Dietas restritivas podem auxiliar pacientes com resistência aos medicamentos
A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais prevalentes no mundo. Atualmente, estima-se que aproximadamente 1% da população tenha algum transtorno mental associado a essa condição.
E por mais que a maior parte do tratamento seja farmacológico, nem sempre os medicamentos podem surtir o efeito desejado no controle das crises. Cerca de 30% dos pacientes afetados desenvolvem uma epilepsia resistente aos remédios.
Nesse contexto, para auxiliar na melhora dos sintomas, terapias complementares como a estimulação do nervo e dietas restritivas podem ser indicadas. E para saber como modificar a sua rotina na hora das refeições, separamos a seguir algumas dicas de alimentação para quem tem epilepsia, baseadas em estudos científicos:
Conteúdo
4 dicas de alimentação para quem tem epilepsia
Busque pela alimentação cetogênica
Feita por meio da divisão de macronutrientes, ou seja, repartindo as quantidades de carboidratos, gorduras e proteínas, a dieta cetogênica leva em consideração pratos que tenham cerca de 55% a 60% de gordura, 30% a 35% de proteína e 5% a 10% de carboidratos. Por exemplo, em uma dieta de 2.000 kcal por dia, os carboidratos chegam de 20 a 50g, o que corresponderia de 1 a 6 colheres de sopa de arroz branco e 1 concha rasa de feijão, ou de 1 a 4 fatias de pão de forma integral ao todo no dia.
Esse tipo de alimentação tem sido usada há bastante tempo para tratar a epilepsia refratária em crianças e adultos, em especial, àqueles que não podem ser candidatos à cirurgias e medicamentos. A dieta cetogênica pode não apenas suprimir as convulsões, mas também modificar o curso da doença.
Porém, vale ressaltar que ela deve ser indicada somente por um nutricionista, e precisa de acompanhamento regular para ser feita de forma adequada no dia a dia do paciente.
Conheça a dieta Atkins
Com um teor ainda mais alto de gordura (65%) e mais baixo de proteína (25%) e carboidratos (10%), a alimentação Atkins costuma ser mais palatável e menos restritiva do que a cetogênica no dia a dia, podendo ser indicada para crianças ou pacientes com problemas comportamentais.
Nela, não há limitação na ingestão de líquidos, calorias ou proteínas, mas há restrição de carboidratos, com ingestão máxima de 10 a 20 g/dia em crianças e 15 a 20 g/dia em adultos. Junto a ela, recomenda-se a ingestão diária de complexos multivitamínicos e suplementos de carbonato de cálcio, com supervisão nutricional.
Reduza o índice glicêmico
Dentro do contexto de alimentações ricas em gorduras e com baixa quantidade de carboidratos, há também estudos que comprovem a importância de priorizar apenas fontes calóricas que possuam um baixo índice glicêmico. Alimentos com o IG abaixo de 50, como carnes, laticínios, algumas frutas, grãos integrais e alguns tipos de pão podem ser parte do cardápio nesse contexto.
Fuja dos adoçantes
É importante ter cuidado com o consumo de determinados alimentos ultraprocessados que levem adoçantes industrializados como o aspartame e a sucralose. Nesses casos, eles podem acabar estimulando os nervos cerebrais, sendo contraindicados para quem sofre de crises epilépticas.
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E quanto ao canabidiol?
Em alguns casos, o uso do óleo extraído do canabidiol de forma sublingual pode ser utilizado em pacientes para evitar as crises de epilepsia. O uso é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) perante uma receita médica. Ainda assim, a oferta é limitada e de difícil acesso.
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*Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
Referência bibliográfica:
Alberto V. et al. Diet in the Treatment of Epilepsy: What We Know So Far. Nutrients, 2020.
Yanqing F. et al. Metabolic Control of Epilepsy: A Promising Therapeutic Target for Epilepsy. Frontiers In. 2020.
Alessandro L. et al. Food and Food Products on the Italian Market for Ketogenic Dietary Treatment of Neurological Diseases. Nutrients, 2019.
STJ, 2019.
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