Mitos e verdades sobre os efeitos do kefir

Postado em 22 de abril de 2019 | Autor: Redação Nutritotal

Ele pode ser congelado? Intolerantes à lactose podem consumi-lo? Veja algumas das principais dúvidas sobre o probiótico

O kefir pode ser uma excelente opção para quem procura um substituto com potencial probiótico para leites e iogurtes. Versátil até para ser usado em receitas, ele também pode trazer benefícios para a saúde do intestino. Isso se deve por conta das numerosas espécies bacterianas que estão nele, e que demonstram alta resistência ao baixo pH e sais biliares presentes no intestino, e são capazes de aderir ao muco intestinal.

Segundo a nutricionista Beatriz Ferreira, a microbiota presente no kefir pode produzir substâncias que potencialmente contribuem para a melhoria da saúde intestinal. “O kefir despertou interesse na comunidade científica devido às suas propriedades benéficas para as bactérias boas que vivem no intestino, melhorando a digestão e a tolerância à lactose, além de seus efeitos antibacterianos, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios e atividades antialérgicas”, afirma a especialista.

Para o dia a dia, o kefir pode fazer parte das refeições intermediárias, sendo consumido puro ou batido com frutas, mas é possível preparar variações, como transformá-lo em um iogurte mais denso, em coalhada ou em queijo – e inclui-lo nessas diversas formas em receitas variadas.

A seguir, a nutricionista responde alguns mitos e verdades acerca desse potente probiótico.

5 informações sobre o kefir

A bebida probiótica oferece uma série de benefícios ao organismo, mas nem tudo o que se ouve por aí é verdade

Kefir

Dá para cultivar o kefir no leite ou na água | Imagem: Shutterstock

Kefir só faz bem para a saúde do intestino

Mito. Estudos recentes exploraram diversos efeitos benéficos fornecidos pelo kefir e descobriram que eles podem ir muito além do trato gastrointestinal. Beatriz cita uma lista de exemplos que inclui uma pele mais saudável, melhora do eczema, combate à dermatite atópica, ajuda contra queimaduras, melhora na cicatrização e rejuvenescimento. Vale lembrar que quando falamos de saúde da pele, alguns estudos utilizam a aplicação tópica do kefir. Ainda, se discute a necessidade de mais estudos em humanos para comprovar esses outros benefícios.

Pode congelá-lo

Verdade.Para congelar seu kefir, basta colocar uma pequena quantidade de grãos de kefir em um recipiente de vidro e cobrir com um pouco de leite. As bactérias resistem à temperatura e ficam adormecidas. Para descongelar, você deve deixar o kefir em temperatura ambiente e trocar o leite de 12 em 12 horas.

Kefir não pega contaminação externa

Mito. A nutricionista ressalta que, durante a preparação, a higiene é fundamental. “Atenção deve ser dada ao kefir de água, pelo risco de contaminação por fungo, se o açúcar mascavo não for corretamente armazenado ou tiver contato com muita umidade”, alerta.

Nem todo mundo pode consumi-lo

Verdade. Beatriz diz que há contraindicação para indivíduos que estejam com o sistema imunológico debilitado (imunodeficiência, AIDS e outras condições), uma vez que possuem maior probabilidade de desenvolver infecções pelas bactérias ou leveduras presentes no produto. Portanto, recomenda-se seguir orientação especializada e individualizada.

Intolerantes à lactose podem consumir kefir

Parcialmente verdade. A lactose do leite diminui com o processo de fermentação. Além disso, bactérias presentes no kefir convertem glicose em ácido láctico. “Neste contexto, o kefir é uma boa opção para indivíduos intolerantes à lactose. Mas a atenção deve ser dada quando a intolerância for severa, pois mesmo com a redução de lactose por causa da fermentação, o kefir pode causar sintomas”, conclui.

O conhecimento detalhado da composição do kefir ainda precisa ser mais explorado. Fora isso, a forma que ele é “preparado” pode influenciar a sua composição e consequentemente os benefícios à saúde associados ao seu consumo. Questões como métodos de produção de kefir, tempo e temperatura de fermentação, tipo de leite utilizado, origem dos grãos, proporção entre grãos e leite e, por fim, o tempo de resfriamento do produto após fermentação podem influenciar os processos de composição do produto final.

 

Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.

Referências bibliográficas:

Beatriz Ferreira é nutricionista com especialização em Nutrição Clínica, Nutrição Clínica em Pediatria, Transtornos Alimentares e Nutrição Esportiva. Mestranda do Laboratório de Nutrição e Cirurgia Metabólica do Aparelho Digestivo (METANUTRI – LIM 35) do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Rosa, DD, Dias MMS, Grzes´kowiak LM et al. Milk kefir: nutritional, microbiological and health benefits. Nutrition Research Reviews, 2017.

Golowczyc MA, Gugliada MJ, Hollmann A, et al. Characterization of homofermentative lactobacilli isolated from kefir grains: potential use as probiotic. J Dairy Res, 2008.

Silva KR, Rodrigues SA, Filho LX, et al. Antimicrobial activity of broth fermented with kefir grains. Appl Biochem Biotechnol, 2009.

Xie N, Zhou T & Li B. Kefir yeasts enhance probiotic potentials of Lactobacillus paracasei H9: the positive effects of coaggregation between the two strains. Food Res Int, 2012.

Lew LC & Liong MT.  Bioactives from probiotics for dermal health: functions and benefits. J Appl Microbiol, 2013.

Assadi M M, Pourahmad R, Moazami N. Use of isolated kefir starter cultures in kefir production. World J. Microbiol. Biotechnol, 2000.

Assine nossa newsletter: