O que são probióticos e como você pode se beneficiar deles

Postado em 19 de agosto de 2020 | Autor: Dan L. Waitzberg

Os probióticos são micro-organismos que, quando ingeridos em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde. Contudo, não é qualquer micro-organismo que pode ser chamado de probiótico.

Para ganhar essa chancela, o micro-organismo, bactérias (em geral) e fungos precisam possuir uma série de características. Entre elas, ser seguro para consumo humano, resistir à acidez do estômago e aos sucos pancreáticos e biliares, colonizar o intestino, produzir substâncias benéficas para nós (vitamina B12, ácidos graxos de cadeia curta etc.), competir por substrato com bactérias enteropatogênicas, produzir bacteriocinas (substâncias capazes de aniquilar bactérias patogênicas), induzir resposta imunológica de tolerância e reduzir o estado inflamatório intestinal.

Assim, podemos compreender o porquê do iogurte e do kefir, que têm propriedades úteis para nós, não serem considerados probióticos.

Uma nova classe

Os probióticos, na legislação sanitária brasileira, são considerados alimentos que não necessitam de prescrição médica para serem adquiridos em farmácias. No entanto, vem surgindo uma nova classe de probióticos com efeitos potenciais sobre distúrbios da saúde. E, nesse caso, provavelmente vão mudar de categoria perante a ANVISA.

Contudo, vamos encontrar nos supermercados uma grande quantidade de produtos alimentícios que contêm probióticos como leites fermentados, iogurtes, queijos, sucos e até chocolates. Não está muito claro quais são os benefícios da ingestão desses alimentos, exceto para aqueles que foram estudados de forma cientifica e possuem trabalhos publicados mostrando o seu efeito benéfico, seja como controle da constipação intestinal ou como reforço da imunidade.

Os probióticos podem ser encontrados na forma de pós, comercializados em sachês, em comprimidos ou em cápsulas (de uma ou dupla camada). Também podem ser disponibilizados como cepas únicas ou múltiplas, isolados ou associados a um prebiótico (substância não absorvida pelo nosso intestino e que pode ser fermentada por bactérias do trato gastrintestinal). Neste último caso, o produto é chamado de simbiótico, pois contém pró e prebióticos.

Resultados promissores

O avanço de técnicas de sequenciamento genético permitiu identificar alterações da microbiota intestinal humana, sendo que algumas dessas modificações podem estar associadas a determinadas doenças.

Tal é o caso de obesidade, diabetes tipo II, alguns tipos de câncer, alergias, asma, e mesmo doenças do sistema nervoso central como as do espectro de déficit de atenção, ou orgânicas com Parkinson e Alzheimer.

Assim, muitos pesquisadores têm buscado melhorar as alterações do perfil da microbiota intestinal em certas enfermidades, com intervenções com probióticos, prebióticos e simbióticos.

Adiciona-se, também, alterações do estilo de vida como uso de dieta saudável e equilibrada (rica em frutas, legumes e vegetais), atividade física constante, abolir o tabaco, optar por uma ingestão alcoólica moderada, entre outras possíveis atitudes.

Os resultados, embora preliminares, são promissores em algumas condições. Um bom exemplo é o tratamento de melanoma, com imunossupressores específicos, cuja resposta é mais eficaz na presença de determinadas bactérias como Ackermancia muciniphila.

Existem algumas restrições ao uso de probióticos, particularmente em indivíduos imunossuprimidos e em condições de perda da capacidade restritiva da barreira intestinal como um todo. Além disso, se discute a possibilidade de que probióticos possam transferir material genético estranho para nossas células ou mesmo transferir resistência a antibióticos para outras bactérias.

O que se pode afirmar é que nas últimas década houve um enorme crescimento no conhecimento científico sobre a microbiota intestinal, que pode influenciar órgãos e sistemas a distância do trato gastrintestinal. Novos probióticos, com efeitos específicos sobre nosso organismo, na saúde e na doença, estão sendo pesquisados. Assim, podemos esperar grandes novidades sobre esse tema em futuro próximo.

 

Referências bibliográficas:

Dao, Maria Carlota. Akkermansia muciniphila and improved metabolic health during a dietary intervention in obesity: relationship with gut microbiome richness and ecology. Gut, 2016

Wang, Y. Suplementos Probióticos: Esperança ou Hype? Front. Microbiol., 2020

Szajewska, H. Probiotic Bacterial and Fungal Strains: Claims with Evidence. Digestive Diseases, 2016.

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