A boa conduta nutricional ajuda na prevenção de possíveis complicações
A doença renal afeta cerca de 1 a cada 10 indivíduos, trazendo inúmeras alterações fisiológicas e nutricionais ao individuo. Em estágios avançados, dependendo da situação do paciente, o transplante renal é recomendado, podendo ser realizado tanto por doador vivo, geralmente por familiar, ou por doador falecido.
Apesar das técnicas cirúrgicas terem avançados com o passar dos anos, ainda há inúmeros fatores que podem interferir no sucesso da cirurgia, como razões imunológicas, a idade do paciente, comorbidades pré-existentes e a dieta consumida. Desta forma, a utilização de dieta nutricionalmente adequada às necessidades desses pacientes é fundamental para o sucesso da cirurgia.
Tendo em vista esse fator, a conduta nutricional adequada no pré e pós-transplante é essencial, podendo ser dividida em fases: pré-transplante, cirurgia, pós-transplante precoce e pós-transplante tardio.
No pré-transplante o objetivo da terapia nutricional é otimizar os resultados dos períodos posteriores. A intervenção nutricional deve promover um aporte proteico e calórico adequado para diminuir o risco de infecção, melhorar a cicatrização de feridas e manter a massa muscular. Deve também garantir o consumo adequado de cálcio e fósforo para a manutenção das estruturas ósseas. Esta fase pode ser benéfica para os candidatos a transplante renais obesos, para redução de gordura corporal.
Quando a cirurgia de transplante renal acontece sem complicações, o objetivo principal da terapia nutricional é promover uma suave “super-hidratação”, com correção de potássio e monitoramento ácido-básico e de balanço de fluidos. Além das necessidades calóricas e proteicas aumentadas devido à cirurgia, o paciente que sofreu transplante de rim também recebe corticoesteróis, que aceleram o catabolismo de proteínas, criando frequentemente um balanço nitrogenado negativo.
No pós-transplante precoce a principal conduta adotada é a manutenção dos estoques de proteína visceral, apesar do catabolismo proteico; a promoção da cicatrização de feridas; a prevenção de infecções associadas com a cirurgia e imunossupressão e prevenção de complicações eletrolíticas. Alguns pacientes, mesmo após a cirurgia ainda precisam permanecer em hemodiálise por alguns dias ou até semanas. Sendo assim, as necessidades nutricionais destes pacientes assemelham-se às de pacientes com falência renal.
Já no pós-transplante tardio, a manejo nutricional tem como objetivos alcançar e manter um bom estado nutricional; eliminar ou minimizar a obesidade, dislipidemias e hipertensão; promover controle glicêmico e do diabetes mellitus; prevenir doenças ósseas e prevenir e deficiências nutricionais.
Uma das alternativas que ajudam a promover o aquedado estado nutricional é a adoção de estilo de vida mais saudável e o consumo de dietas com princípios mediterrâneos e/ou a DASH. Assim um planejamento nutricional em todas as fases do transplante contribui para a melhoria da qualidade de vida desses pacientes
Referência
Teplan V, et al. Nutritional consequences of renal transplantation. Journal of Renal Transplantation. 2009;19(1):95-100.
CYRINO, Laura Goldfarb; GALPERN, Jennie; MOORE, Lori; BORGI, Lea; RIELLA, Leonardo V.. A Narrative Review of Dietary Approaches for Kidney Transplant Patients. Kidney International Reports, [S.L.], v. 6, n. 7, p. 1764-1774, jul. 2021. Elsevier BV.