E veja como isso pode afetar os hábitos de veganos e vegetarianos
Você já deve ter lido aqui no Nutritotal que o consumo de carne bovina em excesso pode estar ligado ao risco de doenças do coração. Mas agora a ciência apontou indícios de que vegetarianos correm mais risco de ter infarto.
A revelação veio de um novo estudo publicado pelo British Medical Journal. O trabalho sugere que os vegetarianos podem ter maiores taxas de derrame hemorrágico do que quem come peixes ou carne moderadamente.
Além disso, a pesquisa apontou que vegetarianos e pacientes que consumiam peixe apresentaram diminuição do risco de cardiopatia isquêmica (incluindo infarto agudo do miocárdio), enquanto vegetarianos mostraram aumento no risco de AVC (total e hemorrágico). Porém, é importante ressaltar que os autores discutem que esse resultado vai contra os resultados apresentados por outros artigos e que isso pode ser justificado pela presença de outros fatores alimentares associados à falta de consumo de alimentos animais.
Vegetarianos x risco de infarto: o que dizem os nutricionistas?
De acordo com a nutricionista Iara Waitzberg Lewinski, em primeiro lugar, é necessário enfatizar que uma dieta vegetariana ou uma dieta onívora (com carne), por si só, não remete à saúde nem à doença. “É preciso que a dieta seja adequada e bem planejada para ofertar todos os nutrientes necessários à saúde do ser humano”, explica.
De maneira geral, uma dieta vegetariana (e ainda mais a vegana) bem orientada favorece a saúde do coração pelo fato de conter poucas gorduras saturadas. Na dieta vegana, esses alimentos são praticamente ausentes (a não ser pelo consumo esporádico de coco). Já na dieta vegetariana, irá depender do grau de consumo de ovos, leite e derivados, que são alimentos fontes de colesterol e gordura saturada.
“Pessoas que aderem a dieta vegetariana ou vegana acabam comendo grande quantidade de frutas e hortaliças. Esses alimentos são fontes de compostos bioativos e fitoesteróis (substância similar ao colesterol), que têm efeito positivo na prevenção de doenças coronarianas, assim como os grãos, cereais e leguminosas”, Iara Waitzberg Lewinski, nutricionista
A nutricionista diz ainda que é preciso observar que todo o estilo de vida do indivíduo deve ser levado em conta, e não somente sua dieta. Ou seja, a prática de exercícios físicos, o nível de estresse, a qualidade de sono e fatores genéticos também devem ser considerados na hora de calcular o risco de uma doença do coração.
Por isso, ao analisar o estudo, deve-se observar bem como o mesmo foi conduzido. “Grande parte dos estudos científicos concluem que a dieta vegetariana e vegana são benéficas de maneira geral ao nosso organismo. Mas, como sempre na ciência, devemos analisar os dois lados da moeda”, pondera Iara.
Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
Referência bibliográfica:
Iara Waitzberg Lewinski é nutricionista do comitê científico Nutritotal, coordenadora do consultório de nutrição do Ganep Nutrição Humana. Formada pela Universidade São Camilo – São Paulo. Especializações em Fisiologia do Exercício – Unifesp, Nutrição Esportiva – Ganep, Nutrição da Criança e do Adolescente – IcR – HCFMUSP e Metabologia e Avaliação de Exames Laboratoriais – Dr. Eric Slywitch.
Tong T. et al. Risks of ischaemic heart disease and stroke in meat eaters, fish eaters, and vegetarians over 18 years of follow-up: results from the prospective EPIC-Oxford study. BMJ, 2019.