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Qualidade da proteína vegana é tão importante quanto quantidade

qualidade proteína vegana

Em virtude da ausência de determinados alimentos, alguns nutrientes precisam ser monitorados na dieta vegana, tal como a ingestão proteica. Neste sentido, uma recente pesquisa suíça sugere que além da quantidade, a qualidade da proteína vegana também precisa ser alvo de atenção. Vamos entender isso melhor?

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Fonte: Shutterstock

Veganismo e ingestão de proteína

Em uma dieta totalmente vegetal, o perfil de aminoácidos essenciais dos alimentos pode não estar de acordo com as necessidades nutricionais humanas.  Além disso, a presença de fatores antinutricionais (como os fitatos) dificulta a digestibilidade das proteínas vegetais.

Desse modo, é indispensável que proteínas de alta qualidade estejam presentes no padrão alimentar do indivíduo vegano.

 

Mas como medir a qualidade de uma proteína?

Em primeiro lugar, a qualidade proteica indica até que ponto uma fonte de proteína ou uma dieta atende à demanda metabólica de aminoácidos e nitrogênio. Assim, ela nos informa se a proteína é de fato usada de forma eficiente pelo organismo.

Para estimar a qualidade da proteína, dois fatores são considerados: o conteúdo de aminoácidos essenciais e a digestibilidade (quantidade absorvidas pelo trato digestivo).

O método mais comum para avaliar a qualidade proteica é o “Protein Digestibility-Corrected Amino Acid Score” (PDCAAS). Contudo, este método apresenta algumas limitações. Portanto, o “Digestible Indispensable Amino Acid Score” (DIAAS) foi proposto em 2011 como uma estratégia aprimorada.

 

A Dieta EAT-Lancet foi utilizada como base

A pesquisa analisada se propôs investigar a qualidade da proteína de uma dieta vegana. Para isso, alguns menus da dieta EAT-Lancet foram usados ​​como exemplos. Proposta em 2019 pela Comissão EAT-Lancet, a dieta é constituída em grande parte por alimentos à base de plantas, podendo também ser adaptada para dietas vegetarianas estritas.

O estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de proteína das dietas em duas situações:

  1. Cardápio LQ: quando apenas proteínas vegetais de “baixa” qualidade são consumidas (amêndoas, grão de bico, feijão preto, pão e macarrão integral, etc);
  2. Cardápio HQ: quando mescla-se proteínas vegetais de “baixa” qualidade àquelas de “alta” qualidade (soja, lentilhas, tofu, quinoa, etc).

Os cardápios foram concebidos para um homem suíço vegano saudável com 78 kg, 30 anos, nível moderado de atividade física e uma necessidade energética de 2500 kcal/dia.  Assim, para cada situação (LQ ou HQ) foi construído um plano alimentar de 2 dias, descrito na tabela abaixo.

Dia 1 LQ (LQ1) Dia 1 HQ (HQ1)
Café da manhã Mingau de maçã com bebida de amêndoas Mingau de maçã com bebida de soja
Lanche 1 Biscoito com pasta de feijão Biscoito com tofu
Almoço Pizza vegana Pizza vegana
Lanche 2 Amendoim tostada e pêra Amendoim tostada e pêra
Jantar Grão de bico cozido e salada Lentilha cozida e salada
Dia 2 LQ (LQ2) Dia 2 HQ (HQ2)
Café da manhã Pão com pasta de amendoim e banana Pão com pasta de amendoim e banana
Lanche 1 Pão com hommus (pasta de grão de bico) Biscoito de quinoa com patê de ervilha e manjericão
Almoço Tacos com cogumelos Tacos com cogumelos
Lanche 2 Chips de milho com guacamole Chips de lentilha com guacamole
Jantar Salada de macarrão com ervilha Tofu marinado com arroz integral

 

As recomendações de aminoácidos essenciais foram atingidas

Em relação ao perfil de aminoácidos essenciais das dietas analisadas, todos os cardápios cumpriram a ingestão recomendada para adultos. Além disso, os aminoácidos triptofano e tripsina foram consumidos em excesso.

A única exceção foi o aminoácido lisina, que nos cardápios de LQ2 e HQ2 não atingiu o valor recomendado.

Nota-se que  maioria dos aminoácidos essenciais estavam presentes em maior quantidade para os cardápios HQ, o que já era de se esperar.

 

Qualidade da dieta é maior quando há proteínas de alta qualidade

De todos os cardápios analisados, o melhor em termos de qualidade protéica foi o menu de HQ1, em ambos os métodos aplicados (PDCAAS e DIAAS).

O único padrão alimentar com baixa qualidade proteica foi em LQ2. Comparando LQ2 com HQ2, a qualidade de proteínas na dieta foi 17% maior pelo método DIAAS e 19% maior pelo método PDCAAS.

Os demais cardápios (HQ1, HQ2 e LQ1) apresentaram uma boa qualidade de proteínas na dieta. Desse modo, os resultados indicam que é plenamente possível seguir uma dieta vegana com uma boa ingestão proteica. No entanto, atentar-se para a qualidade das proteínas é fundamental.

 

Conclusão

A dieta EAT-Lancet em versão vegana pode, de fato, fornecer uma boa qualidade de proteína. Contudo, é importante que as origens alimentares destas proteínas sejam diversificadas ao longo do dia, atentando-se para a qualidade da fonte alimentar, e não apenas para a quantidade recomendada.

Neste sentido, os autores reafirmam a importância do desenvolvimento de diretrizes e outras ferramentas que os nutricionistas possam usar para transferir esses achados para a prática.

 

Leia também:

Guia de Nutrição Vegana para Adultos

Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para Adultos

Guia SVB – Alimentação Vegetariana para crianças e adolescentes 

 

Referência:

ROJAS CONZUELO, Zaray et al. Protein quality changes of vegan day menus with different plant protein source compositions. Nutrients, v. 14, n. 5, p. 1088, 2022.

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