as consultas clínicas e os níveis de glicose foram acompanhados continuamente através de um sistema de monitoramento.

Dieta mediterrânea x Dieta hiperprotéica

Quanto à redução de peso corporal, alterações no IMC, na pressão arterial e na microbiota intestinal, as duas dietas apresentaram resultados semelhantes. Porém, na resistência à insulina, a dieta hiperproteica resultou em maior redução dos níveis desse hormônio em relação à dieta mediterrânea, apontados pelo HOMA-IR com variação média da linha de base de -0,996 (IC95%: −2,11, 0,12) e 0,32 (IC 95%: −0,32, 0,96).

A concentração de glicose também reduziu mais durante a dieta hiperproteica, mas, foi uma diferença menos significativa se comparada aos níveis de insulina.

Outro dado relevante nesse estudo é a variabilidade glicêmica, um fator de risco para o desenvolvimento e complicações de diabetes tipo 2, que também apresentou melhores resultados na dieta hiperproteica com redução dessa variabilidade.

Ao avaliar as amostras de fezes, os pesquisadores observaram que Eubacterium xylanophilum, Desulfovibrio, Terrisporobacter, Clostridium sensu stricto e Coprococcus atuaram de maneira positiva na variabilidade glicêmica após a dieta hiperproteica, sugerindo que esses gêneros podem desempenhar um papel importante na melhoria da homeostase de glicose hospedeira, em especial nessa dieta.

Afinal, qual dieta melhorou o controle da resistência à insulina? 

Observando esses resultados, os autores dessa pesquisa concordam que a dieta hiperproteica apresenta maior redução da resistência à insulina e da variabilidade da glicose, parâmetros que demonstram que esse padrão alimentar é eficaz não somente na perda de peso, mas na prevenção da diabetes tipo 2. Entretanto, o estudo foi realizado em um curto período, sendo necessário testar essa hipótese a longo prazo também.

*HOMA-IR: índice que avalia e mensura a resistência à insulina através de exames de sangue

 

Referência

Tettamanzi F, Bagnardi V, Louca P, Nogal A, Monti GS, Mambrini SP, Lucchetti E, Maestrini S, Mazza S, Rodriguez-Mateos A, Scacchi M, Valdes AM, Invitti C, Menni C. A High Protein Diet Is More Effective in Improving Insulin Resistance and Glycemic Variability Compared to a Mediterranean Diet—A Cross-Over Controlled Inpatient Dietary Study.

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