Hipertrigliceridemia: como a alimentação pode contribuir?

Postado em 18 de novembro de 2022 | Autor: Dr. Dan Linetzky Waitzberg

Muito se fala sobre o aumento das doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, diabetes mellitus tipo 2, entre outras. A hipertrigliceridemia, que consiste no excesso de triglicérides sanguíneos, é considerada uma dislipidemia e pode contribuir para o aumento das doenças cardiovasculares, por exemplo.

Hipertrigliceridemia | Imagem: shutterstock

Embora preocupante, uma alimentação adequada pode prevenir ou mesmo contribuir para o controle dos triglicérides sanguíneos. Dessa forma, com acompanhamento nutricional de qualidade, esse quadro pode ser rapidamente identificado e tratado.

O que são triglicérides?

Os triglicerídeos são estruturas químicas formadas pela combinação de três moléculas de ácidos graxos e uma molécula de glicerol. Ácidos graxos podem ser entendidos como a menor parte de uma gordura e são obtidos após a quebra dessas gorduras na digestão. Classificados como saturados ou insaturados, sendo o primeiro mais associado a doenças.

Os triglicerídeos são a forma como consumimos a gordura presente nos alimentos e também a forma como essas gorduras são transportadas no nosso organismo e armazenadas após os processos de digestão e absorção.

Como pôde-se observar, os triglicérides não são exclusivamente associados a prejuízos na saúde, o problema é o seu excesso no sangue.

Alguns alimentos fornecem triglicerídeos formados por ácidos graxos insaturados, que, na quantidade adequada, trazem grandes benefícios. Um exemplo é o ômega-3, associado a grande proteção contra doenças cardiovasculares.

Entretanto, diferente de outras gorduras, o aumento do nível sanguíneo de triglicérides é influenciado também pelo consumo exacerbado de açúcar, principalmente proveniente de fontes como doces, pães, massas e cereais.

Os carboidratos provenientes desse excesso não podem ser armazenados, dessa forma, é necessário que no fígado a glicose seja convertida em triglicerídeos, sendo armazenados como gordura. Aumentando o risco de diabetes mellitus tipo 2 e esteatose hepática não alcoólica, mais comumente conhecida como gordura no fígado.

Diagnóstico da Hipertrigliceridemia

Primeiramente, é necessário salientar que a avaliação deve ser totalmente conduzida por profissionais médicos e nutricionistas, que poderão orientar todo o tratamento ou a prevenção, dependendo do caso. Geralmente, são solicitados exames de sangue, incluindo de perfil lipídico completo e de glicose sérica.

A partir disso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia traçou alguns valores referenciais para o nível de triglicérides sanguíneo considerado como seguro. Em jejum de 12 horas, o recomendado é abaixo de 150 mg/dL, enquanto sem jejum, é abaixo de 175 mg/dL.

Essa análise e diagnóstico são de extrema importância e não devem ser negligenciados, o excesso de triglicerídeos sanguíneos já foi comprovado como fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas como diabetes mellitus tipo 2.

Tratamento para triglicérides alto

A preferência do tratamento deve sempre ser pautada nas mudanças dos hábitos, tanto alimentares quanto de atividades. A prática de exercícios físicos de forma regular é muito recomendada e traz benefícios não só para o controle da hipertrigliceridemia, mas também para a saúde geral do indivíduo.

A principal mudança deverá ser na rotina alimentar acompanhada de um profissional nutricionista. Sendo assim, algumas recomendações nesse campo que serão importantes nesses processos são:

  • Incluir na alimentação gorduras de boa qualidade, como azeites, oleaginosas, peixes e sementes;
  • Aumentar a ingestão de frutas, verduras e legumes;
  • Dar preferência a produtos integrais e fontes de fibras, como massas e pães integrais, aveia, farelo de trigo, entre outros;
  • Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e de açúcar adicionado;
  • Reduzir o consumo de alimentos com excesso de carboidratos, principalmente, bebidas açucaradas, pães e doces;
  • Evitar o consumo de carnes processadas (salsicha, linguiça, presunto, hambúrguer e etc…);
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.

O ômega-3 demonstrou ser eficiente no controle de doenças cardiovasculares e de inflamações, sendo assim pode ser um importante aliado no tratamento das complicações da hipertrigliceridemia. A suplementação diária de até 4g de ômega-3 pode ser suficiente e eficaz no controle desse quadro.

Uma importante indicação, que não se trata exclusivamente do controle da hipertrigliceridemia, é o tratamento do sobrepeso e da obesidade. Além de ser um fator de risco para o aumento dos níveis de triglicérides sanguíneos, pode agravar de forma substancial as complicações trazidas por essa condição.

Por fim, deve-se lembrar que o acompanhamento médico e nutricional é indispensável, em alguns casos, o tratamento através de medicações será indicado e deve ser muito bem controlado.

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