Quais as recomendações dietéticas para o paciente adulto com litíase renal?

Postado em 7 de dezembro de 2020 | Autor: Nicole Perniciotti

Conheça as causas para a formação de litíases renais e como a nutrição pode ajudar a prevenir e reduzir ocorrências

A litíase renal nada mais é do que a formação de cálculos dentro do sistema urinário, e é de causa multifatorial, geralmente ocorrendo por alterações na composição urinária (concentração de substâncias litogênicas, deficiência de inibidores de cristalização, presença de nucleantes heterogêneos) ou outros como morfologia e anatomia renal (estase do trato urinário, baixa urodinâmica nas cavidades de eficiência, deformações morfo-anatômicas, lesões do tecido papilar renal).

As causas mais frequentes de desenvolvimento de litíases renais foram classificadas nos seguintes tipos:
1) hipercalciúria (excesso de cálcio na urina)
2) hiperoxalúria (excesso de oxalato na urina)
3) hiperuricosúria (excesso de ácido úrico na urina)
4) hipocitratúria (pouco citrato na urina)

A intervenção nutricional, apesar de ainda não ter um consenso definido, tem papel importante na prevenção e controle de ocorrências em pacientes com litíase renal, pois alguns nutrientes influenciam na composição da urina e funcionamento renal, agindo como promotores ou inibidores da formação de cálculos. Dessa forma, algumas recomendações podem ser adotadas:

Na hiperoxalúria, recomenda-se reduzir o consumo  de oxalato vindos, por exemplo, de carnes vermelhas, vegetais verde escuros como o espinafre, couve, rúcula, chocolate, etc. O excesso de sódio (o sódio compete com o cálcio na reabsorção tubular renal e o excesso de sódio aumenta a excreção urinária de cálcio) também deve ser evitado, além de manter o consumo de cálcio de normal a alto (800-1200 mg / dia para adultos). Vale ressaltar que chás como o mate e preto possuem alto teor de oxalato e devem ser excluídos da alimentação. A administração de probióticos degradadores de oxalato (Lactobacillus) pode reduzir a absorção intestinal, embora mais estudos sejam necessários para corroborar esses resultados.

Na dieta para hipercalciúria (dieta acidificante de fosfato de cálcio) é recomendada limitação do consumo de café e chás. A restrição alimentar de cálcio não é recomendada para formadores de cálculos. Dietas com conteúdo de cálcio ≥ 1 g / dia (e baixo teor de proteínas e baixo teor de sódio) podem ser protetoras contra o risco de formação de cálculos em adultos hipercalciúricos. A restrição de sal pode ser útil para evitar a hipersecreção de cálcio pela urina.

A prevenção da hiperuricosúria baseia-se na hidratação com bebidas alcalinizantes e dieta a base de frutas, legumes e verduras, restringindo os alimentos e bebidas ricos em purinas (carnes vermelhas em geral, fígado, rim, ovas de peixe, anchovas, sardinhas e frutos do mar, suco de laranja e limão, bebidas alcóolicas).

Na hipercitratúria, é recomendado o aumento da ingestão de frutas e vegetais (excluindo aqueles com alto teor de oxalato e citratos).

 

A intervenção nutricional é uma medida eficaz para prevenção e controle da litíase renal, mas em alguns casos, a formação de cálculos estruvitas (vindas de infecções urinárias), é necessário um auxílio de terapias medicamentosas.

Para pacientes idosos e crianças, outras recomendações devem ser utilizadas.

Referências:

Cuppari L, Avesani MA, Mendonça COG, Martini LA, Monte JCM. Doenças Renais. In: Cuppari L. Nutrição Clínica no Adulto. São Paulo: Manole, 2002. p 194-199.

Curhan GC, Willet WC, Knight EL. Dietary factors and the risk of incident kidney stones in younger women: Nurses Health Study II. Arch Intern Med. 2004; 164:885-91.

Seltzer MA, Low RK, Mcdonald M. Dietary manipulation with lemonade to treat hypocitraturie calcium nephrolithiasis. J Urol. 1996; 156:907-9.

Chol HK, Atkinson K, Karlson EW. Purine rich foods, dairy and protein intake and the risk of gout in men. N Engl Med. 2004; 350:1093-1113.

Massey LK, Liebman M, Kynast-Gales SA. Ascorbate increases human oxaluria and kidney stone risk. J Nutr. 2005; 135:1673-77.

Grases F, Costa-Bauzá A, Prieto RM. Se puede realmente prevenir la litiasis renal? Nuevas tendencias y herramientas terapéuticas [May renal lithiasis be really prevented? New trends and therapeutic tools.]. Arch Esp Urol. 2017 Jan;70(1):91-102. Spanish. PMID: 28221144.

Martínez García RM, Jiménez Ortega AI, Salas-González MªD, Bermejo López LM, Rodríguez-Rodríguez E. Intervención nutricional en el control de la colelitiasis y la litiasis renal [Nutritional intervention in the control of gallstones and renal lithiasis]. Nutr Hosp. 2019 Aug 27;36(Spec No3):70-74. Spanish. doi: 10.20960/nh.02813. PMID: 31368343.

Prezioso D, Strazzullo P, Lotti T, Bianchi G, Borghi L, Caione P, Carini M, Caudarella R, Ferraro M, Gambaro G, Gelosa M, Guttilla A, Illiano E, Martino M, Meschi T, Messa P, Miano R, Napodano G, Nouvenne A, Rendina D, Rocco F, Rosa M, Sanseverino R, Salerno A, Spatafora S, Tasca A, Ticinesi A, Travaglini F, Trinchieri A, Vespasiani G, Zattoni F; CLU Working Group. Dietary treatment of urinary risk factors for renal stone formation. A review of CLU Working Group. Arch Ital Urol Androl. 2015 Jul 7;87(2):105-20. doi: 10.4081/aiua.2015.2.105.

Leia também



Cadastre-se e receba nossa newsletter