A vitamina E é um antioxidante solúvel em gorduras que desempenha papel fundamental na prevenção de situações em que ocorre o chamado estresse oxidativo.
Além de sua atividade antioxidante, a vitamina E também previne alguns tipos de anemia e sua deficiência provoca sintomas neurológicos (neuropatia periférica), fraqueza muscular, dano na retina levando à perda de visão, infertilidade e demência.
Ela também está associada a funções imunológicas e ao controle da inflamação e tem sido usada como tratamento auxiliar na prevenção de alguns tipos de câncer, na melhora dos sintomas da doença de Alzheimer e em algumas lesões do fígado.
Alimentação em dia
Essa vitamina é exclusivamente obtida pela dieta, ou seja, o organismo humano não consegue produzi-la. A disponibilidade no organismo da vitamina E é influenciada por fatores não modificáveis (sexo, idade e constituição genética) e modificáveis (estilo de vida e ingestão de vitamina E).
Embora a vitamina E ocorra de várias formas e em diferentes proporções nos alimentos, as principais fontes alimentares dela são óleos vegetais comestíveis. Pelo menos metade do teor de tocoferol de óleo de germe de trigo, de girassol, de algodão, de açafrão, de canola e azeite de oliva está na forma de alfa-tocoferol (vitamina E).
Outras fontes dietéticas que fornecem vitamina E incluem grãos de cereais não processados, nozes, vegetais verdes e carnes, especialmente a porção gordurosa. A escolha criteriosa de cardápios contendo esses alimentos permite consumos diários adequados de vitamina E. A tabela abaixo mostra a quantidade dela em alguns alimentos.
Alimento (100 g) | Vitamina E (mg) |
Óleo de girassol | 51 mg |
Óleo de milho | 21 mg |
Óleo de canola | 21 mg |
Óleo de oliva | 12 mg |
Castanha do Brasil | 7 mg |
Nozes | 2 mg |
Acelga | 2 mg |
Para as crianças
As necessidade de vitamina E foram recentemente revisadas, com base na concentração no sangue de alfa-tocoferol, para a população com idade mínima de 14 anos, portanto, excluindo infância e gravidez, o resultado foi uma recomendação diária mínima de 15 mg.
A ingestão adequada para bebês até 6 meses de idade foi estimada em 4 mg/dia e entre 7 e 12 meses, de 5 mg. Esses valores foram extrapolados dos valores adultos, contabilizando a massa muscular e a velocidade de crescimento da criança. A tabela abaixo mostra as necessidades diárias para todas as faixas etárias.
Idade | Ingestão diária de vitamina E |
0 a 6 meses | 4 mg |
7 a 12 meses | 5 mg |
1 a 3 anos | 6 mg |
4 a 8 anos | 7 mg |
9 a 13 anos | 11 mg |
14 a 18 anos | 15 mg |
Gravidez | 15 mg |
Lactação | 19 mg |
Observação: essas recomendações visam a prevenção de deficiências sintomáticas
Deficiência de vitamina E
A deficiência de vitamina E é mais comum em crianças do que em adultos. Ela é atribuída principalmente ao rápido crescimento, juntamente com estoques limitados na infância, permitindo que os sintomas de deficiência se tornem aparentes.
A ingestão inadequada de vitamina E em crianças têm potenciais malefícios à saúde, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e doenças hepáticas. A deficiência nem sempre é uma questão de má ingestão alimentar, pois várias doenças que levam à má absorção de gorduras e condições de estresse oxidativo predispõem as crianças e os adultos à deficiência dessa vitamina.
Exemplos de deficiência franca de vitamina E devido à baixa ingestão alimentar incluem crianças com desnutrição grave. Crianças com fibrose cística (doença genética crônica que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo) têm risco aumentado de deficiência de vitamina E.
O leite materno oferta quantidades adequadas dessa vitamina, portanto, o aleitamento materno sob livre demanda é fator protetor contra a deficiência de vitamina E. Caso a lactente não esteja em aleitamento materno, as fórmulas infantis são acrescidas de vitamina E para evitar a sua deficiência.
Na alimentação complementar, uma atenção especial deve ser dada à incorporação de alimentos fontes de vitamina E (sementes e óleos vegetais) para evitar sua deficiência.
*Mário Cícero Falcão é doutor em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Professor colaborador do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista em Pediatria com área de atuação em Nutrologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria e em Nutrição Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN). É também médico da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP.
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