Coenzima Q10: o que é, quais alimentos são ricos e quais são seus benefícios?

Postado em 27 de abril de 2022 | Autor: Colunistas Convidados

Arte nova Beatriz Ferreira

*Beatriz Ferreira é nutricionista

A coenzima Q10 ou ubiquinona foi descoberta por Frederick Crane e colaboradores em 1957, e trata-se de uma provitamina lipossolúvel, ou seja, é um composto natural presente na natureza e que é produzido pelo nosso corpo.

Ela é encontrada em quantidades variadas em todas as células do corpo humano, contudo, as maiores concentrações de coenzima Q10 são observadas em tecidos com altas necessidades de energia ou atividade metabólica, como coração, cérebro, rim, fígado e músculo esquelético.

Por ser sintetizada pelas células do corpo humano, normalmente o organismo não depende de suprimentos externos de coenzima Q10. No entanto, a síntese interna tende a diminuir com a idade ou pode estar comprometida em condições de doenças.

Como por exemplo, o uso de medicamentos para regular o colesterol (estatinas) podem resultar na deficiência da coenzima Q10. Nessas circunstâncias, ela poderá ser obtida por meio da alimentação e/ou suplementação, a fim de garantir níveis adequados dessa substância no sangue e nos tecidos.

Quais alimentos são ricos em coenzima Q10?

Pequenas quantidades de coenzima Q10 são encontradas em ovos, cereais, grãos e sementes (amendoim, nozes, grão de soja, pistache e feijão azuki), frutas (laranja, morango e abacate), produtos lácteos e vegetais (principalmente espinafre e brócolis).

O consumo diário desses alimentos poderia contribuir com aproximadamente 3 a 5 mg de coenzima Q10. Já as carnes (bovina e de frango) e os peixes, mais especificamente, coxa de frango, coração, arenque e truta apresentam teor particularmente elevado de coenzima Q10 e a ingestão diária desses alimentos forneceria entre 2 a 20 mg desse composto.

A suplementação de coenzima Q10 parece ser segura, com efeitos colaterais mínimos e baixo potencial de interação medicamentosa. Já as doses podem variar entre 50 a 600 mg/dia.

Quais são seus benefícios?

A absorção da coenzima Q10 proveniente da dieta (ou suplemento) ocorre no intestino delgado. Nota-se que a eficiência de absorção da coenzima Q10 ingerida por via oral é geralmente baixa, mas pode ser otimizada quando consumida em sua forma reduzida (ubiquinol) ou em meio lipofílico, ou seja, recomenda-se o consumo associado a uma refeição gordurosa.

Após a absorção, a coenzima Q10 é reduzida a ubiquinol, transportada para o fígado e liberada na circulação. Após administração oral, a concentração máxima de coenzima Q10 ocorre em 6 a 8 horas e tem uma meia-vida de eliminação superior a 30 horas, sendo as principais vias de eliminação a excreção biliar e a fecal.

A coenzima Q10 tem um papel fundamental no fornecimento de energia celular e é considerada um poderoso antioxidante que previne danos oxidativos causados pelos radicais livres, além de ter a capacidade de reciclar e regenerar outros antioxidantes no organismo.

Possui ainda grande importância no tratamento de desordens celulares, neuromusculares e de doenças neurodegenerativas (como doença de Huntington, Parkinson, Alzheimer e esclerose lateral amiotrófica). Sua utilização e benefícios vêm sendo estudados também para o tratamento de doenças cardíacas, diabetes, infertilidade e enxaqueca.

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*Beatriz de Azevedo Muner Ferreira é nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo (2012). Possui aprimoramento em transtornos alimentares pelo Ambulim do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (2013), em Nutrição Clínica no Hospital Geral de Carapicuíba nas áreas de hemodiálise, pediatria e neonatologia (2014). É pós-graduada em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo (2015) e tem especialização em Nutrição Clínica em Pediatria pelo Instituto da Criança – HCFMUSP (2016) e Nutrição Esportiva pelo CEFIT (2019). É mestra em ciências pelo Laboratório de Nutrição e Cirurgia Metabólica do Aparelho Digestivo (LIM 35 – Metanutri) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e é sócia da Clínica Trevitta Saúde. Instagram: @bia.maternutri / @trevittasaude

Referências bibliográficas:

Raizner AE. Coenzyme Q10. Methodist Debakey Cardiovasc J. 2019;15(3):185-191. doi:10.14797/mdcj-15-3-185

Jacobs MAP,  Accursio W. Coenzyme Q10: clinical applications. BWS Journal. 2020; 3, e201100129: 1-7.

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