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Doença Celíaca: efeitos a longo prazo da dieta sem glúten

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A doença celíaca (DC) é uma doença inflamatória de efeitos crônicos, que afeta majoritariamente o intestino, como uma resposta autoimune à intolerância ao glúten (proteína do trigo). A dieta sem glúten, atualmente, é o tratamento de primeira linha para essa doença. Contudo, alguns efeitos adversos podem derivar desse padrão alimentar, quando seguido por muito tempo. Em uma recente pesquisa, esses efeitos a longo prazo foram investigados. Continue lendo para descobrir os desfechos.

Doença CelíacaFonte: Dragana Gordic/Shutterstock.com

Dieta sem glúten a longo prazo: relatos anteriores

Anteriormente, a literatura científica já havia estudado alguns possíveis efeitos da dieta sem glúten (DSG) a longo prazo.

Alguns malefícios encontrados diziam respeito à ingestão energética reduzida, deficiências em nutrientes essenciais (como vitamina D e cálcio), risco aumentado de doenças crônicas (obesidade, diabetes, esteatose hepática), metabolismo ósseo prejudicado, baixos índices de massa corporal (IMC) e gordura corporal, entre outros.

Por outro lado, a dieta sem glúten permanece sendo a terapia mais assertiva para aliviar os danos intestinais em pacientes com DC, além de existirem pesquisas sobre sua capacidade de reduzir distúrbios neurológicos nesses doentes.

Como se deu o presente estudo

Nesta nova pesquisa transversal realizada na Arábia Saudita, 51 pacientes com DC foram acompanhadas durante 4 meses (agosto a dezembro de 2021), de modo a avaliar os efeitos da dieta sem glúten no estado nutricional, na composição corporal e outros fatores associados.

Os critérios de inclusão de pesquisa foram focados em pacientes do sexo feminino, com idade média de 33 anos, teste positivo para anticorpos anti-tTG, com diagnóstico de doença celíaca, seguindo uma dieta sem glúten há pelo menos um ano, sem ingestão de nenhum suplemento nutricional e sem outras comorbidades.

A coleta de dados sobre ingestão dietética se deu por meio de questionários estruturais de três dias. Para analisar os resultados, os parâmetros foram comparados com diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Os parâmetros antropométricos coletados foram: peso corporal, circunferência da cintura, IMC, gordura corporal, gordura visceral e relação cintura-quadril. Por fim, também realizou-se o hemograma completo de cada paciente.

A dieta sem glúten a longo prazo afetou o estado nutricional

Os resultados da pesquisa mostraram que a ingestão dietética das pacientes estava deficiente para diversos nutrientes, sendo eles: gordura, proteína, fibra, ferro, fósforo, cobre, cálcio, folato e vitamina A.

Em relação aos testes sanguíneos, a maioria dos parâmetros estavam normalizados, porém vitamina D e PDW (largura de distribuição de plaquetas, marcador de doenças inflamatórias) estavam significativamente baixos. Em contrapartida, PCT (procalcitonina) estava com níveis elevados.

Para as variáveis antropométricas, a maioria das pacientes (51%) apresentavam IMC normal, seguidas por 27.5% acima do peso, e 4.7% classificadas como obesas. Apesar da maioria delas estar em eutrofia, muitas apresentam uma Razão Cintura Estatura inadequada, ou baixa (51%) ou alta (43.1%). Para a gordura corporal, os níveis também estavam diminutos em 43.1% das participantes. Além disso, a maioria das mulheres apresentou valores de gordura visceral diminuídos (60.8%) em relação àquelas com gordura visceral elevada (13,7%).

Estes resultados mostram que a maioria das mulheres em dieta sem glúten à longo prazo estavam com o estado nutricional inadequado. Esse achado pode ser explicado por uma ingestão significativamente baixa de micro e macronutrientes em relação às DRIs, e é consistente com a literatura.

Por fim, alguns fatores socioeconômicos se correlacionaram de maneira positiva com o estado nutricional, sendo eles a idade, o tipo de residência, a ocupação e o estado civil. Já outros fatores afetaram negativamente, tais como a baixa escolaridade, a depressão, a ansiedade, a recusa em participar de atividades sociais, e o alto custo da dieta sem glúten.

Conclusão

Seguir uma dieta sem glúten a longo prazo gerou uma baixa ingestão de diversos nutrientes essenciais, além
de afetar o estado nutricional. Com algumas exceções, os valores dos parâmetros sanguíneos foram comparáveis aos de pessoas saudáveis.

A escolaridade e alguns fatores psicossociais tiveram alto impacto no estado nutricional dos participantes. Para os autores, esses achados sugerem que os cuidados psicossociais, além das recomendações dietéticas já existentes, têm o potencial de melhorar o bem-estar do paciente com DC.

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Referência

ALHOSAIN, Aeshah Ibrahim et al. Long-Term Effect of Gluten-Free Diets on Nutritional Status, Body Composition, and Associated Factors in Adult Saudi Females with Celiac Disease. Nutrients, v. 14, n. 10, p. 2090, 2022.

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