Câncer de próstata: como deve ser a alimentação do paciente?

Postado em 4 de novembro de 2022 | Autor: Redação Nutritotal

Veja mitos e verdades acerca da nutrição como prevenção à doença

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata é o mais comum entre os homens, representando mais de 29% dos cânceres. Considerado o principal tumor relacionado ao envelhecimento masculino, são vários os fatores que aumentam o risco da doença, incluindo a alimentação. Por isso, investir desde cedo em uma alimentação adequada desde cedo parece afastar o risco de o tumor aparecer.

No entanto, é importante nos atentarmos acerca das fake news que costumam ser compartilhadas nas redes sociais e aplicativos de mensagem e que dizem respeito à incidência de câncer de próstata, seu diagnóstico e tratamento. Então, convidamos o Dr. Maurício Verotti, médico urologista, para esclarecer algumas das principais dúvidas sobre o assunto.

 

Quais são os fatores de risco para o câncer de próstata?

O Dr Maurício destaca que o câncer de próstata é uma doença do envelhecimento masculino e, dessa forma, o primeiro fator de risco é idade. Antecedente familiar da doença, obesidade e raça negra também podem ser considerados como fatores de riscos.

E se há fatores de risco, o médico também cita aqueles de proteção. Logo, a adesão a uma dieta mediterrânea e redução do consumo de alimentos processados, embutidos e gordura de origem animal, com exceção ao óleo de peixe, que é protetor, podem proteger contra o aparecimento da doença.

 

Como é feito o diagnóstico?

Esse tipo de câncer é silencioso e os sintomas (dores ósseas em decorrência de metástases, anemia, perda de peso, dificuldade para urinar e sangramentos urinários) só aparece nas fases avançadas da doença, lembra o médico.

Portanto, é imprescindível a realização de rastreamento periódico, através ao exame físico (toque retal pela proximidade da glândula com o reto) e dosagem de PSA (exame de sangue), visando a detecção precoce.

O diagnóstico é estabelecido por biópsia, solicitada mediante suspeita clínica e, em alguns casos, é solicitado também o exame de ressonância magnética.

 

E com deve ser o tratamento do câncer de próstata?

Segundo o Dr. Maurício, o tratamento dependerá da análise de aspectos relacionados a agressividade do tumor, condições de saúde, idade, preferências e possibilidades do paciente após explicação detalhada sobre riscos e benefícios.

Segundo ele, tumores de baixa agressividade devem receber vigilância ativa com acompanhamento clinico, repetição de biopsias e indicação de cirurgia ou radioterapia, em segundo momento caso necessário, uma vez que a “janela terapêutica” dessa condição é ampla.

A radioterapia, frequentemente associada a administração de hormônios, e a cirurgia são modalidades com vistas a cura do câncer de próstata, no entanto, possuem riscos e benefícios que devem ser discutidos.

Atualmente, a indicação de cirurgia minimamente invasiva, com utilização de plataforma robótica, pode ser viável, tornando o pós-operatório mais confortável, com recuperação funcional mais rápida e retorno mais precoce às atividades cotidianas.

O médico urologista lembra que a disfunção de ereção após o tratamento pode ocorrer em alguns pacientes, mas não em todos, assim como perdas urinárias são frequentes logo após a cirurgia, mas não representa problema significativo para a maioria dos pacientes a médio- longo prazo.

 

Câncer de próstata: mitos e verdades

Para saber o que é mito e o que é verdade, listamos alguns deles a seguir, confira:

Homem sorrindo sentado à mesa comendo prato cheio de legumes, que faz parte de uma alimentação adequada para prevenir e tratar o câncer de próstata.

A nutrição pode ajudar a prevenir o câncer de próstata | Imagem: Shutterstock

Comer mais tomate pode afastar o risco de ter câncer de próstata

Parcialmente verdade. O tomate é rico em licopeno, responsável por dar o tom avermelhado ao fruto. E, segundo um estudo feito pela McGill University (Canadá), o consumo dessa substância pode desempenhar um importante papel na prevenção do câncer de próstata.

No entanto, os pesquisadores ressaltam que o efeito é modesto e restrito à ingestão de grandes quantidades de tomate. Além disso, o Dr Maurício Verotti lembra que a ação do licopeno depende da cocção do tomate, estando presente no molho da fruta.

Consumir vegetais crucíferos pode ajudar a prevenir o câncer de próstata

Verdade. Vegetais crucíferos como a couve-flor, a couve de Bruxelas e o brócolis possuem compostos chamados glucosinolatos que, de acordo com um estudo divulgado pelo Journal of the National Cancer Institute, são capazes de proteger as células do corpo contra danos no DNA, podendo até inibir a proliferação celular do câncer de próstata.

Leite e derivados são indicados para prevenir a doença

Mito. Os laticínios podem, na verdade, provocar o aumento do risco do câncer de próstata, segundo um estudo da Universidade Tufts (EUA). De acordo com os cientistas, a alta ingestão de laticínios e de cálcio pode estar associada a um pequeno aumento no risco de câncer de próstata.

É preferível comer peixe ao invés de carne bovina para prevenir o câncer

Verdade. Um estudo divulgado pela Universidade de Harvard (EUA) encontrou uma redução no risco de câncer de próstata em homens que consumiram peixe três vezes por semana. Em contrapartida, a carne vermelha cozida em altas temperaturas pode produzir agentes considerados cancerígenos, segundo outro estudo divulgado pelo periódico Carcinogenesis.

Uma dieta rica em gorduras saturadas não possui relação com o aumento do risco de câncer de próstata

Mito. Uma pesquisa feita no Northern California Cancer Center (EUA) apontou em seus resultados que a alta ingestão de gorduras pode aumentar o risco de tumores agressivos da próstata em homens mais velhos.

Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.

Colunista convidado:

Dr. Mauricio Verotti

Médico formado pela USP e urologista pela FMABC. É membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia desde 2006 e membro internacional da Associação Americana de Urologia desde 2014.

 

Instituto Nacional de Câncer, 2019.

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