Diretriz Europeia sobre deficiência de vitamina D

Postado em 5 de maio de 2022

Dependendo da gravidade da deficiência e condições clínicas relacionadas, a suplementação pode variar de 800 a 10.000 UI por dia

A vitamina D,  sintetizada na pele após a exposição solar, é crucial para a saúde musculoesquelética. No entanto, ela possui altas taxas de deficiência ao redor do mundo, e as ações para melhorar esse problema são desafiadas pela falta de concordância entre as diretrizes, no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento.

deficiência vitamina D

Fonte: Shutterstock

Tendo em vista este cenário, um painel de especialistas europeus elaborou uma nova declaração de consenso, se tratando de aspectos fundamentais na prática clínica para a prevenção, diagnóstico e tratamento da deficiência de vitamina D em adultos. Confira seus posicionamentos a seguir.

 

Triagem da deficiência de vitamina D 

A tabela abaixo descreve o sistema de classificação do status da vitamina D recomendado pelo grupo:

deficiência de vitamina D.

Em relação à triagem, o painel de especialistas recomenda:

  • Avaliações frequentes de 25(OH)D (calcifediol) em grupos de indivíduos propensos à deficiência, tais como: pacientes com osteoporose, doença renal crônica, insuficiência hepática, síndromes de má absorção, doenças autoimunes crônicas, gestantes e lactantes, pacientes institucionalizados/hospitalizados, idosos (>65), pessoas com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m²), indivíduos com pigmentação de pele escura, entre outros.
  • Em suspeita de problemas de saúde relacionados, principalmente em indivíduos com concentrações de 25(OH)D < 10 ng/mL, deve-se considerar a avaliação de parâmetros laboratoriais adicionais: cálcio sérico, fosfato, fosfatase alcalina, hormônio da paratireóide (PTH), creatinina e magnésio.
  • Avaliação de outros parâmetros (como cálcio e creatinina séricos) são aconselhadas em pacientes com concentrações de 25(OH)D acima de 100 ng/mL, pois o excesso de oferta de vitamina D pode levar a hipercalciúria, hipercalcemia, doença renal aguda e calcificação vascular.

 

Como prevenir a deficiência de vitamina D?

O painel recomenda a suplementação de vitamina D de pelo menos 800 UI por dia, de modo a atingir um nível de vitamina D de pelo menos 20 ng/mL.

Em alguns grupos, essa suplementação deve se elevar. Devido a diminuição da síntese cutânea em idosos (>65 anos), por exemplo, é indicada a suplementação de 800 a 2.000 UI por dia ao longo do ano. A mesma dose é recomendada para indivíduos hospitalizados ou institucionalizados, e mulheres que planejam ou estão em processo de gravidez/lactação.

Em algumas condições específicas, como obesidade, síndromes de má absorção ou pigmentação de pele escura, a suplementação pode alcançar até 4.000 UI por dia.

Como os metabólitos da vitamina D são armazenados na gordura e em outros tecidos e liberados gradualmente na circulação sanguínea, um regime de suplementação diária, semanal ou mensal é igualmente eficaz e seguro, se as doses únicas não forem excessivamente altas (> 50.000 UI).

Ademais, devido às evidências quanto aos benefícios clínicos e resposta à dose, o grupo demonstrou preferência pela vitamina D3 (colecalciferol) em relação à vitamina D2 (ergocalciferol), para a suplementação.

 

Como tratar a deficiência de vitamina D?

Para tratar níveis de 25(OH)D abaixo de 20 ng/mL, a dose de 800 UI por dia se mostra suficiente, tendo em vista que, no geral, 100 UI de vitamina D ao dia é capaz de aumentar as concentrações séricas em cerca de 1 ng/mL.

Contudo, para atingir o status de suficiência (30 a 50 ng/mL), as doses recomendadas estão na faixa de 1.500 a 2.000 UI por dia, ou até mais.

Em alguns casos, é clinicamente indicada uma rápida correção da deficiência. Para isso, são necessárias doses diárias mais altas, de 6.000 UI por dia, e em alguns casos, até 10.000 UI por dia. Então, quando o nível de suficiência for atingido, indica-se uma dose de manutenção de 800 a 2000 UI/dia.

As indicações clínicas para uma rápida correção incluem:

  1. Concentrações extremamente baixas;
  2. Redução das concentrações de cálcio;
  3. Obesidade
  4. Osteomalácia;
  5. Hiperparatireoidismo secundário;
  6. Osteoporose com alto risco de fratura;
  7. Má absorção (fibrose cística, doenças inflamatórias intestinais, cirurgia bariátrica, etc);
  8. Tratamento com medicamentos que influenciam o metabolismo da vitamina D (anticonvulsivantes, glicocorticóides, medicamentos para AIDS, agentes antifúngicos, colestiramina).

 

O tratamento deve ter a duração de 4 a 12 semanas, a depender do nível de gravidade da deficiência. Aproximadamente seis a doze semanas após seu início, a eficácia poderá ser avaliada pela avaliação de 25(OH)D.

Por fim, os autores enfatizam que mudanças no estilo de vida também são eficazes na melhora dos níveis de vitamina D, e devem auxiliar no tratamento: exposição solar moderada, atividade física regular, e prevenção/redução da obesidade.

 

Para saber mais, clique aqui e acesse o documento na íntegra.

 

Referência:

PLUDOWSKI, Pawel et al. Clinical Practice in the Prevention, Diagnosis and Treatment of Vitamin D Deficiency: A Central and Eastern European Expert Consensus Statement. Nutrients, v. 14, n. 7, p. 1483, 2022.

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