A quercetina é definida como um composto flavonóide polifenólico, amplamente encontrado na natureza. No entanto, este composto não é produzido pelo corpo humano. Logo, sua obtenção se dá exclusivamente através da dieta, ou através da suplementação.
Neste artigo, separamos os principais benefícios da quercetina que vêm sendo estudados pela ciência na atualidade. Confira!
Quais os alimentos ricos em quercetina?
A quercetina é responsável por cerca de 75% do total de flavonoides na ingestão alimentar, e está presente em abundância nas frutas e vegetais.
Os alimentos mais ricos em quercetina são:
No entanto, a biodisponibilidade oral da quercetina é muito baixa. Por isso, seu uso em forma de suplementos dietéticos vêm ganhando força nos últimos anos, em forma de complexos mais biodisponíveis.
Quais os benefícios da quercetina?
A quercetina possui um vasto número de propriedades farmacológicas. A maior destas propriedades está relacionada à sua capacidade de eliminação de radicais livres e atividade antioxidante. Veja alguns dos benefícios da quercetina a seguir.
Funciona como um antioxidante
Devido ao grupo hidroxila presente em sua estrutura química, a quercetina é capaz de atuar como um composto antioxidante, eliminador de radicais livres (tais como peróxido de hidrogênio, superóxido e radicais hidroxila).
Dentre os mecanismos antioxidantes da quercetina, pode-se citar:
- Regulação dos níveis de GH, o hormônio do crescimento;
- Efeitos em vias de transdução de sinal, evitando o desenvolvimento de doenças;
- Remoção de espécies reativas de oxigênio, resistindo a danos oxidativos (como danos respiratórios e lesões cutâneas por UVB ou radiação).
Efeitos anti-inflamatórios
As atividades anti-inflamatórias da quercetina devem-se principalmente à sua função de inibir os efeitos de citocinas pró-inflamatórias como IL-6, TNF-α e IL-1β, inibindo a atividade do fator de transcrição nuclear kappa B (NF-kB). Além disso, ela também diminui a ação de mediadores inflamatórios como catalase e óxido nítrico.
Todos esses efeitos tornam a quercetina uma grande aliada da prevenção e/ou tratamento de diversas doenças relacionadas à inflamação, tais como diabetes e obesidade.
Tratamento da diabetes
Com suas atividades antioxidantes, anti-inflamatórias, hipoglicemiantes e hipolipidêmicas, a quercetina é conhecida por estar envolvida no tratamento do diabetes mellitus tipo 2.
Vários estudos in vivo sugerem que a sua ingestão em uma faixa de 15 a 100 mg/kg/d, por 14 a 70 dias, traz benefícios no tratamento do diabetes.
E como a quercetina atua para gerar seus efeitos hipoglicemiantes e antidiabéticos? Isso se dá por meio da atenuação da lesão das células β-pancreáticas, produtoras de insulina, e do aumento da captação de glicose no músculo esquelético (pela ativação da AMPK e da regulação positiva do GLUT4).
Controle da obesidade
Pesquisas têm demonstrado que o consumo de quercetina pode ter papéis no controle da obesidade e outras doenças relacionadas.
Em um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, a administração de 100 mg/dia de quercetina em indivíduos com obesidade reduziu a gordura corporal total e o índice de massa corporal (IMC) após 12 semanas.
Os mecanismos propostos para essa ação envolvem a supressão da adipogênese (pela ativação da AMPK e a regulação de proteínas quinases).
Atua contra doenças cardiovasculares
Com base em sua atividade antioxidante, a quercetina tem um efeito terapêutico em doenças cardiovasculares. Os mecanismos da quercetina sugeridos para prevenção e tratamento de tais enfermidades são os seguintes:
- Atenuação da superprodução de espécies reativas de oxigênio;
- Normalização de lipídios séricos (colesterol, LDL e HDL);
- Processos anti-inflamatórios e anti-apoptose que protegem contra lesões do miocárdio;
- Inibição da atividade de ECA (sendo que a super ativação do sistema renina-angiotensina causa disfunção cardiovascular);
- Atenuação da pressão arterial via melhora da função vascular.
Esses prováveis benefícios vêm sendo investigados pela ciência. Por exemplo, em uma pesquisa com 24 pacientes de hipercolesterolemia leve, o consumo de 100 ml de suco de cebola rico em quercetina, por 8 semanas, foi capaz de atenuar os níveis de colesterol total, LDL e HDL.
Já em outro estudo, 500 mg/kg de quercetina por 5 semanas diminui a pressão arterial sistólica de mulheres diabéticas.
Efeitos anti-câncer
A quercetina tem sido usada na prevenção e no tratamento de vários tipos de câncer, como de pulmão, próstata, fígado, mama, pele, cólon e câncer cervical. Suas propriedades anticancerígenas incluem:
- Inibição da lipoxigenase (enzima que metaboliza ácidos graxos poliinsaturados – PUFA);
- Modulação de marcadores de estresse oxidativo e enzimas antioxidantes;
- Redução da proliferação tumoral;
- Indução de apoptose e da autofagia;
- Inibição de eventos mitóticos;
- Inibição da metástase.
No câncer colorretal, por exemplo, a quercetina exibe suas funções quimioprotetoras ao interromper o ciclo celular, por meio da modulação dos receptores de estrogênio e regulação das vias de sinalização.
Função neuroprotetora
Estudos mostram que a quercetina possivelmente exerce um efeito positivo sobre o sistema nervoso central. Embora tenha baixa biodisponibilidade, ela pode passar pela barreira hematoencefálica devido à sua natureza lipofílica, exercendo uma função neuroprotetora.
No Alzheimer, por exemplo, a administração de quercetina provou ser benéfica para melhorar a eficiência do aprendizado e da memória.
O processo neuroinflamatório é suprimido pela quercetina, pois ela regula negativamente as citocinas pró-inflamatórias, e assim estimula a regeneração de neurônios. Além disso, o composto reduz a peroxidação lipídica, e, portanto, previne o dano oxidativo dos neurônios.
Conclusão
A quercetina é um flavonóide abundante em frutas e vegetais, com diversos benefícios para a saúde. Com propriedades antioxidantes e antiinflamatórias, sua aplicação na prevenção e tratamento de doenças como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares vem demonstrando grande potencial.
Leia também:
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