Entenda como funcionam os sintomas, diagnóstico e tratamento desses pacientes | Post patrocinado
O leite é um dos alimentos mais importantes em nossa dieta, especialmente em algumas fases da vida, como na infância, adolescência e gravidez. A bebida é rica em proteínas, gorduras, vitaminas, cálcio, ferro e minerais, além de conter lactose. Esse açúcar, praticamente exclusivo do leite, aliado a outros componentes pode funcionar como um prebiótico, capaz de prevenir infecções e ajudar na formação do sistema imune e do sistema nervoso central. Para completar, existem várias bactérias com características probióticas que também fazem parte da composição do leite, em especial as bifidobactérias e os lactobacilos.
Mas apesar de tantos benefícios, não é todo mundo que digere bem o alimento. Por mais que a base da nossa nutrição nos primeiros meses de vida seja composta pelo leite materno, em quase dois terços da população do planeta existe deficiência da produção de lactase, enzima que quebra a lactose após os primeiros anos. A seguir, entenda mais sobre esse problema que pode ter a má digestão entre os primeiros sintomas.
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Lactase em ação
A lactase tem a capacidade de dividir a lactose em duas partes: a glicose e a galactose. Na ausência dessa enzima, a lactose não digerida não será absorvida, virando substrato para micro-organismos intestinais, que podem então fermentá-la.
A produção da lactase começa a ser notada a partir da oitava semana de gestação, atingindo seu pico no momento do nascimento. Depois de alguns meses de vida, sua atividade já começa a diminuir em pacientes geneticamente predispostos. Vale ressaltar que a presença de cerca de 50% de atividade dessa enzima seria suficiente para uma digestão adequada.
Como saber que não digiro bem a lactose?
A má digestão da lactose pode ocorrer nas seguintes situações:
- Quando há deficiência natural de lactase. É um fenômeno muito raro, em que os sintomas se desencadeiam assim que o recém-nascido começa a ser amamentado.
- Quando há falta de lactase, em razão da ausência de partes de um gene chamado LCT.
- Quando há uma lesão causada por outra doença, como a doença celíaca ou Crohn, por exemplo, onde a lactase é perdida.
A má digestão pode ou não acarretar intolerância, dependendo da quantidade de lactose consumida (usualmente são toleradas pequenas quantidades, até 5 g por dose), da adaptação da microbiota do intestino e se a lactose é ingerida como produto único ou junto com outros alimentos sem lactose.
O excesso de lactose pode gerar diarreia, e sua fermentação, se for excessiva, pode causar gases. Esse processo fermentativo pode ser maior ou menor, dependendo do número de bactérias presentes e do tipo de gás produzido, provocando diarreia ou constipação, além de cólicas, distensão e flatulência excessiva.
A alteração da microbiota em relação à lactose em excesso pode causar disbiose, ou seja, um desequilíbrio nas bactérias do intestino, que pode modificar o eixo cérebro-intestinal, gerando também sintomas como alteração do sono, enxaqueca, dor nas articulações, entre outros. Os sintomas podem aparecer horas após o consumo da lactose.
Diagnóstico
Como os sintomas podem demorar para aparecer e há o fato de a lactose poder estar presente em vários produtos que não são derivados do leite, o diagnóstico dessa intolerância pode ser difícil.
Para identificar a presença da intolerância à lactose, o profissional de saúde leva em conta fatores como histórico clínico do paciente, etnia (existem relatos de que quase 100% dos japoneses não digerem lactose), além de exames como teste respiratório com hidrogênio expirado, biópsias, pesquisa genética e, o mais utilizado, teste sanguíneo. Neste último, após a ingestão de dose padrão de lactose, é avaliada a elevação da glicemia obtida, que, quando inferior a 20 mg/100 mL, indica má digestão. Havendo sintomas, o diagnóstico de intolerância pode ser feito.
Tratamento
Para tratar o quadro, o paciente deve riscar da dieta o consumo de produtos com lactose. Mas é preciso ir com calma: sem as substituições adequadas, pode haver deficiências nutricionais. Vitaminas do complexo B, ferro, cálcio e vitamina D são alguns dos nutrientes provenientes do leite que podem ficar em falta no organismo quando a ingestão da bebida é cessada. O alerta vale especialmente para crianças em idade de crescimento, adolescentes e mulheres grávidas.
Como resolver então? Podem ser inseridos na alimentação derivados lácteos sem lactose. Hoje no mercado há disponível uma variedade de produtos com essa restrição. O profissional de saúde que faz o acompanhamento do paciente também pode indicar antibióticos se houver supercrescimento bacteriano, ou uma suplementação com probióticos. Em casos de disbiose, a correção desse desequilíbrio pode ser obtida com a suplementação desses micro-organismos, em especial os Lactobacilli.
Com o tratamento adequado, o paciente pode manter sua qualidade de vida e continuar aproveitando os benefícios que os alimentos oferecem. E há também uma série de receitas sem lactose que podem diversificar a dieta com muito sabor! Confira algumas delas, indicadas por nutricionistas, aqui.
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Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
Por Dr. Ricardo C. Barbuti, médico assistente doutor do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP)
Referências bibliográficas:
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