Talvez na escola, na faculdade ou em uma palestra você já deve ter escutado o termo “pegada de carbono”, mas afinal, o que é isso? Você pode não imaginar, mas até o que você come pode deixar algumas ou muitas pegadas de carbono por aí.
O que é a pegada de carbono?
A pegada de carbono é uma forma de mensurar a quantidade de gases de efeito estufa, principalmente o gás carbônico (CO2), que são liberados na atmosfera a partir de alguma atividade humana ou de algum produto, como por exemplo, a nossa comida.
Só para retomar alguns conceitos e você não ficar perdido e querer continuar lendo esse texto, a atmosfera é uma camada de gases que envolve a Terra. Ela nos protege de raios solares nocivos, regula a temperatura do planeta e permite a respiração dos seres que vivem aqui.
E o efeito estufa é um processo natural que garante a vida na Terra, evitando a dissipação de todos os raios de Sol e do frio intenso que impediria a sobrevivência e manutenção de qualquer espécie, seja animal ou vegetal, nesse planeta.
Com o excesso de gás carbônico e de outros gases de efeito estufa na atmosfera o calor do Sol é retido mais do que o ideal, provocando o aquecimento global e resultando em mudanças climáticas, como o aumento das temperaturas e as catástrofes naturais que temos visto.
A medida da pegada ajuda, então, a entender quão impactantes podem ser as nossas escolhas e ações no meio ambiente, e os efeitos delas nas mudanças climáticas.
O que a comida tem a ver com a pegada de carbono?
Da mesma forma que os carros e a nossa respiração liberam gás carbônico, toda a cadeia produtiva de um alimento gera impactos ambientais. Seja com a derrubada de árvores para criar áreas de pasto, com o uso de maquinários na agricultura ou mesmo com o caminhãozinho do agricultor que leva suas verduras à feira mais próxima de sua plantação.
Em todas as etapas, da terra à mesa, o caminho dos alimentos pode gerar gases de efeito estufa, mas, alguns mais e outros menos. E é aqui que está o auge desse conteúdo.
Alguns estudos investigaram o impacto da dieta brasileira na pegada de carbono e identificaram informações importantes, confira:
- A pegada de carbono média da dieta brasileira foi estimada em 4.489g CO2 equivalente / pessoa / dia – esse número, comparado a outros países, coloca a alimentação brasileira na categoria de impacto intermediário, estando 30% acima do ideal para conter o aumento da temperatura média do planeta.
- As maiores pegadas de carbono da dieta brasileira foram encontradas nas regiões Norte e Centro-Oeste – que, entre outras causas, apresentam um consumo superior de carne bovina, um alimento de alto impacto ambiental pelo consumo de água, uso do solo e emissão de gás metano (gás gerado pelos animais ruminantes).
- Ao fazer refeições fora de casa, os brasileiros deixam mais pegadas de carbono – isso pode ser explicado pelo alto consumo de alimentos ultraprocessados fora de casa e pelo baixo consumo de vegetais.
Como reduzir a pegada de carbono da alimentação
Agora que você sabe como sua alimentação pode impactar o meio ambiente e contribuir para, ou até agravar, as mudanças climáticas, deve querer saber como pode reduzir esses prejuízos. Então, vamos lá!
Como muitas pesquisas já foram feitas sobre esse assunto, alguns consensos sobre como reduzir a pegada de carbono na alimentação já foram esclarecidos, entre eles estão:
- Reduzir o desperdício de alimentos.
- Diminuir o consumo de carne, especialmente de animais ruminantes, como vaca e ovelha.
- Aumentar o consumo de alimentos de origem vegetal.
- Optar por alimentos conservados em embalagens biodegradáveis ou sem embalagens.
- Dar preferência a alimentos locais, evitando o consumo de alimentos importados.
- Consumir uma dieta equilibrada, sem excessos.
- Planejar espaços como hortas comunitárias e de reaproveitamento de lixo orgânico, como composteiras.
Essas são algumas estratégias pensadas para reduzir a pegada de carbono na nossa alimentação, o que acha de considerá-las? A sua e as próximas gerações podem se beneficiar muito das boas e conscientes escolhas que fazemos hoje.
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*Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.
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Referências
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Hase Ueta, M., Tanaka, J., Marchioni, D.M.L. et al. Food sustainability in a context of inequalities: meat consumption changes in Brazil (2008–2017). Environ Dev Sustain 26, 6377–6391 (2024). https://doi.org/10.1007/s10668-023-02967-x
H. Nabipour Afrouzi, J. Ahmed, B. Mobin Siddique, N. Khairuddin, Ateeb Hassan, A comprehensive review on carbon footprint of regular diet and ways to improving lowered emissions, Results in Engineering, Volume 18, 2023, 101054, ISSN 2590-1230, https://doi.org/10.1016/j.rineng.2023.101054.
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Nutricionista formada pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Experiência profissional em controle de qualidade. Foi vice-presidente da Nutri Jr. USP. Assistente de Projetos em Nutrição no Nutritotal PRO, Nutritotal Para Todos e Ganep Educação.