Você já ouviu falar sobre síndrome metabólica? Esta condição é a combinação de um conjunto de fatores que aumentam o risco de uma pessoa desenvolver doenças cardiometabólicas, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Entre as condições associadas à síndrome metabólica, estão a resistência à insulina (quando as células do corpo não respondem a ação da insulina para diminuir o açúcar livre no sangue), obesidade, pressão alta, hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) e dislipidemia (principalmente alterações no HDL-c, o colesterol bom, e nos triglicérides).
Sabe-se que existem fatores genéticos que predispõem o indivíduo a esses diagnósticos, mas o dia a dia também tem uma contribuição importante. Uma pesquisa que acompanhou brasileiros entre 35 e 74 anos revelou que, em 7 anos, 30% do grupo analisado desenvolveu síndrome metabólica.
Saiba o que levou tantas pessoas a desenvolverem a síndrome para poder se prevenir:
Conteúdo
Alimentação, estilo de vida e síndrome metabólica
Na pesquisa, 8.065 adultos foram avaliados para observar uma possível relação entre o consumo de ultraprocessados e o desenvolvimento da síndrome metabólica.
Os alimentos ultraprocessados, são alimentos produzidos pela indústria que levam em sua composição aditivos químicos como corantes artificiais, adoçantes sintéticos, conservadores e realçadores de sabor, normalmente associados com inúmeros problemas de saúde.
Os pesquisadores descobriram que, entre os brasileiros, o consumo desses alimentos era elevado, podendo ser mais do que 552 g/dia. As pessoas que apresentavam esse hábito alimentar ingeriam mais calorias, ganharam mais peso durante o acompanhamento e ainda eram menos ativas fisicamente.
O estudo também revelou que a cada 150 g de alimentos ultraprocessados a mais na alimentação diária, o risco de ter síndrome metabólica aumenta em 5%. Então, confirma-se que uma vida sedentária, uma alimentação desregrada e rica em alimentos ultraprocessados pode levar ao ganho de peso e às demais comorbidades que formam a síndrome metabólica.
Como a síndrome metabólica é diagnosticada?
Assim como foi feito nesse estudo, a síndrome metabólica é diagnosticada a partir de exames como a coleta de sangue em jejum de 12h para verificar a glicemia do paciente, os níveis de colesterol e triglicérides. A obesidade é verificada por IMC e por circunferência abdominal elevada e a pressão arterial é medida por aparelhos, devendo ser inferior a 13/8.
Para a resistência à insulina, utiliza-se a curva glicêmica, um exame em que é coletada uma amostra de sangue em jejum e após a ingestão de uma solução com açúcar. Depois de ingerir o líquido adocicado, o sangue é coletado após 60 e 120 minutos para verificar o teor de insulina em cada período. A resistência é apontada pela quantidade elevada de insulina mesmo após 120 minutos da ingestão.
A American Heart Association, associação americana especializada no diagnóstico e tratamento de doenças do coração, define que a síndrome metabólica é diagnosticada por:
- Grande quantidade de gordura abdominal: em homens, cintura com mais de 102 cm e nas mulheres, maior que 88 cm
- Baixo HDL (“bom colesterol”): em homens, menos que 40mg/dl e nas mulheres menos do que 50mg/dl
- Triglicerídeos elevados (nível de gordura no sangue): 150mg/dl ou superior
- Pressão sanguínea alta: 13/8 mmHg ou superior ou se está utilizando algum medicamento para reduzir a pressão
- Glicose elevada: 100mg/dl ou superior, ou uso de medicamentos hipoglicemiantes
Tratamento da síndrome metabólica
Após o diagnóstico, uma das estratégias para o tratamento da síndrome metabólica é o uso de medicamentos para controle do açúcar no sangue, do colesterol e da pressão arterial. Medicamentos hormonais também podem ser utilizados para casos em que a síndrome está associada à desregulação hormonal (comum na síndrome do ovário policístico).
Mas, outras condutas cabíveis após o diagnóstico são a prática de atividade física e de um plano alimentar com o objetivo de promover o emagrecimento, nas pessoas que apresentam a síndrome acompanhada de sobrepeso ou obesidade. Mesmo sem o excesso de peso, esses cuidados são essenciais para tratar a síndrome.
E, se você apresenta algum dos fatores associados à síndrome, mas ainda não foi diagnosticado com ela e quer se prevenir, procure ter um estilo de vida saudável. Faça escolhas alimentares conscientes, evite excessos e movimente seu corpo, poucos minutos do dia que você dedica a um exercício podem ajudar a prevenir diversos problemas de saúde.
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*Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
Referências
Said MA et al. Effects of diet versus diet plus aerobic and resistance exercise on metabolic syndrome in obese young men. J Exerc Sci Fit. 2020 Sep;18(3):101-108
SAKLAYEN, Mohammad G. et al. The Global Epidemic of the Metabolic Syndrome. Current Hypertension Reports, 2018.
Scheine Leite Canhada, Álvaro Vigo, Vivian Cristine Luft, Renata Bertazzi Levy, Sheila Maria Alvim Matos, Maria del Carmen Molina, Luana Giatti, Sandhi Barreto, Bruce Bartholow Duncan, Maria Inês Schmidt; Ultra-Processed Food Consumption and Increased Risk of Metabolic Syndrome in Adults: The ELSA-Brasil. Diabetes Care 1 February 2023; 46 (2): 369–376. https://doi.org/10.2337/dc22-1505
Scott M. Grundy et. al. Diagnosis and Management of the Metabolic Syndrome. Journal Article, 2005, Circulation, e. 285-e290, vol. 112, no. 17.