NP Domiciliar: resultados do uso a longo prazo

Postado em 6 de junho de 2022

De modo geral, os desfechos clínicos positivos se sobressaíram em relação às complicações

A terapia nutricional parenteral é indicada para pacientes que não conseguem atingir suas necessidades nutricionais apenas com a via oral e enteral. Em alguns indivíduos, a nutrição parenteral (NP) é indicada por longos períodos. Nestes casos, a NP domiciliar pode ser indicada para trazer mais conforto e familiaridade ao indivíduo, em comparação ao ambiente hospitalar. Mas será que ela é eficaz a longo prazo?

nutrição parenteral domiciliar

Fonte: Shutterstock

NP domiciliar na insuficiência intestinal

A insuficiência intestinal é uma das diversas condições que pode ser indicativa da NP domiciliar. Segundo a ESPEN, esta enfermidade reduz a função intestinal abaixo do mínimo necessário para a absorção de macronutrientes, água e eletrólitos, de modo que a suplementação intravenosa é necessária para manter a saúde.

A insuficiência intestinal pode ser dividida em três tipos (I, II e II).  Enquanto o tipo I necessita de terapia nutricional apenas por curto prazo, o tipo II é uma condição subaguda, que pode vir a requerer nutrição parenteral por semanas ou meses. Já o tipo III é uma condição crônica, com pacientes metabolicamente estáveis ​​necessitando de NP ao longo dos anos, às vezes durante toda a vida.

Desse modo, para os tipos de maior gravidade (II e III), a NP domiciliar a longo prazo é a base do tratamento, com administração de macro e micronutrientes, fluidos e eletrólitos, por meio de um cateter venoso central na casa do paciente.

No entanto, devido à raridade de casos de insuficiência renal destes tipos, estudos sobre os efeitos da NP domiciliar a longo prazo nesta condição são escassos. Pensando nisso, uma pesquisa retrospectiva de 10 anos de duração buscou avaliar o impacto da NP domiciliar sobre o estado nutricional e a sobrevida destes pacientes, bem como suas possíveis complicações.

Para isso, um total de 13 pacientes de um hospital português foram analisados. Confira os resultados do estudo a seguir.

 

Desfechos positivos da NP domiciliar a longo prazo

No estudo em questão, a duração média da nutrição parenteral domiciliar foi de 23 meses.

Absolutamente todos os pacientes melhoraram seu IMC durante o período de seguimento, sendo que a média do IMC passou de 18.9 kg/m² no início para 23.5 kg/m² ao final.

Em relação ao desfecho clínico, 4 pacientes conseguiram interromper o suporte parenteral domiciliar e retomar a ingestão oral. 2 deles possuíam insuficiência intestinal tipo II, e 2 possuíam o tipo III.

Outros 4 pacientes necessitaram manter a NP domiciliar (todos com insuficiência intestinal tipo III).

 

Desfechos negativos 

Do total de 13 pacientes acompanhados, 5 deles faleceram. Em relação às causas de morte, 3 deles morreram com infecção aguda e 2 morreram por comorbidades associadas. Não havia mortes relacionadas à nutrição parenteral domiciliar.

Além disso, 8 pacientes foram internados por complicações relacionadas ao cateter (média de internações de 2,25 por paciente). Do total de 18 internações, as infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres representaram a maior causa de internações hospitalares. Outras complicações relacionadas ao cateter incluíram exteriorização/disfunção do cateter e trombose venosa.

 

O que concluem os autores?

Apesar das complicações relatadas, nenhuma morte foi advinda da nutrição parenteral domiciliar. Na verdade, a NP domiciliar melhorou significativamente o IMC dos pacientes, e, portanto, seu estado nutricional. Por isso, os autores sugerem que o suporte parenteral domiciliar a longo prazo pode ser uma terapia eficaz.

Assim, a NP domiciliar continua sendo a terapia padrão-ouro de sustentação da vida de pacientes com insuficiência intestinal de longo prazo.

 

Para ler o estudo completo, clique aqui.

 

Leia também



Cadastre-se e receba nossa newsletter