A síndrome metabólica é uma condição caracterizada por uma série de sinais clínicos e bioquímicos que têm uma relação íntima com o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis. Estudos apresentam que a síndrome metabólica pode começar na infância e na vida adulta desencadear comorbidades como diabetes e doenças cardiovasculares.
Ela se desenvolve por fatores genéticos e inflamatórios, geralmente ocasionados pela dieta do indivíduo. O padrão dietético ocidental, por exemplo, têm como base alimentos com alto teor de gorduras e açúcares e está associado ao aumento de marcadores inflamatórios como TNFα, proteína C-reativa e moléculas de adesão.
Um índice de inflamação da dieta foi desenvolvido em 2009 para analisar os efeitos de macro e micronutrientes na inflamação dos indivíduos. Ele foi atualizado em 2014 e possibilita a avaliação do potencial pro ou anti-inflamatório da alimentação a partir de um escore. Quanto maior o escore, mais pro-inflamatória é a alimentação.
Entretanto, a maioria dos estudos realizados até o momento avalia a relação da dieta inflamatória com a síndrome metabólica somente em adultos. Considerando a carência de pesquisas com pacientes pediátricos e o impacto a longo prazo da síndrome metabólica na infância, uma pesquisa se propôs a avaliar se dietas com escores pro-inflamatórios poderiam também estar associadas à síndrome metabólica em crianças e adolescentes.
Banco de dados NHANES
Para essa análise, os pesquisadores utilizaram o banco de dados da Base Nacional de Exames de Saúde e Nutrição (NHANES), coletados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e Centro Nacional de Estatísticas em Saúde (NCHS), nos EUA. Os resultados desses exames foram coletados em visitas domiciliares em que foram realizados exames físicos, medições especializadas e exames laboratoriais.
A pesquisa sobre síndrome metabólica usou os dados de 5.656 crianças e jovens com idade entre 12 e 19 anos que participaram de um dos nove ciclos do NHANES entre 2001 e 2018. Para o cálculo do escore de inflamação da dieta, foram utilizadas as informações de recordatórios de 24h.
Resultados
Após as análises, os jovens foram divididos em 4 quartis, sendo o primeiro o que apresentava maiores escores no índice de inflamação da dieta (< −1.95) e o quarto os menores valores (> = −0.79). As crianças e adolescentes do menor quartil demonstraram uma associação entre a dieta inflamatória e o aumento de chances de ter pressão alta.
Nos outros 3 quartis não foram observadas relações entre o escore da dieta inflamatória e o risco de terem condições clínicas associadas à síndrome metabólica, como circunferência de cintura aumentada, baixo HDL, triglicérides alto e glicemia plasmática de jejum elevada.
Conclusão
Os achados dessa pesquisa permitem compreender que nas crianças e adolescentes a dieta com características mais inflamatórias também pode contribuir para piores resultados de saúde como o aumento da pressão arterial. Com isso, percebe-se a necessidade de atenção dos profissionais de saúde na alimentação que pode prevenir futuros adultos doentes.
Outras associações, no entanto, ainda não puderam ser observadas e estabelecidas entre dieta pro-inflamatória e risco de síndrome metabólica.
Referência
Jia, G., Wu, CC. & Su, CH. Dietary inflammatory index and metabolic syndrome in US children and adolescents: evidence from NHANES 2001–2018. Nutr Metab (Lond) 19, 39 (2022). https://doi.org/10.1186/s12986-022-00673-5
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