O câncer colorretal é um dos tumores malignos mais comuns na população mundial. Dentre as opções de tratamento, a quimioterapia pode trazer efeitos positivos. Porém, as complicações também são comuns, tais como a disbiose intestinal, a diarreia e a dor abdominal. Neste sentido, seriam os probióticos uma opção eficaz para o tratamento auxiliar?
Buscando responder esta pergunta, cientistas chineses buscaram investigar os prováveis benefícios dos probióticos na atenuação dos efeitos adversos em pacientes com câncer colorretal. Será que os resultados foram satisfatórios? Continue lendo para descobrir.
Metodologia: foram 100 pacientes investigados
Neste estudo prospectivo randomizado, foram recrutados 100 pacientes com câncer colorretal, com necessidade de ressecção cirúrgica e quimioterapia. Os participantes foram divididos aleatoriamente em um grupo de intervenção (“Probio”) e um grupo placebo.
Os pacientes do grupo Probio foram instruídos a consumir comprimidos probióticos por via oral, três vezes ao dia. Cada comprimido pesava 0,5 g e continha mais de 0,5 × 106 CFU de B. infants, L. acidophilus, e E. faecalis; e mais de 0,5 × 105 CFU de B. cereus. Ao todo, a intervenção durou seis semanas.
Complicações gastrointestinais foram registrados durante a quimioterapia, tais como náusea, refluxo, dor abdominal, distensão abdominal, constipação e diarreia.
Além disso, amostras fecais foram coletadas para sequenciamento do rRNA 16S, e análise de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).
As complicações gastrointestinais diminuíram
Após a análise dos resultados, os pesquisadores constataram que não houve diferenças significativas nos exames sanguíneos dos dois grupos, indicando que os probióticos não alteraram a eficácia da quimioterapia.
Por outro lado, a administração de probióticos reduziu as complicações gastrointestinais induzidas pelo tratamento, particularmente a diarreia — que foi menor do que no grupo placebo.
Os probióticos restauraram a microbiota intestinal alterada
Foi demonstrado que o tratamento quimioterápico causou mudanças significativas na flora intestinal dos pacientes, dentre elas:
- Redução da diversidade bacteriana;
- Diminuição dos filos Firmicutes e Fusobacteria;
- Aumento dos filos Bacteroidetes, Proteobacteria e Verrucomicrobia.
No entanto, em comparação com o grupo placebo, a microbiota intestinal dos pacientes no grupo “Probio” foi enriquecida com os gêneros Blautia, Haemohilus, Alistipes, Gemmiger e Clostridium; e as famílias Rikenellaceae e Clostridiaceae.
Portanto, esses resultados indicaram que a administração de probióticos pode remodelar as populações bacterianas intestinais perturbadas pelo tratamento oncológico.
A produção de AGCC aumentou
Além das mudanças na microbiota, o tratamento químico para o câncer colorretal também diminiui os níveis dos principais ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).
Porém, a ingestão de probióticos recuperou esses níveis, aumentando a produção de acetato, butirato e propionato. Sugere-se que a recuperação da população bacteriana tenha recuperado a produção destes AGCC.
Taxas adequadas de AGCC garantem a boa regulação do metabolismo energético, e modulam a resposta imune sistêmica. Além disso, esses ácidos inibem a reação inflamatória intestinal e recuperam a homeostase intestinal.
Conclusão
De modo geral, a administração de probióticos no câncer colorretal aliviou as complicações intestinais, protegou contra a disbiose induzida pela quimioterapia, e recuperou a produção de ácidos graxos de cadeia curta. Sendo assim, este pode ser um tratamento promissor na prática clínica.
Os autores sugerem que mais estudos sejam conduzidos para explicar os mecanismos de ação dos probióticos. Além disso, as melhores espécies probióticas, dose ideal e duração da medição devem ser definidas no futuro.
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Referência:
HUANG, Feng et al. Postoperative Probiotics Administration Attenuates Gastrointestinal Complications and Gut Microbiota Dysbiosis Caused by Chemotherapy in Colorectal Cancer Patients. Nutrients, v. 15, n. 2, p. 356, 2023.
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