A litíase renal, popularmente conhecida como pedra nos rins, é uma condição frequentemente trazida pelos pacientes ao consultório e motivo de internações recorrentes no hospital. De acordo com uma pesquisa, existe um grande desconhecimento das pessoas com essa condição sobre as recomendações nutricionais para litíase renal.
A dieta, no entanto, é essencial na prevenção da recorrência de cálculos renais e, consequentemente, pode prevenir a intervenção cirúrgica. Por isso, para o nutricionista cabe a responsabilidade de orientar seus pacientes nesse cuidado, atentando-se às recomendações nutricionais para litíase renal para além da ingestão adequada de líquidos.
Recomendações nutricionais para litíase renal
A origem dos cálculos renais é influenciada por diversos fatores, como distúrbios metabólicos, predisposição genética e irregularidades no sistema urinário. E a alimentação desempenha um papel fundamental nesse processo, podendo influenciar a composição da urina e aumentar a concentração de sais que contribuem para a litíase renal.
Consequentemente, a dieta pode alterar o risco de desenvolvimento de cálculos renais, como você verá a seguir:
Ingestão de líquidos
Apesar da existência de diferentes tipos de cálculos renais (oxalato de cálcio, fosfato de cálcio, ácido úrico, estruvita e cistina), a ingestão adequada de líquidos é considerada a recomendação nutricional mais importante para prevenir a recorrência de cálculos, independente dos fatores de risco individuais.
Essa recomendação é primordial para reduzir a supersaturação da urina, sendo necessário ingerir em torno de 2-3L de líquidos por dia para atingir uma produção de pelo menos 2 a 2,5L de urina/24h. É importante considerar na conta dos líquidos que:
- A ingestão deve ser uniforme ao longo do dia;
- É recomendado beber líquidos antes de dormir;
- Existem outras perdas de líquidos por atividade física intensa, ambientes quentes, ocupação, estresse mental e diarreia;
- Nem todas as bebidas são indicadas, devendo:
- Moderar o consumo de chá verde, chá preto e café com cafeína a no máximo 500mL/dia;
- Evitar refrigerantes adoçados com açúcar;
- Evitar bebidas alcoólicas no geral.
Consumo proteico
Algumas pesquisas sugerem que a alta ingestão de proteínas na dieta pode apoiar a formação de cálculos devido à carga ácida fornecida pelo excesso de proteínas, que pode aumentar o cálcio urinário e reduzir o pH da urina e a excreção de citrato.
Ainda existe inconsistência nos estudos sobre essa relação, mas existem achados que apontam que para pacientes adultos com litíase renal, a recomendação de 0,8g / PTN / kg / dia pode ser benéfica no tratamento.
Outro ponto importante trazido pelas pesquisas é que uma proporção maior de frutas e hortaliças na dieta, em comparação à proteína, pode reduzir a acidez e a formação de cálculos pelo potencial alcalinizante desses vegetais.
Carboidratos e gorduras na litíase renal
Existem muitas indagações sobre a ação dos carboidratos na formação de cálculos, mas a limitação dos resultados não aponta uma recomendação nutricional para litíase renal em relação a esse nutriente.
Sobre as gorduras, a mesma inconclusão acontece, no entanto, existe um potencial benéfico a ser mais bem avaliado em relação à suplementação de ômega-3. Estudos sugeriram que o padrão de ácidos graxos da dieta, especialmente a proporção de ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 : ômega-3, pode afetar o risco de formação de cálculos de oxalato de cálcio através de vários mecanismos complexos.
Existe uma suposição de que o aumento da ingestão dietética de ômega-3 pode diminuir a excreção urinária de cálcio e oxalato, mas ainda são necessários mais estudos para aprofundar e validar essa hipótese.
Oxalato
O oxalato urinário é um fator de risco importante para a formação de cálculos de oxalato de cálcio. Ele é derivado da síntese endógena de oxalato e da ingestão dietética, sendo encontrado principalmente em vegetais.
Deve-se, então, considerar o consumo excessivo de oxalato na dieta e buscar reduzir, além de orientar técnicas dietéticas que diminuam o seu teor nos alimentos, como a fervura ou cocção no vapor que poupa outros nutrientes. Os alimentos com maior teor de oxalato são:
- Espinafre (cru)
- Batata doce (crua)
- Quiabo (cru)
- Beterraba (crua)
- Carambola
- Kiwi
- Figo
- Farelo de trigo
- Farinha de trigo integral
- Pimenta preta moída
- Amêndoa
- Avelã
- Pistache
- Cacau em pó
Confira mais em: Tabela de teor de oxalato nos alimentos
Cálcio
A excreção elevada de cálcio (hipercalciúria), é um fator de risco crucial para a formação de cálculos de cálcio, não sendo uma recomendação nutricional para litíase renal a restrição dietética desse nutriente, pois pode induzir perda óssea e aumentar a absorção e excreção de oxalato.
A orientação é manter um consumo adequado, sem excesso e sem exageros, de fontes lácteas e não lácteas como preventivo contra a formação de cálculos. Para adultos, recomenda-se uma ingestão total de cálcio na dieta de 1.000 a 1.200 mg / dia.
Considerando a possível deficiência de cálcio em alguns veganos e vegetarianos, é preciso ficar mais atento aos exames desses pacientes e à ingestão dietética caso apresentem litíase renal.
Sal
Como aumenta a excreção urinária de cálcio, o consumo excessivo de sal é contraindicado para a prevenção e tratamento da litíase renal. Deve-se orientar o paciente a uma ingestão moderada, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, sendo até 5g de sal / dia.
Avalie minuciosamente os hábitos alimentares do seu paciente para correlacionar adequadamente como a dieta pode interferir na recorrência de cálculos renais. Assim, você poderá apoiar o tratamento e prevenção dessa condição, melhorando a qualidade de vida do seu paciente.
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Referências
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National Kidney Foundation. Kidney Stone Diet Plan and Prevention
Ramos, C. I., Bronzate, R. T., & Moreira, A. P. N. (2022). Knowledge of the population on the influence of diet on renal lithiasis.
Siener R. Nutrition and Kidney Stone Disease. Nutrients. 2021; 13(6):1917. https://doi.org/10.3390/nu13061917
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