O que é a síndrome do intestino curto (SIC)?

Postado em 19 de maio de 2021 | Autor: Colunistas Convidados

Gabrielle Costa

Gabrielle Carassini Costa* é nutricionista

A síndrome do intestino curto (SIC) é caracterizada pela má absorção intestinal secundária a alterações da anatomia e fisiologia normal do intestino, que pode ter como consequência complicações metabólicas e nutricionais importantes.

As grandes ressecções intestinais causadas por traumas, doenças inflamatórias, câncer e condições abdominais vasculares são causas de grande parte da SIC.

Como principais consequências da SIC temos: desnutrição, perda de peso importante, desidratação, distúrbios eletrolíticos (alterações no cálcio, fósforo, magnésio e potássio) e diarreia. Isto é resultado da má digestão e dificuldade de absorção de macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas) e micronutrientes (água, eletrólitos, vitaminas e minerais).

O estado nutricional do doente com SIC vai depender do comprimento remanescente do intestino, ou seja, o intestino que ficou no corpo, e do local de ressecção intestinal. Tais informações são essenciais para definição da terapia nutricional a ser abordada e para a estimativa das necessidades nutricionais.

Quando não se tem esses dados cirúrgicos, recomenda-se a realização de estudo radiológico contrastado com bário para estimativa do tamanho e do tipo do intestino remanescente. A dependência da nutrição parenteral (nutrição pela veia) está diretamente ligada ao tamanho do intestino e à adaptação intestinal.

A avaliação nutricional para pacientes com SIC deve ainda conter: história de perda de peso recente, presença de sintomas gastrointestinais que possam afetar a aceitação da dieta oral e/ou perdas intestinais, medicamentos em uso, sinais e sintomas de deficiência de vitaminas e micronutrientes, bem como o exame físico para avaliar sinais de desidratação e desnutrição.

O controle de ganho e perda de líquidos é de suma importância, assim como a avaliação da ingestão calórica. Alimentos sólidos e líquidos mais concentrados devem ser evitados. Os níveis de ureia e creatinina podem ser úteis para avaliar o estado de hidratação do paciente.

Os eletrólitos – cálcio, fósforo, magnésio e potássio – e os microelementos devem ser dosados a cada consulta. Uma atenção especial deve ser dada às vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), vitamina B12, ferro e zinco.

A terapia nutricional parenteral no período pós-operatório inicial é indispensável para o controle do estado nutricional. A reintrodução da dieta via oral deve ser lenta e gradativa, de acordo com a tolerância alimentar individual associada ao hábito intestinal dos pacientes com SIC.

 

*Gabrielle Carassini Costa é nutricionista do Ganep Nutrição Humana. Coordenadora técnico-administrativa da EMTN do Hospital BP Mirante. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN com especialização em Nutrição Clínica pelo Ganep Nutrição Humana.

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