Por vezes, a mulher durante o planejamento da gravidez acredita que a preocupação com a alimentação deve começar apenas quando a gestação já foi concebida. É preciso saber, no entanto, que uma gestação saudável não é só influenciada pelos hábitos adotados durante esse período, mas também, pelo estilo de vida e alimentação preconcepção.
A fim de investigar mais a fundo a associação das dietas com o período preconcepção e o risco de complicações comuns na gravidez, um estudo avaliou a dieta de 1.887 gestantes.
As gestantes e as complicações
Entre as mulheres participantes do estudo havia obesas e não obesas que não apresentavam fatores de risco como tabagismo, consumo de álcool e drogas ilícitas. Também foram excluídas da pesquisa mulheres com doenças pré-existentes como diabetes e hipertensão.
Para verificar complicações comuns na gravidez como parto prematuro, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional, os pesquisadores usaram os prontuários das pacientes.
Dietas analisadas
As dietas consideradas saudáveis e adotadas pelas gestantes dessa pesquisa foram uma alimentação saudável alternativa (ASA), dieta mediterrânea (DM) ou dieta de controle para a hipertensão arterial (DCHA).
O estudo
As gestantes selecionadas responderam um questionário de frequência alimentar (QFA) quando estavam de 8 – 13 semanas gestacionais e/ou um recordatório de 24h entre a 16ª e 22ª ou entre a 24ª e 29ª semana gestacional. E quando preencheram o QFA, ele correspondia aos últimos 3 meses vividos pela mulher, contemplando assim, o período preconcepção.
As dietas eram pontuadas em diferentes escalas numéricas que apontavam para uma prática alimentar menos ou mais saudável. Sendo que apesar das suas disparidades, nos três padrões alimentares analisados, vegetais, frutas, grãos integrais, nozes, leguminosas e carne vermelha/processada estavam presentes.
Efeitos da alimentação preconcepção nas complicações da gestação
Nessa análise, 85 das mulheres desenvolveram diabetes gestacional, 61 desenvolveram hipertensão gestacional, 61 tiveram pré-eclâmpsia e 112 tiveram parto prematuro, ou seja, 284 mulheres desse estudo desenvolveram alguma complicação.
E para cada uma dessas complicações percebeu-se uma relação mais intrínseca com algumas das dietas:
- Para partos prematuros, quanto maior o escore da DM e da DCHA, menor o risco de prematuridade nos nascimentos.
- Para diabetes gestacional, quanto maior o escore da ASA entre a 16ª e 22ª semana gestacional, menor o risco de desenvolvimento dessa complicação.
- Para pré-eclâmpsia, o menor risco esteve associado a um maior escore de ASA relatado entre a 24ª e 29ª semana gestacional.
- Para hipertensão gestacional, um maior escore da DCHA entre a 8ª e 13ª semana gestacional representou um menor risco dessa comorbidade.
- Considerando todas as complicações juntas, os três padrões alimentares saudáveis relatados entre a 8ª e 13ª e entre a 16ª e 22ª semana gestacional, foram associados a um menor risco de desenvolver qualquer uma das complicações analisadas.
Sendo assim, os pesquisadores concluíram que uma maior adesão a qualquer um dos 3 padrões alimentares saudáveis – ASA, DM e DCHA – na preconcepção ou até o segundo trimestre, reduziu os riscos de partos prematuros, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional.
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Referência
Mengying Li, Jagteshwar Grewal, Stefanie N Hinkle, Samrawit F Yisahak, William A Grobman, Roger B Newman, Daniel W Skupski, Edward K Chien, Deborah A Wing, Katherine L Grantz, Cuilin Zhang, Healthy dietary patterns and common pregnancy complications: a prospective and longitudinal study, The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 114, Issue 3, September 2021, Pages 1229–1237
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal