Curiosidades da Vitamina D para além dos ossos

Postado em 9 de agosto de 2021

No “Papo de Doutor” da vez, o assunto é a Vitamina D! O bate-papo será com o Dr. Caio Gonçalves, Gerente Médico da APSEN, e o professor e médico ginecologista Luciano Pompei!

A vitamina D é muito abrangente. Dessa forma, focaremos nossa conversa em como ela pode atuar nos lugares que não sejam os ossos! Vamos lá?

A Vitamina D tem ação em outros locais?

Dr. Caio Gonçalves: Já discutimos sobre a vitamina D e seus efeitos nos tecidos ósseos, mas existem outros lugares que ela também pode agir?

Dr. Luciano Pompei: Sim! Cada vez mais aprendemos como a vitamina D age em outros tecidos. Atualmente, sabemos que ela age no sistema cardiovascular. Entretanto, existem diversos estudos relatando sua ação no sistema neurológico, imunológico e, também, na gestação.

Para a vitamina D agir, ela necessita de receptor. Eles funcionam como chave e fechadura – a vitamina é a chave e o receptor a fechadura, quando a Vitamina D entra em contato com o receptor, ela é capaz de modular as células. Hoje, sabe-se que os receptores estão presentes nas células intestinais, ósseas, musculares, paredes vasculares como artérias e veias, células de defesa, pâncreas e outros órgãos. Isso sugere que a vitamina D tenha uma função efetiva em todos esses tecidos.

Vitamina D: Ação nos Músculos

Dr. Caio Gonçalves: Na parte muscular que está sempre junta aos ossos – o tecido musculoesquelético – a vitamina D tem alguma ação comprovada na literatura? Por exemplo, no equilíbrio do paciente para evitar uma queda?

Dr. Luciano Pompei: Sim. Existem dois tipos de evidências científicas: a primeira que mostra que a deficiência de vitamina D no sangue se associa a um determinado risco. Já a segunda, que apura se a suplementação, como comprimidos, cápsulas, gotas e outras formas é capaz de mudar uma determinada doença. Então, se eu falar sobre deficiência, tenha em mente que é a dosagem de vitamina D no sangue. Já a suplementação estará ligada às doses ingeridas, se elas são capazes de alterar as doenças de alguma forma.

Para o sistema muscular, temos os dois tipos. Baixos níveis de vitamina D associam-se à baixa força muscular e ao aumento de risco de quedas. Já para a suplementação, em estudos com idosos, a vitamina D pode aumentar a força muscular, reduzindo as chances de acontecer algum acidente.

Vitamina D: Sistema Cardiovascular

Dr. Caio Gonçalves: E na parte cardiovascular? Qual seria a possível ação da vitamina D nas veias e artérias?

Dr. Luciano Pompei: Essa também é uma área com muitos trabalhos. Há relatos que baixos níveis de vitamina D associam-se a maiores riscos cardiovasculares. Se compararmos estudos recentes, a grande maioria dos artigos relatam que as pessoas com deficiência de vitamina D têm mais riscos de desenvolverem problemas cardiovasculares. Em contrapartida, a suplementação para esses caso é incerta, ainda não é possível afirmar se suplementação de vitamina D pode diminuir os riscos.

Dr. Caio Gonçalves: Seguindo a temática, muito se fala da vitamina K2. Há alguma relação entre elas?

Dr. Luciano Pompei: Alguns trabalhos científicos também estão sendo produzidos sobre esse assunto. Estudos mostram que as pessoas que possuem um nível mais elevado de K2 têm menos chance de ter doenças cardíacas. A vitamina K2 estimula o depósito de cálcio para o tecido ósseo – atuando de forma sinérgica à vitamina D.

Há alguns anos, surgiu uma suspeita de que a suplementação excessiva de cálcio poderia aumentar o risco cardíaco. Isso porque, no processo de formação da parede vascular, há uma inflamação do vaso e lá se deposita cálcio para deixar a parede mais rígida, aumentando o risco de desenvolver um problema cardíaco.

Porém, ao que tudo indica, a vitamina K2 faz com que o cálcio seja direcionado ao osso e não para a parede vascular – momento em que ocorre a cooperação da vitamina K2 com a D. Entretanto, são indícios. Ainda não há como afirmar, pois a literatura da temática ainda é considerada nova.

Vitamina D: Sistema Imunológico e Respiratório

Dr. Caio Gonçalves: E no sistema imunológico, como a vitamina D age?

Dr. Luciano Pompei: Acredito que esse seja o tema mais novo para as pesquisas com vitamina D. O sistema imunológico é extremamente complexo. Isso porque esse sistema tem um grupo de interações de células e mecanismos muito difícil de entender. Mas há dados interessantes para a área. Quem tem deficiência de vitamina D, geralmente, tem maiores riscos de desenvolver doenças ligadas à autoimunidade – quando o seu organismo ativa um sistema de defesa contra ele mesmo.

Dr: Luciano Pompei: Outro ponto importante são as infecções, acredita-se que a vitamina D pode ter um papel de dificultar as infecções respiratórias – principalmente as virais. Mediante à pandemia da COVID-19, ainda não existem trabalhos consistentes sobre essa relação. Entretanto, aparentemente, a vitamina D parece reduzir o risco de outras infecções respiratórias. Então, diversos médicos estão recomendando a vitamina D por esse paralelismo.

Leia também: Suplementos vitamínicos devem ser usados contra a Covid?

Vitamina D para Atletas

Dr. Caio Gonçalves: E para os atletas que já possuem um nível normal de vitamina D? Pode ser benéfico se eles suplementarem mais?

Dr. Luciano Pompei: Isso ainda não é conhecido, apesar de terem estudos sendo elaborados nessa temática. Alguns trabalhos demonstram que, aparentemente, não há mudanças. O efeito suplementar teria efeito apenas nas pessoas que possuem deficiência da vitamina D.

Vitamina D na Gravidez

Dr. Caio Gonçalves: como a vitamina D pode auxiliar as mulheres grávidas?

Dr. Luciano Pompei: A gravidez é um tema super extenso em relação à vitamina D. Isso porque existem diversos desfechos, mas antes mesmo da gravidez já começa a preocupação. Existem trabalhos que mostram que as mulheres que vão para tratamentos de reprodução assistida, por exemplo a fertilização in vitro, e têm deficiência de vitamina D, parecem ter menores taxas de fertilização – apesar de não termos muitos estudos sobre o assunto, é um indicador importante.

As mulheres que têm deficiência de vitamina D podem ser suscetíveis a: maiores taxas de abortamento espontâneo, maiores riscos de desenvolverem diabetes gestacional, dar à luz a um bebê com baixo peso, terem pré-eclâmpsia e, de acordo com novos estudos, desenvolverem depressão pós-parto. Dessa forma, voltamos para a suplementação, apesar de não ter muitos trabalhos relacionados, existem estudos que relatam a vitamina D como uma possível redutora dos problemas citados.

É por esses motivos que a Federação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASCO) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia recomendam a suplementação de vitamina D na gestação. Uma vez que trará benefícios para a mãe e também para o recém-nascido.

Assista ao vídeo e aprenda com os dois profissionais!

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