Dieta sustentável: entenda o porquê diminuir a carne e comer mais vegetais

Postado em 7 de julho de 2023

Aprenda a aplicar a sustentabilidade no seu dia-a-dia, a partir da sua alimentação.

Você já parou para pensar no impacto que suas escolhas alimentares têm no meio ambiente? A verdade é que nossa alimentação tem uma relação direta com a sustentabilidade do planeta. Uma dieta sustentável, além de proteger nossa saúde, também protege o futuro das próximas gerações.

Neste artigo, a nutricionista Alessandra Luglio, diretora do departamento de saúde e nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), desvenda os segredos de uma dieta sustentável. Confira a seguir!

Dieta Sustentável

Foto: shutterstock.com

As consequências da carne para o meio ambiente

O que comemos e como produzimos os alimentos têm um impacto direto no meio ambiente, e os alimentos de origem animal trazem os maiores impactos negativos.

Um dos grandes problemas que enfrentamos para cuidar do meio ambiente é a forma como produzimos alimentos atualmente. O sistema agrícola que utilizamos é focado em plantações únicas, criação intensiva de animais e produção em grande escala, sem levar em conta o impacto que isso causa no meio ambiente e nos problemas sociais relacionados.

A pecuária, por exemplo, é uma das principais causadoras de danos ao meio ambiente, como desmatamento e degradação ambiental. É preciso utilizar vastas áreas de terra para produzir alimentos vegetais para os animais.

Além disso, cerca de 70% da água doce disponível é usada na pecuária. O uso de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos também polui a água, o que é um problema sério. Além disso, há o uso excessivo de recursos naturais e energia.

Como resultado de tudo isso, contribuímos significativamente para a crise climática global. Isso acarreta em eventos climáticos extremos, como inundações, secas, aumento das temperaturas e tempestades.

Além dos impactos para o meio ambiente, a produção animal também contribui para maiores problemas de saúde, como obesidade, diabetes, pressão alta, câncer, dentre outros. Isso afeta especialmente as pessoas de baixa renda, com menos acesso a recursos.

Mas qual seria a solução para estas questões?

Dieta sustentável: o papel dos alimentos vegetais

Uma maneira de fazer a diferença para o meio ambiente é fazer escolhas alimentares conscientes, pensando tanto na nossa saúde quanto no impacto no planeta. Essas escolhas não só ajudam a combater as mudanças climáticas e reduzir a emissão de gases que causam o efeito estufa, como também podem nos proteger de doenças relacionadas à alimentação.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), uma dieta sustentável é aquela que tem pouco impacto ambiental, garante que as pessoas tenham alimentos suficientes e nutritivos, e também promove a nossa saúde.

Então, o que se deve ter em uma dieta sustentável? Vamos lá:

  • Proteger a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas;
  • Usar de forma inteligente os recursos naturais e humanos;
  • Ser adequada às diferentes culturas e fornecer os nutrientes que nosso corpo precisa;
  • Ser acessível para todas as pessoas.

Isso significa que uma dieta sustentável deve dar prioridade aos alimentos vegetais, como leguminosas (feijão, lentilha), frutas, verduras, legumes, sementes e cereais integrais. Ao mesmo tempo, é importante reduzir ou até eliminar o consumo de alimentos de origem animal, como carnes e laticínios.

Essas escolhas têm um impacto menor no meio ambiente, reduzindo as emissões de gases que contribuem para o aquecimento global, além de estarem associadas a um menor risco de desenvolvimento de doenças.

Viu só como pequenas mudanças na nossa alimentação podem fazer uma grande diferença para o nosso planeta e para a nossa saúde?

Como fazer uma dieta sustentável na prática?

Agora que entendemos a importância de adotar uma dieta sustentável, surge a pergunta: como colocar isso em prática no nosso dia a dia? Algumas dicas são:

1) Comece devagar: você pode escolher um ou dois dias da semana para fazer refeições vegetarianas, e ir aumentando gradualmente conforme se sentir confortável. Pode ser útil começar pelos dias em que você já consome menos carne.

2) Tire o protagonismo da carne: experimente montar pratos em que a carne não seja a protagonista. Ao preparar suas refeições, faça dos vegetais o centro das atenções. Cozinhe-os de maneiras diferentes, como assados, grelhados, refogados ou em sopas e molhos.

3) Faça substituições criativas: em vez de carne, experimente substitutos vegetais, como tofu, hambúrgueres e almôndegas vegetarianos, e outros produtos plant-based. Eles estão cada vez mais disponíveis e podem ser uma opção saborosa para refeições rápidas e fáceis. Também existem alternativas vegetais para laticínios, como leites vegetais, iogurtes e queijos à base de plantas.

4) Aposte em receitas vegetarianas: explore receitas vegetarianas e veganas para descobrir pratos saborosos e nutritivos. Há uma infinidade de opções deliciosas!

5) Incremente suas refeições com leguminosas: feijões, lentilhas, grão-de-bico e ervilhas são ótimas fontes de proteína vegetal e podem ser utilizados como acompanhamentos, sopas, saladas, e muito mais.

6) Experimente mais! Explore a variedade de frutas, verduras, sementes e cereais disponíveis. Acrescente-os nas saladas, lanches, vitaminas, ou o que preferir. Opte principalmente pelos alimentos da época. Se possível, opte pelos alimentos orgânicos e agroecológicos.

Considerações finais

Promover uma dieta global sustentável é um desafio, mas não é impossível. Todos nós podemos contribuir para essa causa, fazendo pequenas mudanças em nossa alimentação diária e causando um impacto coletivo.

Ao adotar práticas simples, como tirar a carne do prato em uma das refeições, você estará contribuindo para a preservação do meio ambiente e a promoção de uma alimentação mais saudável.

Se você gostou deste artigo, leia também:

Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.

Colunista:

Alessandra Luglio

Nutricionista formada pela Universidade de São Paulo em 1996. Extensão em Economia Circular na Berkley University – CA/USA. Diretora do departamento de saúde e nutrição da Sociedade vegetariana Brasileira. Embaixadora e colaboradora da área de nutrição da SeaShepherd Brasil.  Fundadora da Ale Luglio Nutrição, empresa que presta consultoria para empresas da área de alimentos atuando na área de marketing nutricional, pesquisa, desenvolvimento e aprimoramento de perfil nutricional de produtos e cardápios. Co-coordenadora e professora de cursos de pós-graduações em nutrição vegetariana. Palestrante na área de nutrição consciente, esporte, vegetarianismo e sustentabilidade, economia circular e ESG. Organizadora de eventos proprietários de imersão em saúde, cadeias produtivas, sustentabilidade e ESG.

Referências:

  1. FAO and WHO. 2019. Sustainable healthy diets – Guiding principles. Rome
  2. Food in the Anthropocene: the EAT-Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems. Lancet. 2019;393(10170):447-92.
  3. Laine, Jessica E et al. Co-benefits from sustainable dietary shifts for population and environmental health: an assessment from a large European cohort study. v5, 11, E786-E796. Novembro.2021. doi.org/10.1016/ S2542-5196(21)00250-3

Parceiro:

Assine nossa newsletter: