Como a fitoterapia pode ajudar a lidar com a má digestão e a azia

Postado em 14 de outubro de 2020 | Autor: Colunistas Convidados

Viviane Lago

Viviane Lago* é nutricionista pós-graduada em fitoterapia

Má digestão e azia são duas situações que incomodam bastante quem as têm. Muitos confundem os sintomas e até pensam que são a mesma coisa, mas não são. Azia é quando o suco gástrico, que é importante para digestão, causa dor ou queimação por sair do estômago. Já a má digestão acontece por vários fatores, entre eles, quantidade de alimentos, ingestão de ar enquanto o indivíduo está comendo (que chamamos de aerofagia) e até mesmo por algum trabalho inadequado no processo digestivo.

A má digestão normalmente é caracterizada por dor abdominal, sensação de saciedade precoce e plenitude alimentar, além de sensação de dor, refluxo e gosto ruim na boca, normalmente azedo. Dessa forma, buscar o ajuste da alimentação é fundamental para a redução dos sintomas e consequente agravamento para outras doenças.

Uso da fitoterapia contra má digestão e azia

A fitoterapia pode contribuir muito também contra a má digestão e a azia. Primeiro, é importante identificar a causa desses sintomas, pois, dessa forma, busca-se a melhor opção do fitoterápico.

Normalmente, os fitoterápicos ricos em substâncias amargas são utilizados nesses casos, pois podem estimular as secreções digestivas, contribuindo para melhorar a digestão e podendo aumentar o apetite, reduzindo assim o tempo de jejum entre as refeições que pode piorar os sintomas.

Podem também contribuir para a redução de gases, reduzindo a sensação de dor. Normalmente recomenda-se a utilização 30 minutos antes das refeições. Porém, é muito importante que se busque ajuda de um profissional para a melhor indicação, já que, se não bem indicado, o fitoterápico pode piorar a situação, principalmente em caso de pacientes que têm refluxo gastroesofágico.

Fitoterápicos

Algumas plantas interessantes incluem:

Zingiber officinalle – gengibre

Suas contribuições são várias – é antiemético (reduz a vontade do vômito), é anti-inflamatório, contribui também nos casos de digestão lenta, gastrite e flatulência. Pode ser utilizado na forma de decocção ou até mesmo em pó nas preparações. Merece atenção com relação à quantidade. Também apresenta algumas restrições, como por exemplo a recomendação de que em casos de cálculos biliares, é preciso utilizar apenas com acompanhamento de um profissional de saúde. Evite o uso caso esteja usando anticoagulantes, com desordens de coagulação, ou tenha cálculos biliares, irritação gástrica ou hipertensão, especialmente em doses altas.

Mentha Piperita L – hortelã

Muito utilizada na indústria e na gastronomia, a hortelã tem ações bem interessantes. Possui propriedades como redução de gases (flatulência) e melhora de cólicas e de problemas hepáticos. Mas também merece atenção e não deve ser utilizada em casos de obstruções biliares, danos hepáticos, refluxo gastroesofágico e cálculos biliares.

Maytenus ilicifoli – Espinheira-santa

A espinheira é amplamente utilizada para tratar o desconforto gástrico. É interessante por inibir o aumento da produção de ácido clorídrico gástrico, além de aumentar a atividade antioxidante e diminuir o estresse oxidativo na mucosa, como um fator de proteção. Além disso, possui ação anti-inflamatória e ação antibacteriana. Ela pode diminuir a adesão da Helicobacter pylori. na mucosa gástrica, dificultando a ação patogênica dessa bactéria.

Por fim, é uma planta que também apresenta ação sedativa, contribuindo, portanto, para redução da dor. Sendo assim, pode ser utilizada também como coadjuvante no tratamento e prevenção de úlcera. Mas também merece atenção e não deve ser utilizada por crianças menores de seis anos, grávidas até o terceiro mês de gestação e lactantes, pois promove a redução do leite. O uso pode provocar secura, gosto estranho na boca e náuseas.

Assista também: 5 plantas para ajudar na digestão

Busque ajuda

Vale ressaltar que muitos acabam se acostumando com os sintomas e convivem assim, sem buscar ajuda, o que não é bom. O importante é que o indivíduo busque ajuda do profissional, explique como e quando acontecem os sintomas para que o profissional identifique qual a melhor indicação para cada caso.

Os fitoterápicos associados às mudanças no estilo de vida são grandes aliados para melhora da azia e da má digestão.

 

*Viviane Lago é nutricionista formada pelo Centro Universitário São Camilo (SP). Mestre em Ensino em ciências da saúde pelo CEDESS Unifesp, possui especialização em Adolescência para equipe multidisciplinar pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), pós-graduação em Docência no ensino superior pelo Senac e pós-graduação em Fitoterapia aplicada pela Medicalex. É consultora da Asbran, coordenadora de cursos intensivos e de pós-graduação e presidente da APFit – Associação Paulista de Fitoterapia (gestão 2018 -2021).

Referências bibliográficas:

IN 2, maio, 2014, RDC 10 de 2010.

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