Dieta com baixa carga glicêmica modula marcadores inflamatórios e metabólitos associados às doenças crônicas

Postado em 26 de agosto de 2019 | Autor: Michelle G. Barone

Padrão alimentar de baixa carga glicêmica trouxe alterações positivas de vias metabólicas relacionadas à inflamação e metabolismo energético

Estudo randomizado, controlado, crossover teve como objetivo avaliar os efeitos da carga glicêmica sobre os biomarcadores de suscetibilidade a doenças crônicas, como, por exemplo, marcadores de inflamação sistêmica e resistência à insulina.

80 indivíduos saudáveis, não fumantes, entre 18 e 45 anos foram subdivididos em grupos para receberem duas dietas controladas, com quantidades calóricas semelhantes, sendo uma dieta de baixa carga glicêmica caracterizada por grãos integrais, legumes, frutas, nozes e sementes (CGB) ou uma dieta de alta carga glicêmica, rica em grãos refinados e açúcares adicionados (CGA). As dietas foram seguidas por 28 dias, com um período de washout também de 28 dias. Antes das intervenções, foram coletados dados antropométricos, incluindo altura, peso, e composição corporal, e foram aplicados questionários para avaliação de características demográficas, prática de atividade física e histórico médico. Amostras de sangue foram coletadas no início e após as 2 intervenções  para avaliação das concentrações de PCR, glicose, insulina, e cálculo de HOMA-IR. Análises metabolômicas também foram realizadas

Na análise univariada, 18 dos 121 metabólitos foram estatisticamente diferentes entre as dietas CGB e CGA, sendo as maiores variações relacionadas à concentração de melatonina (menor após a dieta CGB) e inositol (maior após a dieta CGB). O metabolismo do triptofano diferiu entre as duas dietas. Dos 6 metabólitos medidos, o triptofano e a melatonina foram estatisticamente inferiores após a dieta CGB na análise univariada, e o xanturenato foi significativamente menor após a dieta CGB entre indivíduos com maior adiposidade. Outros trabalhos discutiram que concentrações mais altas de metabólitos do triptofano estão associadas à inflamação, e o presente estudo verificou que quinurenina e melatonina foram associadas positivamente às concentrações de PCR, o que significa que a dieta CGB pode estar associada a melhora de parâmetros inflamatórios.

Aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs) estão associados à resistência à insulina, e os autores verificaram que as concentração de Valina e Isoleucina foram  maiores após dieta CGB e estatisticamente associadas ao HOMA-IR plasmático (p <0,004), o que  significa que a dieta CGB pode estar associada a melhora de resistência à insulina.

Os autores concluíram que a adoção de um padrão alimentar de baixa carga glicêmica caracterizado por grãos integrais e outros alimentos vegetais minimamente processados  resultou em alterações positivas de diversas  vias metabólicas relacionadas à inflamação e metabolismo energético. Essa análise reforça a necessidade de entendermos os efeitos sinérgicos entre os componentes da dieta, e não a ação dos compostos individuais, para conseguirmos entender as respostas fisiológicas e bioquímicas e os resultados de saúde associado à adoção de diferentes dietas.

Referência:

Navarro SL, et al. Plasma metabolomics profiles suggest beneficial effects of a low-glycemic load dietary pattern on inflammation and energy metabolism. Am J Clin Nutr. 2019 Aug 20.

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